sexta-feira, 6 de setembro de 2024

A PONTE SOBRE O ESGOTO

Uma cidade chamada Ipirá, que não é uma ilha, mas está cercada por esgoto à céu aberto por todos os lados. Nessa cidade, entrava e saía prefeito, do jacu e do macaco, sendo que, todos eles faziam questão de manter uma ponte com pedaços de madeira.

 

Nessa cidade, passou e saiu prefeito, do jacu e macaco, sendo que, nenhum deles, fez questão de retirar e substituir aquela ponte de madeira que era uma vergonha por uma ponte de cimento. E aquela ponte vergonhosa de madeira ficava podre, frágil e insegura e nenhum prefeito, do jacu e macaco, percebia isso.

 

Pela ponte vergonhosa de madeira podre, instável e verdadeira armadilha para um provável e possível acidente, que estava por acontecer, porque ali passavam crianças, velhos, mulheres e homens, sendo que, todos os prefeitos, do jacu e do macaco nada faziam; além de fazer vistas grossas e, ao mesmo tempo em que, eram indiferentes e insensíveis para a necessidade humana e acessibilidade necessária para o local.

 

Foram mais de 40 anos nessa agonia. Até que enfim, apareceu um prefeito do macaco para colocar um basta nessa vergonha. A gestão do prefeito Dudy em final de mandato, realizou sua única e grande obra, em quatro anos, em nossa terra. A espera foi grande, mas ‘o trabalho é agora’ fez uma ponte de cimento sólida, durável e estável.

Ainda sem inaugurar, encontrei Jó da Empresa de Energia, que me disse: “a ponte saiu torta, mas é melhor do que nada”. Eu pensei: “torta! Como?” Em seguida encontrei o secretário da Infra, que me falou: “a ponte está pronta, agora passa até caminhão; vamos fazer a rampa de subida”. Pensei e perguntei: “e o outro lado?” A resposta veio em seguida: “vamos fazer”.

 

Incrível e inacreditável! Depois de 40 anos, o prefeito ‘macaco’ que teve a iniciativa de fazer uma ponte de cimento sobre o esgoto, para dar acesso a outra rua fez uma ponte torta, enviesada, vesga.

Finalizando seu mandato, vamos dizer na prorrogação, naquela correria, com muita vontade de realizar uma obra de impacto e glorificar seu nome como administrador público, não é que o homem fez um gol contra. Aí lascou a zorra toda, né papá!

 

Era a primeira grande obra para ser o marco de sua gestão, a obra-prima de seu governo e terminou por fazer uma ponte meia-boca, sem projeto, meia-banda que não passa dois carros. Tudo isso com empenho e zelo para concluir uma obra com 40 anos de espera. A correria foi tanta que a obra saiu torta.

Depois de quatro anos, até que enfim, a gestão Dudy conseguiu fazer uma obra com recurso próprio. Fez uma ponte de cimento, que nenhum prefeito anterior fez, mas a ponte saiu atravessada, desalinhada e desgrenhada. Não seguiu o alinhamento da rua. Será que faltou recursos públicos?

 

Que engenharia da desgraça é essa? A ponte entortou de vez. Será que a gestão Dudy é tão visionária que está pensando no carro torto do futuro? Esse governo Dudy está de brincadeira! Ele pensa que dancinha resolve os problemas da população. Não resolve não, prefeito!

 

Além do mais: cadê a placa com o valor da obra, prefeito Dudy? Quanto foi gasto nessa ponte de cimento? Não é possível que o senhor passe pela prefeitura e não preste conta de um prego sequer! Para quem disse que ia prestar conta do dinheiro público em praça pública; não deixa de ser muita coisa. É muita coisa embaixo do tapete.

 

Vamos aguardar a inauguração da ponte, enquanto isso, vamos à nossa novela eleitoral.

 

LAÇOS DE FAMÍLIA

 

O deputado Oliveira tinha certeza que estavam fazendo, em nossa terra, a maior fábrica de marmelada do Brasil, ao tempo, que fazia uma observação:

 

- Minha esposa, não gaste seu dinheiro nessa campanha, não seja boba! Vamos fazer uma campanha de freio de mão puxado, sem abrir o fecho da bolsa que está em cima do guarda-roupa.

 

- Mas, Oliveira! O nosso sobrinho tá detonando uma grana violenta e você acha que eu devo ficar olhando, sem fazer nada – disse a esposa.

