quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

A MODERNIDADE QUE MORDE

Posse de Trump. Um chapéu, um nariz e uma boca. Primeira-dama. Chapéu na linha de corte dos olhos. Um tapa-olhos. Um olhar sem horizonte, para baixo, mirando os pés. Um nariz para cheirar, metálico-plastificado; filtrando, aquecendo e umidificando o ar nosso de cada dia; sem meleca. Uma boca, em português, Mela, melada, lambuzada. Nia cuida desta besta-fera.

 

Rio do Peixe. Silencioso. Um supersônico corta o ar deixando um rastro de fumaça. Uma linha aérea São Paulo / Fortaleza / Estados Unidos. Na modernidade, uma prova de alta tecnologia.

 

Rio do Peixe. Na caatinga. Um caçador, uma espingarda e um cachorro. Na Era da Modernidade. Caçando camaleão para comer. Pós-chuva. O camaleão sai para esquentar o Sol. Um caçador. Dono do mato, dos bichos e da vida. Cautelosamente e discretamente, para não perder a viagem. O cachorro avança. Abocanha minha ovelha. Uma bocada que esfrangalhou e escangalhou minha ovelha. Tá certo isso?

 

Ipirá. Na era da caça. Um sujeito chamado Sabiá adentrava na cidade, caminhando e se achando o bom da boca; cachorro ao lado, uma espingarda e o cinturão lotado de caça. Em volta da cintura, parecia uma saia bordada de perdiz e codorna. Cerca de quase quatrocentas caças. O sujeito não errava um tiro. Ele e outros mais. Fizeram uma limpa. No município de Ipirá raramente encontra-se uma perdiz e uma codorna. Só no susto.

 

Ipirá da modernidade. Volto a clamar: SENHOR CAÇADOR! Deixe a caatinga do Rio do Peixe na sua calmaria e venha catar camaleão na Praça da Bandeira, que tem um rebanho de camaleão dando sopa. Venha que o prefeito Thiago Oliveira não se incomoda, não! Aqui, na Praça da Bandeira, os filhotes de camaleão, descem das árvores e os gatos imóveis, olhares fixos e determinados estão na espreita. É natureza contra natureza.

 

Senhor caçador! O senhor é esperto, não deixa rastro como o supersônico. Pense bem, seu caçador! Do jeito que o senhor é bom caçador, o senhor não vai deixar um camaleão, teiú, tatu no nosso município; aí faço-lhe uma consideração e uma pergunta: o senhor exterminando todas as caças, o senhor vai comer o quê?

 

O caçador não produz alimento, simplesmente é um coletor. Quando ele exterminar o que ele retira da natureza, ele vai se alimentar de quê? A natureza não repõe com brevidade. Aí o caçador do Rio do Peixe vai regredir e ter um atraso na vida. Sem camaleão vai ter que comer ensopado de calango, moqueca de calango e calango assado, até virar uma besta-fera.

 

Chovendo no molhado. Terra encharcada. Uma máquina da prefeitura de nosso município atolada. Outra vai socorrê-la. Duas máquinas atoladas. Uma terceira máquina para retirar as duas. Três máquinas atoladas. Com o atoleiro, um eleitor-macaco diz que as crateras do calçamento da rua onde mora o ex-prefeito Marcelo Brandão só serão consertadas no próximo ano. Uma simples opinião de um macaco.

 

O secretário da Infra (Darlan) já agendou e a prefeitura já tapou os buracos da rua que não é do ex-prefeito MB, simplesmente, um ilustre morador. A macacada já tapou os buracos de rua e os buracos das contas do ex-prefeito MB. Tem nada mais meloso e prestativo que macaco? Enquanto isso, o macaco-besta fica preocupado em perseguir o ex-prefeito MB. Na chuva, a água molha as duas mãos.

 

Meu caro, leitor! Observe bem o meu comentário. Eu venho comentando sobre um tripé que atrasa e atrofia o setor produtivo rural no município de Ipirá: cachorro, ladrão e cachorro.

 

Ipirá. Um município pequeno (grande territorialmente) de quase 60 mil habitantes, basicamente se sustenta com os recursos de transferência constitucionais e voluntárias: o Fundo de Participação dos Municípios FPM e as cotas do ICMS e a maioria de sua população sobrevive de aposentadorias e repasses das políticas públicas no Brasil, como o Bolsa-Família. Como progredir um município nessas condições?

 

Garantindo o desenvolvimento do setor produtivo rural, que está esquecido e negligenciado pelo poder público municipal, que não consegue implantar, programar e consolidar um setor de venda de animais em Ipirá, de maneira que progrida e deslanche, para ser a base de sustentação do comércio urbano que se estabelece de forma bem-vista e crescente em Ipirá.

 

Não podemos viver da caça e com a imensa população de cachorro-vampiro que assola nossa região. Algo tem que ser feito pela prefeitura, pela justiça. Ipirá tem que produzir para se autossustentar e garantir a existência e a sobrevivência de seu comércio urbano. A produção de um município é a base que sustenta o comércio e da prestação de serviços desse município. O chapéu que ‘tapa-olhos’ não permite ver o horizonte.
 

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