Na cidade do Salvador, a pesquisa para prefeito da capital
traz um número bastante significativo, quando apresenta que 63% dos eleitores
ainda não escolheram em quem votar.
Não sei se Ipirá está nessa batida, embora que, aqui, a coisa
está tão devagar, que parece não ser tempo eleitoral no município. Pense numa
eleição fria, notadamente fria! O que está acontecendo? O que será?
Primeiro, aconteceu a queda do vice Luiz Carlos Martins. Caiu
do cavalo, tentou levantar e caiu novamente, escorregando numa casca de banana.
Não quis pagar para ver que a regra do direito brasileiro é da prescritibilidade
dos atos públicos. Custa caro. Já foi!
Segundo dizem, a vice Nina Gomes foi amarrar o jegue no ninho
do jacu e quebrou a cara. Não é a cara do jegue, mas a própria cara. O jacu tá sem
dinheiro para a campanha; não tem nem nome prá vice; tá fazendo corpo mole; não
quer arregaçar as mangas da camisa e não tá nada legal. De forma que, se
arrependimento matasse nada disso teria acontecido.
Certo, que as pessoas vão votar; até porque o voto é
obrigatório. Muitas pessoas não querem comparecer às urnas: talvez, seja um
fato. A motivação está baixa. Vamos observar as abstenções no dia das eleições
com acuidade.
As duas candidaturas para prefeito não empolgam, nem merecem
credibilidade. Sem garangau não tem empolgação.
Ainda continuo na expectativa do candidato a vice Deteval
Brandão fazer sua fala em defesa da Nova Política ou será que ele vai se
arrepender e calar diante da política velha e tradicional. Quero ver se o
vereador vai manter a sua posição ou vai pipocar e guardar o seu veneno para
pisar no pescoço do ex-líder Antônio Colonnezi durante um provável mandato de
quatro anos.
Se na vida real a campanha não empolga e não vira uma disputa
acirrada nos bastidores das novelas da família a coisa tá mais quente do que
bateria de carro que recebe mais energia do que consegue suportar. Na novela a
campanha está pegando fogo.
LAÇOS DE FAMÍLIA
A esposa do deputado Oliveira estava impaciente e mostrava um
certo aborrecimento com a situação da campanha: sem vice, sem dinheiro e sem
rumo.
- Observo muito corpo mole com a minha campanha. O ‘bicho de
pena’ não quer soltar o cascalho para a gente pavimentar a estrada e acelerar a
movimentação. É isso que eu vejo e não estou satisfeita com essa situação.
- Minha tia! Eu falei com a senhora que esse ‘bicho de pena’
está mais liso do que pau de sebo e liso em campanha eleitoral não chupa nem
prego – disse o sobrinho.
- É verdade, meu sobrinho! Você fez esse alerta, mas você
sabe que eu não fiquei no ‘bicho de pelo’ por causa do prefeito, por você não
haveria nenhum problema, mas esse atual gestor tem que sumir na poeira, esse é
o meu sentimento verdadeiro – disse a esposa do deputado.
- Minha tia! O atual prefeito é gente boa, a senhora foi quem
se precipitou, se a senhora apoiasse a minha campanha agora, daqui a quatro anos
a senhora seria minha sucessora; agora, uma coisa é certa, com o apoio do
‘bicho de pena’ fica muito difícil para a senhora. Esse ‘bicho de pena’ tá
falido e botou a senhora numa enroscada.
- É verdade, meu sobrinho! A gente não vê um centavo deles
para a campanha. Nem um nome para vice eles têm para apresentar. Querem que eu
venda todo o meu patrimônio e gaste para bancar e ressuscitar o grupo deles.
Isso aí ‘nem nem-nem, nem nem-nem’ de jeito nenhum. O que o ‘bicho de pena’ tem
que entender é que eles não têm uma candidatura melhor que a minha para
derrubar o atual prefeito – disse a esposa do deputado.