 

- Eu não estou gastando nada do meu bolso. A população vai dá o seu voto de confiança pela ótima administração que estamos fazendo, calçando a rua das pessoas, você acha, minha tia, que a pessoa vai negar-me um voto? – retrucou o sobrinho.

 

- O quê? Sabe o que um eleitor teve a coragem de dizer na minha cara? Eu disse prá ele que meu deputado tinha mandado uma emenda para calçar a rua dele, aí ele falou: “ora, dona! Calçamento de rua é prá todo mundo, eu quero é cinquentinha no meu bolso, dona!” – contou a titia.

 

- Minha tia, eu não entro nessa não! Eu dei, com meu prefeito, foi calçamento; não dou dinheiro a ninguém – disse o sobrinho.

 

- É mesmo, meu sobrinho! Minha esposa vai filmar você dando cinquenta pelo voto de quem segura bandeira e vamos resolver isso depois, na justiça. Eu já disse a minha esposa que não vamos gastar dinheiro nessa campanha, vamos levar de banho-maria, até mesmo para essa turma que está recebendo cinquentinha ficar achando que está lavando a jega – acrescentou o deputado Oliveira.

 

- Meu tio! Esse cinquentinha que eu pago é pela diária na nossa fábrica de marmelada. Nem cheguei na prefeitura e a galera já está trabalhando na nossa fábrica de marmelada. Comigo é só progresso e vamo que vamo!

 

FAMÍLIA É TUDO

 

Com toda sua experiência o deputado Oliveira explicava aos dois candidatos da família Oliveira, que concorrem “entre aspas” para prefeito de nossa terra:

 

- Vamos fazer a campanha do freio puxado. Não adianta fazer uma campanha gastando o nosso arame quando só vai dá a gente; é tudo nosso e nada deles, isso já está sacramentado.

 

- Mas, meu tio, e se o povo ficar desconfiado que essa campanha não é de verdade? O que nós vamos dizer?

 

- Meu sobrinho, fica na tua! Continua dando cinquentinha a galera, para eles ficarem pensando que recebem mais do que um empresário de prefeitura; isso até a eleição, depois dá-lhe uma banana, que é o que ‘bicho de pelo’ merece.

 

- Ô meu tio! O que eu não quero é que o povo perceba que a nossa família Oliveira está segurando essa campanha.

 

- Meu sobrinho! Você é um rapaz inteligente e por isso foi escolhido para receber uma prefeitura de presente; observe bem, quem está fichando para emprego na fábrica de marmelada é a empresa Gomes do Vale; quem está pagando cinquentinha para o pessoal carregar retrato é a firma Gomes do Vale; quem está pagando uma onça pela diária dos funcionários da fábrica de marmelada é a fábrica Gomes do Vale. O que a família Oliveira tem com isso? Nada.

 

- É meu tio! Isso tudo é verdade, mas o eleitor tá com a pulga atrás da orelha perguntando quando é que a campanha vai começar?

 

- Certo que o eleitor tá virado do zidim e tá desconfiado, mas fazer o quê? O ‘bicho de pena’ não tá entrando com nada; você acha que minha esposa vai sair distribuindo arame à toa.

 

- Meu tio! O senhor tem que convir que não está certo eu ficar soltando o garangau sozinho, minha tia tem que fazer uma fezinha, senão o eleitor vai ficar dizendo que campanha de graça é invenção de satanás, que não gosta de molhar o bolso de quem tem precisão. Assim não dá, né meu tio! Faltando um mês e minha tia não solta nada, até a luz do comitê é gato. Como é que o povo não fica desconfiado dessa campanha?

 

- Meu sobrinho! Não fique criando fake. Não tem nada de gato na nossa campanha; o que está pegando é que o ‘bicho de pena’ não quer gastar nada, parece que estão falidos, querem levar a campanha só no bico. Aí eu pergunto para você: é a nossa família Oliveira que vai assumir todo o custo da campanha?

 

Nesse exato momento, quem adentrou na conversa do escritório foi a esposa do deputado e tia do outro candidato:

 

- Oliveira! Você tem que tomar uma providência, um eleitor falou na minha cara que essa campanha de uma só família botou lascando na nossa terra com a campanha do voto de graça!

 

- Cadê ele? Já foi! Se eu pego ele você ia ver – falou o deputado.

 

- Ora, meu tio! Conhecendo o senhor como eu conheço, o senhor ia dizer que ele tinha razão – acrescentou o sobrinho.

 



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