Vamos começar nossa
postagem de hoje com uma fábula que fala de duas ilhas e um rio. Ela inicia da
seguinte forma: “era uma vez, um lugar bem na curva que vai para o fim do
mundo, que tinha um rio e duas ilhas, uma chamava-se Ninho do Jacu e a outra
Toca do Macaco.”
O leitor atento vai
logo dizendo: “vai ficar nisso, jacu prá lá e macaco prá cá? Que coisa mais
monótona! Bota pimenta nisso.” É verdade, o leitor tem razão, vou tentar
dinamizar mais essa coisa, colocando alguns bichos nessa parada.
Um escorpião apareceu,
ninguém sabe de onde e como, na ilha Ninho do Jacu, na qual foi muito bem
recebido e habitou neste local por muito tempo. Depois de certo tempo, passou a
atacar os ninhos dos jacus, na base do ferrão. Logo após, mudou-se para a ilha
Toca dos Macacos levando consigo ninhadas de filhotes de jacus.
Fez um estrago medonho.
A ilha Ninho dos Jacus nunca mais foi a mesma. A jacuzada que era dona, que
mandava e desmandava na ilha ficou espatifada e desorientada, tendo perdas
significativas de poder. Em 25 anos, perdeu 21 e ainda está atordoada.
Na ilha Toca dos
Macacos havia um sapo que, certo dia, pensou em visitar a ilha Ninho dos Jacus.
Sabendo disso, o escorpião prontificou-se para acompanhá-lo até a outra ilha
atravessando o rio. O sapo inchou de ar e pensou: “hum, aí tem coisa!”, mas não
se fez de rogado e aceitou que o escorpião fosse nas suas costas. No meio do
rio o escorpião murmurou no seu ouvido: “a escolha do pré é agora; não se veta
o nome de la Ele; unidade é conosco e não convosco; temos que ajudar o nosso
governo e não falar da saúde atual.” Aí sentou a ripa e tome-lhe ferrão. É a
natureza! O escorpião não se salvou ao liquidar o sapo. Ambos morreram.
O ex-prefeito Dió deu
um xeque-mate no líder Antônio Colonnezi. O Dió dizia que era loucura antecipar
a campanha eleitoral ano e meio, mas incendiou as primárias dentro da macacada.
Lançou um nome, porque o líder Antônio Colonnezi tinha lançado o seu, ao tempo,
que criticou o líder por falar do atual governo da macacada. Esticou a corda,
vamos ver quem tem mais força.
Não duvide, Ipirá vive
uma crise de lideranças sem precedentes. Isso tem uma raiz cúbica de difícil
solução devido à prática do PT no governo da Bahia. Quando o petismo que
governa a Bahia desconhece e não considera a liderança local, dando preferência
ao deputado e ao prefeito de plantão, isso tirou o crédito de Antônio Colonnezi
como líder e, na medida em que não era e não foi mais prefeito no nosso
município, caiu sua cotação na bolsa petista.
Sendo a macacada um
grupo pulverizado, o Dudy na condição de prefeito veio para a cabeça da pule,
naturalmente, com o apoio de algum estrategista que atua com desenvoltura nas
alcovas dos bastidores, que é onde tudo se define, com quatro gatos pingados. O
povão da macacada é massa de manobra. O prefeito Dudy está com a mão na taça,
só falta botar a coroa na cabeça.
Do outro lado da moeda
está a jacuzada, que não tem tempo mole. Estou procurando um comparativo para
enquadrar a jacuzada, que seria mais ou menos o seguinte: no meio da caatinga,
sol à pino, um calor insuportável; o catingueiro está à procura urgente de uma
sombra e se entocou embaixo de uma árvore frondosa; ao lado, estava um mandacaru.
Por que ele não foi para o mandacaru? Tem espinho e não tem sombra. Assim está
a jacuzada.
O pior troço que o
sujeito pode fazer em Ipirá é se encostar na jacuzada: não tem presidente; não
tem governador e não tem prefeito municipal. Vai dá o quê?
Quando os seis
vereadores da jacuzada estiveram na boca da bigorna para perderem os mandatos,
o líder da jacuzada não moveu um palito, não deu um picolé. Os vereadores se
viraram e salvaram os seus mandatos. O líder da jacuzada não deu nem parabéns.
Essas lideranças só olham para o próprio umbigo. Na hora do aperto, convém certa
distância, porque tem a despesa do processo, que poderá cair nas suas costas e
bolsos. Assim, atua a liderança.
A jacuzada fez sua
grande aposta na última eleição. Correta por sinal. Apoiou ACM Neto para
governador; vitorioso, o líder Luiz Carlos Martins seria o candidato do grupo à
prefeitura de Ipirá. Mas, deu no que deu, ACM Neto perdeu uma eleição ganha. O
cara tinha 65% a 5%; esnobou prá cima de Zé Ronaldo; colocou a vice que quis;
queria ser negão de qualquer jeito através do bronzeamento artificial; sendo ‘um
almofadinha do litoral’, que olha com desdém para o interiorano, acabou
recebendo o troco. Hoje, ninguém é besta e terminou perdendo. A próxima Eleição
para governador vai ter que chupar osso de cachorro doente para ver como a vida
é dura.