- Minha tia! Reze pra todos os santos porque a senhora está
carregando um caixão de defunto sem alça. O ‘bicho de pena’ tá falido; tá sem
crédito; tá sem credibilidade; tá sem apoio político estadual e federal; tá sem
liderança; tá igual a um cego em tiroteio num túnel escuro. Não tem como
escapar de uma solapada com uma porretada no cangote que vai ficar sem pena e
suruco – disse o sobrinho com toda a convicção.
- Eu estou percebendo que você tem razão meu sobrinho! Eu
procuro os filhotes do ‘bicho de pena’ e não vejo. O vice quer ficar no
consultório, enquanto eu vou para a batalha com os vereadores. A verdade tem
que ser dita! Desse jeito a coisa não anda e é meu nome que está no jogo,
afinal eu sou a vice e eles estão escondendo o jogo, assim não dá – argumentou
a esposa do deputado.
O deputado Oliveira tinha ficado de butuca até então, só
escutando e chegou o momento de sua interferência para botar ordem na casa:
- Eu não estou entendendo o que é que vocês querem. No meu
entender nós estamos participando de uma marmelada, não vou dizer isso lá fora,
mas aqui dentro de casa eu digo. Se o ‘bicho de pena’ está fazendo corpo mole o
problema é deles. Quando eles tomarem dez mil bandas no pé do ouvido, o
perdedor serão eles. Nós não vamos desfazer nosso patrimônio para levantar a
guia do grupo deles. Se nosso sobrinho tem cinquenta reais para pagar a
duzentas pessoas no grupo do ‘bicho de pelo’ para carregarem bandeiras é porque
tem quem banque; se o meu sobrinho está soltando cento e cinquenta reais de
gasolina para os carros do ‘bicho de pelo’ comparecerem na carreata é porque a
viúva tá soltando a verba. Agora minha esposa é que não vai pegar o dela para
gastar na campanha do grupo do ‘bicho de pena’. De qualquer jeito, chova ou
faça sol, a família Oliveira vai ganhar as eleições municipais aqui, em nossa
terra – explicou calmamente o deputado Oliveira soltando um sorriso enigmático.
- Tá entendido, meu tio!
- Oliveira, como sempre, pela sua experiência tem solução
para todos os problemas, que a nossa família Oliveira seja a grande vencedora
do pleito – complementou a esposa, mais tranquila do que nunca, sem nenhum
problema à vista.
FAMÍLIA É TUDO
A família Oliveira se distraía jogando sinuca e o sobrinho
tinha feito uma jogada e preparado uma sinuca de bico para sua tia, que ficou
numa situação difícil.
- E agora titia, como a senhora vai se sair dessa armada?
- Eles vão ter que indicar um vice, nessa altura do
campeonato até o ex-prefeito MB cai bem na fita. O problema é que eles não querem
botar cascalho na campanha.
- Ora, minha tia! O bicho de pena tá falido, como é que eles
vão botar cascalho em campanha. Se a senhora não soltar aquela alcateia de lobo-guará
que está preso naquela bolsa que está em cima do armário no seu quarto a sua
campanha não vai chegar no bar do bigodão.
- Meu sobrinho! Você sabe muito bem que seu patrimônio é um
fusca em comparação com minha carreta patrimonial, agora você tá fazendo sua
campanha com dinheiro da viúva, pagando cinquenta reais por carregador de
bandeira, cento e cinquenta reais para tanque de carro para a carreata, aí todo
mundo é bacana, porque se você for tirar do seu bolso não aguenta uma semana de
campanha.
O deputado Oliveira ouvia aquela conversa e de repente deu um
tapaço na mesa assustando a todos os presentes:
- Que conversa mais fora do prumo é essa. O nosso patrimônio é intocável, o máximo que podemos comprar são algumas carretas de marmelada para a população, porque a população gosta de marmelada e não se importa como a marmelada está sendo feita, muito menos com suas consequências. Se eu não ficar atento, esse meu sobrinho e essa minha esposa vão colocar tudo a perder. Prestem atenção, tudo é nosso, tá tudo dominado e em casa da nossa família. A prefeitura é da família Oliveira!
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