A história da politicagem de Ipirá despencou de vez; virou
uma grande farsa. Uma única família vai abocanhar a prefeitura sem muito
esforço, sem muita escaramuça, mas de boa, com base na astúcia. No pacote
embrulhado e amarrado vem a candidatura da esposa do deputado Jurandy Oliveira
e a candidatura do sobrinho do deputado Jurandy Oliveira. Chova ou faça sol vai
dar a família Oliveira.
Os mais jovens não tiveram a desventura de vivenciarem uma
coisa tenebrosa, que assustava e inquietava uma juventude inteira. Dois clubes
sociais: o Caboronga e o Ipiracy. Quem frequentava o Clube Caboronga não entrava
no Clube Ipiracy e vice-versa. Prevalecia a mão-de-ferro. O povão não entrava
em nenhum dos dois, seu rala-bucho era no mercado de farinha.
A população estava ferrada e dominada. Três famílias formavam
a elite política que controlava o povo por meio do chicote e da opressão. A
autoridade do coronel era absoluta e inquestionável. A autoridade da justiça
ficou conhecida e falada; ‘eu te entrego à Justiça do Camisão’ era a sentença fatídica.
A autoridade da batina e da cruz amedrontava o povo, ninguém queria ir para o
inferno, muito menos ter ‘pata com o diabo’ mesmo recebendo uma panela de
dinheiro. A autoridade da polícia torturava na calada da noite; triste da ‘mulher
de vida fácil’ que morava no Tanque de Santana, que era ficante no coió de Anália,
que era precisamente um cabaré decente, que teve as mãos inchadas por bolos de
palmatória, por usar uma mini saia e ainda ficou falada na rádio Globo do Rio
de Janeiro. ‘Triste Ipirá! O quão dessemelhante.’
Essa coisa maldita, perversa e cruel era a essência do sistema
jacu e macaco, a sua face obscura, que tinha por base de sustentação a fazenda
de gado humano, o tal do curral eleitoral: o proprietário, o vaqueiro, o gado
humano ferrado, batizado e dominado. Aqui pra gente, esse sistema jacu e macaco
já deu o que tinha que dá! Embora ainda, prevaleça moribundo atrás do poder
municipal, sem querer desaparecer. Que vá logo para o inferno.
O sistema jacu e macaco criou um monstro que está devorando
seus atuais e legítimos representantes. Os últimos líderes do sistema jacu e
macaco, Luiz Carlos Martins e Antônio Colonnezi estão num mato sem cachorro, perderam
as rédeas e o registro da chefatura. São os últimos chefes do pedaço. Não conseguem
manter o status quo.
Não é mais como antigamente. Para manter a fazenda humana
dominada e controlada dá muito trabalho e ficou custosa demais; custa os olhos
da cara.
Com uma brutal mercantilização, o dinheiro foi ganhando
espaço, aceitação e força como moeda de troca, toma lá dá cá; passando a ser o
grande e maior paradigma, até mesmo suplantando a consulta grátis. A medicina
já não dá o prestígio dantes, doravante a consulta paga com dinheiro apaga, sufoca
e enterra a consulta grátis paga com voto.
A UPA, o SUS com atendimento amplo, geral e irrestrito, além
de gratuito, tirou a força, o prestigio e a performance do médico-líder, que optou
pela cobrança da consulta.
O clientelismo necessário para manter o poder ficou caro. Até
mesmo o líder-médico passou a dançar essa música. Para alcançar o poder político
tem que ter dinheiro. Agora um comerciante rico pode ser mais forte do que um
médico remediado.
Com a prefeitura existem muitas facilidades; sem a prefeitura,
são obrigados a meter a mão no bolso para sustentar uma malandragem que possui
um grande trânsito e influência dentro do sistema. Os líderes não são bestas,
nem bobos. Continuar sendo donos e proprietários de fazendas de votos custa muita
grana e grande sacrifício. Muitas vezes não vale a pena, nem compensa para os
médicos. O eleitorado de Ipirá ficou amarrado nesse novo mourão.
A politicagem de Ipirá naufraga em mar revolto. O sistema
jacu e macaco já deu o que tinha que dá; está saturado, superado e empacado. Não
consegue responder as demandas do município e da população. O sistema vive uma crise
profunda e irreversível. Uma crise de liderança.
Seus líderes estão degringolando e sem poder de autoafirmação.
A liderança do macaco Antônio Colonnezi ficou estrangulada e amarga uma posição
coadjuvante, não exerce mais o protagonismo anterior, não viaja mais na janela
da frente, saiu do comando, foi ultrapassada pela máquina possante do chefete Dudy,
que tem como motorista o ex-prefeito Dió.
A liderança do jacu Luiz Carlos Martins está se afogando numa
bacia de lavar o rosto. Sem recursos financeiros largos para bancar uma campanha
competitiva; órfão do governo do estado e com dificuldades políticas para manter
uma candidatura da família Martins na cabeça; sem conseguir formar uma coalizão
que favoreça à possibilidade de tomada do poder; balançou a roseira e entregou
o cabedal de treze mil votos ao primeiro aventureiro que bateu na sua porta. Está
se afogando agarrado num tronco que não dá mais fruto.
O vereador Deteval Brandão cantou a pedra: ‘já foi e caiu de
maduro!’ O vereador é o maior defensor do que ele chama de Nova Política. Aí, falam
em Antônio Colonnezi para vice-prefeito de Tiago. Oxente! Que desgraceira é
essa na estrada de Feira?
Não era o Novo? Que Novo é esse? Um Novo que não consegue se
livrar da tradição. Que está preso ao passado como a um fantasma maldito que
não larga o osso, do qual não consegue se livrar, se desgarrar. Um Novo que
chega amarrado pelo pescoço e germina num pau de fuso querendo ser uma
melancia. Um Novo que não consegue se desvencilhar, se soltar, se desgarrar da
sua própria sombra. Que Nova Política é essa?
Que Novo é esse? Que não consegue se sair do velho e antigo
parceiro; nem mesmo desfazer o casamento, parece que não existe divórcio do macaco.
Isso é farinha do mesmo saco.
Sabe por que é farinha do mesmo saco? Porque não consegue atender
à reivindicação da federação que quer Renê na vice, preferindo um antigo membro
da velha política, que eles dizem não querer aproximação.
Que Política Nova é essa? Que dispensa a ex-vereadora Paula
de Enedino da vice, afirmando que ela não é de confiança plena? Oxente, seu Novo!
Explique aí porque Antônio Colonnezi é merecedor de plena confiança, se o homem
esteve com a mala e a cuia no bagageiro da jacuzada! Explica isso ai, cara!
Na verdade, o tal do Novo não consegue se desligar da antiga liderança
tradicional macaca nem a pau. Esse tal do Novo é um grande, velho e antigo
blefe, que não consegue se desvencilhar de sua própria assombração, a velha e
morfa caricatura de macaco, que sucumbe por não ter resposta para os
verdadeiros problemas do município de Ipirá. Que Nova Política da desgraça é
essa?
O sistema jacu e macaco desgastou-se, sem saída, ruiu. O que
prevalece hoje na política de Ipirá? Um porquinho de barro para poupar moedas. Num
mês, vinte milhões de reais; num ano, duzentos e quarenta milhões de reais; em
um mandato, um bilhão de reais.
O porquinho de barro ficou gravido e virou o
cofre da prefeitura, abarrotado de milhões. Quem vai tomar conta dessa grana? A
família Oliveira agradece ao seu voto. Esse será o resumo da farsa. Esse será o
resultado da farsa política. A montanha pariu um rato assustado.
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