Continua em jogo o reajuste salarial dos professores, um direito que
não pode ser negligenciado, escamoteado e pisado.
Fazendo uma rápida retrospectiva. Um diálogo entre a prefeitura de
Ipirá e a APLB-Sindicato foi iniciado. Na verdade um diálogo ensebado, por
falta de empenho e interesse do governo municipal, que resultou, até o momento,
em um beco sem saída.
O percurso escolhido pelo atual prefeito é, por todos os efeitos, até o
momento, incompatível com a negociação necessária, desde quando, a falta de uma
oferta concreta e satisfatória gerou um descontentamento crescente e nessa
condição de espera indefinida e sem uma perspectiva clara de negociação a greve
foi deflagrada.
As manifestações tomaram as ruas. O prefeito Dudy refugiou-se no fecho
do ecler, que protege o despreparo e cala a voz. Escondido em sua redoma e sem
querer sentar para resolver o problema, os manifestantes foram até sua
residência, numa manifestação pacífica e democrática, sem deixar de salientar
que a polícia estava de olho e de prontidão para a defesa do patrimônio
particular.
O professorado virou inquilino do paço municipal. O prefeito, sem trato
para a negociação, judicializou a greve e apelou para a Justiça. Da mesma forma
que alguns disseram: “foi um erro ir fazer forró na frente da casa do prefeito”
eu poderia dizer: “foi um erro o prefeito entrar na Justiça.” Não foi! Nem um
nem outro.
Numa contenda democrática por direitos, cada qual usa das armas que
estão ao seu dispor. A Justiça deu quinze dias para o sindicato manifestar seus
esclarecimentos; ao passo, que a mesma Justiça atendeu uma liminar determinando
o retorno imediato, caso contrário, haveria uma multa de dez mil reais por dia.
A Justiça ratificou uma interpretação que não resolve a contradição de forma eficaz
ao formatar uma decisão com mais intenção do que isenção. O prefeito municipal
achou-se vencedor.
Quando os poderosos estão diante de movimentos paredistas costumam
fazer uso exacerbado das forças repressoras do Estado e do uso de instrumentos
legais, como a ordem de um juiz. A conexão entre os mecanismos de coerção do
Estado e demais poderes é bem alinhavada.
Os professores podem estar indignados com a atuação do poder municipal
e com a tomada da decisão judicial. Tudo isso faz parte do processo. O que a
categoria não pode é ficar perdida e sonolenta em relação às disputas e
decisões dos poderes. O desafio é continuado.
O prefeito Dudy continua devedor, em razão de ter negligenciado o
interesse da categoria dos profissionais da educação, que não pode ficar
cansada da tentativa de virar a mesa. Faz parte da luta.
O prefeito Dudy não respeitou a determinação da Lei e não assume sua
responsabilidade. Os professores continuam em estado de greve, mesmo em sala de
aula, porque os seus direitos não podem ser usurpados, tem que ser negociados.
O prefeito Dudy não pode achar que está tudo terminado e que pode
permanecer mudo em relação às expectativas dos professores. Ele não pode
desconsiderar o diálogo entre as partes interessadas. A melhor solução tem que
ser embalada e despachada na mesa de negociação. A luta está apenas começando.
Não se pode apostar muito na gestão de Dudy. É um governo atrapalhado e
perdido. Mas é possível erguer-se o direito de interrogá-lo e os professores
poderão fazê-lo. É um governo que tem por característica principal servir de
correia de transmissão dos recursos públicos para o setor privado, por meio de
privatizações e da terceirização.
É melhor ser empresário da prefeitura do que vereador. Em Ipirá tem
licitação de quatro milhões, que deixa uma margem de lucro com boa gordura para
o empresário, que tá se lixando para o voto.
O vereador tem como objetivo maior manter o voto do eleitor e isso tem
um custo elevado, que deixa o vereador nessa dependência constante. Quando o
vereador cair na real, ele vai querer ter uma empresa (é bem melhor!) para
participar do bolo, que ele não sente nem o cheiro, mesmo sendo vereador.
O vereador tem que ficar esperto com o governo Dudy. Nesta gestão está
acontecendo o desmonte da máquina pública, como a tal extinção de cargos, que
serão substituídos por funcionários de empresas. O retrocesso está na ordem do
dia. Os vereadores vão ter que acompanhar de perto o controle dos cofres
públicos, que absolutamente está com os tutores do poder e o vereador não tem
nem informação. Ipirá não agüenta mais essas administrações de jacu e macaco,
sem compartilhar com os vereadores e com a população.
O Vitória do prefeito Dudy é um time da terceira divisão, que se
encontra na zona do rebaixamento, com um pé no atoleiro da quarta divisão. Um
time desarticulado, que muda de diretores, de treinador, de jogadores e nada é
nada. Não consegue reagir. Ninguém sabe o que é que está acontecendo. Que
urucubaca é essa? Uma coisa é certa: para sair dessa inhaca da desgraça é
preciso muita conversa, conversa, conversa e muita conversa. Acredite quem
quiser.
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