Essa derrota deixou a
jacuzada no mato sem cachorro. O líder Luiz Carlos Martins não seria mais
candidato. Partir para o enfrentamento de tomada do poder, com a candidatura do
ex-prefeito Marcelo Brandão seria malhar em ferro frio. O ex-prefeito sofreu
uma derrota aniquilante e humilhante de mais de seis mil votos, isso foi uma
mensagem clara do povo de Ipirá. Ficar querendo uma comparação desta gestão com
a sua gestão é querer que o povo de Ipirá pense com a cabeça do dedão do pé. Já
foi, teve sua chance e não passou no teste, foi reprovado pelo povo de Ipirá.
Se meter a cara toma uma rebombada de dez mil votos. Duvidas? Mete a cara!
Uma das causas do grupo
da jacuzada encontrar-se nessa situação deve-se à administração do ex-prefeito
Marcelo Brandão. Em grande dificuldade, o líder Luiz Carlos Martins cogita a
pré-candidatura de Joan do Posto São João. Um bom nome; é uma pessoa séria e
decente. Mas nesse esquema jacu e macaco que levou Ipirá ao caos, uma
candidatura dessa vai entrar de gaiato, numa festa que não é sua. Isso aí é
samba atravessado.
Onde eu quero chegar?
Eu quero que você entenda que Ipirá vive uma crise de liderança. Só tem um
jeito de salvaguardar as lideranças de Luiz Carlos Martins e Antônio Colonnezi:
se um fosse candidato da jacuzada e o outro da macacada. Isso pode acontecer?
Não acontece porque ninguém quer e aceita isso novamente. Estou mentindo? A
crise é de liderança e não de grupo. Eles querem que continuem os grupos (jacu
e macaco), mas com esses líderes só de fachada, só no nome, sem uma penetração
real e efetiva de mando no poder municipal. Isso aconteceu na gestão do
ex-prefeito Marcelo Brandão e está acontecendo na gestão do prefeito Dudy.
É um novo momento. Não
cabe mais aquela política tensionada e cheia de ódio do século passado, quando
o macaco não entrava no Clube Caboronga e o jacu não entrava no Clube Ipiraci.
Já foi! E ninguém vai conseguir trazer isso de volta. Não se consegue mais
líder como antigamente, na base do “um manda e todos obedecem”. Por isso a
crise de líderes em Ipirá é uma coisa pulsante. A polarização não é do líder
tal contra o outro líder. A polarização é entre grupos (jacu x macaco).
Na macacada isso
aflorou mais cedo, agora os filhotes querem o pescoço do chefe. Na jacuzada,
por ser um grupo mais fechado, que palpita em torno da família Martins isso
retardou um pouco, mas vai acontecer mais cedo ou mais tarde. Luiz Carlos
Martins tem muito menos força de liderança do que o pai. Mas, essa é a natureza
dos tempos atuais.
O grupo jacu mandou em
Ipirá por mais de meio século. Na última década ganhou uma eleição e perdeu
quatro. O grupo tem um patamar de treze mil votos. O grupo da macacada está na
casa dos dezenove mil votos. Evidente, que nada disso é imutável. Mas, quantas
eleições a jacuzada perderá para retomar o poder? Quantas aguentará perder? Tem
resiliência para perder, até quando? Tudo tem um limite e o tempo é um fator
implacável nesta questão.
O grupo jacu não tem
poder de atração, neste momento. Se permanecer enxuto e fechado na sua bolha
não logrará êxito e poderá ter baixas na sua base eleitoral. Sem ter como
oxigenar o grupo perderá a próxima Eleição municipal em 2024. Ninguém será
escada para alavancar a jacuzada, simplesmente porque ela é aristocrática, tem
tradição e navega sem rumo no maremoto da politicagem. Ninguém pegará em alça
de caixão!
Dentro da sua agonia a
jacuzada não tem saída; mas fora, talvez encontre uma brecha. Na química da
composição política, se for receptivo para ser um bom recipiente poderá contar
com um elemento químico de grande potencial para sua projeção: Ni ou Ne, Pela
primeira vez, a jacuzada teria uma mulher na cabeça de chapa. Mudaria o slogan
“é ELA e não La ELE.”
Dentro da família não
tem futuro. Dentro de casa poderá lançar a candidatura do vereador Divanilson
na cabeça e o vereador Jaildo na vice e será uma chapa competitiva na batalha
política. Isso daria um fôlego à liderança de Luiz Carlos dentro da jacuzada. E
para o líder Antonio Colonnezi a sua influência no lançamento de uma chapa com
Jaildo na cabeça e Divanilson na vice revigoraria a sua predominância na
liderança no grupo da macacada.
Reflitam! A polarização
política na conjuntura atual do Brasil é entre a esquerda e a direita.
Bolsonaro ficou inelegível tomando 5 a 2 no TSE. Esse placar de 5 a 2 remete ao
placar do jogo Brasil x Suécia, quando o Brasil ganhou o seu primeiro caneco,
graças à elegância de Didi no meio de campo; à capacidade de drible de
Garrincha e à genialidade de Pelé. Essas lideranças de Ipirá estão em declínio,
só manterão o bastão de líder se tiverem a elegância, a capacidade e a
genialidade que os capacitem a dar a volta por cima, num momento muita agonia.
A liderança que se colocar acima do limite
nefasto de seu grupo (jacu ou macaco); que visualizar uma Ipirá mais aberta e
democrática, distanciando-se do ranço do jacu e macaco poderá sobreviver num
patamar mais elevado. Dentro do seu grupo, terá que botar a ordem e o respeito
do século XX. Uma tarefa quase impossível. Estamos na terceira década do século
XXI. Continuaremos essa matéria na próxima postagem.
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