É DE ROSCA. (65)
Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Querendo
imitar Malhação, que não acaba nunca, sempre criando uma fase nova, agora é a
fase do artista prefeito Dydudy.
Capítulo 65 (mês de
outubro 2019)(atraso de quase dois anos)
(um por mês)
Em Ipirá foi
formado um pool com a mídia local: três rádios FM, dois sites e uma dúzia de
carros de som, inclusive com a participação do ‘Boy estourado’, para a maior e
mais esperada entrevista já ocorrida em nossa terra, com live aberta e a programação
do sorteio de um Camaro amarelo para os ouvintes e uma banda (porrada) no pé da
orelha de quem, por acaso, não assistir esta entrevista.
Pergunta do repórter: - Seu Frigo! O senhor...
- Pode parar! Se você errar meu nome novamente, eu acabo essa entrevista agora mesmo. Meu nome é Matadouro de Ipirá. Mate o homem, mas não erre o nome. Não vai acontecer entrevista nenhuma se você não mantiver o devido respeito para com minha pessoa.
- Eu peço desculpa, seu Matadouro de Ipirá! Eu afirmo que isso não vai acontecer novamente. Mas, seu Matadouro de Ipirá, não me leve a mal, eu tenho uma pergunta que não pode faltar: por que esse apelido de seu Frigo?
- Isso foi coisa do
ex-prefeito Marcelão, que mim botou esse apelido para o povo esquecer o verdadeiro
matadouro que eu sou, como se eu deixasse de existir; agora não é mais
matadouro é frigorífico, na cabeça dele. Vê lá se uma coisa dessa pode acontecer? Isso é botar
minhoca na boca de cachorro dizendo que é lingüiça.
- Seu Matadouro de
Ipirá, o senhor vai ou não vai trabalhar um dia na vida? Diga a verdade -
perguntou o repórter.
- É mais fácil
galinha botar ovo de ema do que eu trabalhar nesta terra. É uma questão de
impedimento que não tem satanás que dê jeito. É, simplesmente, por causa de um
embargo técnico que ninguém faz questão de lembrar: é água, sangue, osso,
urubu, beira do asfalto e outros bolodórios. Essa é a verdade.
- Seu Matadouro de
Ipirá, em algum momento o senhor esteve perto de trabalhar? – perguntou o
repórter.
- Sim, sim! Por um
minuto, eu pensei que eu ia trabalhar e eu vou contar pra vocês agora: faltava
uma semana para as eleições municipais, o ex-prefeito Marcelão vinha em uma
carreata do Malhador e quando passava aqui, em minha frente, avistou um garrote
na beira da estrada e o ex-prefeito deu a ordem: “pega o sujeito e leva pru
tronco; o Matadouro de Ipirá vai ser inaugurado hoje”; o homem nem terminou o
palavrório e mais de trezentas motos, sem miolo nas descargas, fazendo um
barulho de trovão rasgando o céu, escorregaram na rabeira do garrote, que
pinotava mais do que corredor de 300 metros com barreira e emburacou numa
moita, levando mandacaru, gravatá e palmatória no peito, sumindo na
catingueira. Os motoqueiros ficaram chupando dedo para ver se saia tutano e o
ex-prefeito Marcelão ficou azuretado da vida.
- Mas o ex-prefeito
Marcelão disse, no comício, que o Frigo dele ia ser inaugurado faltando um dia
para as eleições. E aí? – indagou o locutor.
- Só se for o dele,
porque prá mim tudo não passou de conversa pra boi dormir sossegado, sem medo e
receio de receber uma lapiada por cima do focinho e ir parar na banca de carne
no Centro de Abastecimento. Ninguém comeu aquele H e a lapiada foi de mais de
seis mil na focinheira do prefeito, que virou ex, da mesma forma que eu virei ex-matadouro.
- Tô entendendo,
seu Matadouro de Ipirá! E o prefeito Dydudy vai botar o senhor pra trabalhar,
desde quando o senhor tá todo embonecado de branco e vermelho no nome,
parecendo que é torcedor do Vila Nova de Ipirá e tá indo prá uma festa de inauguração?
– indagou o locutor.
- Vou nada! Taí uma
coisa que eu pago prá ver: é eu ser inaugurado e funcionar matando boi e servindo
carne para o povo de Ipirá. E vou dizer mais: fizeram uma limpa dentro de mim,
rasparam tudo, não deixaram nada no meu interior, nada, sumiu tudo.
- O quê? O
Matadouro de Ipirá foi surrupiado? Isso é verdade? O prefeito Dydudy sabe
disso? Ele fez o quê? Quem tem culpa no cartório: jacu ou macaco? Quem abriu a
porta para o delinqüente? – perguntou o locutor indignado e sem saber o que
perguntar.
Fazer essa
novelinha demorada e enrolada não é fácil. Faltaram 14 capítulos para o
prefeito Marcelão e para o prefeito Dydudy está no sexto capítulo, formando um
total de 20 capítulos vencidos e atrasados.
O término dessa
novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de
Ipirá. ‘Inaugurou! Acabou na hora, imediatamente!’ Agora, o artista é o
prefeito Dydudy.
Observação: essa
novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o
matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam
com o povo e o povo brinca com eles.
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