Jacuzada, quem te viu e quem te vê!
Tomou uma lapada de 6 mil votos nas eleições municipais. Nestas eleições de
2022, engoliu uma derrota de 8.328 votos (Jerônimo 21.751 contra 13.423 de ACM
Neto). Neto era a salvação da lavoura. A tempestade poderá ter duração de
décadas.
Tem muito sentido. A jacuzada está
mergulhada num município de forte vocação pelo lulismo, então navega contra a
maré. A macacada amarrou o jegue na sombra. Mas, nem sempre foi assim.
Na década de 50, a politicagem era
feita com nomes de partidos nacionais; a jacuzada vestia a camisa do PSD, um
partido de oligarquia conservadora, que não era lá essa coisa toda, enquanto a
macacada vestia a camisa da UDN, um partido entreguista e golpista. Em Ipirá, o
PSD levava a melhor, fazia a cama e não dormia na esteira.
Em 64, veio a ditadura militar. Os
partidos, por força das baionetas, sofreram uma transmutação e a jacuzada (que
não era jacu) ficou com o MDB e a macacada (que não era macaco) ficou com a
Arena.
Na década de 70, a jacuzada vendeu a
alma ao regime militar, perdeu a consciência (se é que havia), caiu no colo de ‘ACM
meu amor’ e foi colocada no mesmo saco de farinha (Arena 1 e Arena 2) virando
farinha do mesmo saco.
Em 76, eles implementaram o
famigerado ‘sistema jacu e macaco’ e a população ficou toda dominada, dentro do
quadro sintomático de uma população faminta e esfomeada. Não deu outra, em 82
Ipirá proporcionou a terceira maior frente eleitoral à ditadura militar na
Bahia.
A ditadura militar começou a
fraquejar. Na Bahia, Waldir Pires desbancou o carlismo numa eleição memorável em
1986. A jacuzada resolveu fazer o ‘pau de dois bicos’ e Diomário foi o serviçal
encarregado de fazer o serviço sujo da tomada do MDB para a jacuzada. Em 1991, ‘ACM,
o amor deles’ retoma o poder estadual e o MDB deixou de ser interessante para
os jacus. Estava exposta a sua face oportunista.
Em 1989, no primeiro turno, Lula
venceu em Ipirá, sem o apoio de nenhum chefe político do jacu ou macaco. Foi a
primeira vitória do povo livre de Ipirá. As lideranças dos jacus e macacos
estavam no mesmo balaio de gato e eram adversários do PT, pois combatiam a
candidatura do presidenciável Lula e o povo aumentava a simpatia e o apoio por
essa candidatura.
Outra vitória memorável acontece em
2006, quando Jaques Wagner vence na Bahia e em Ipirá, com todas as lideranças
do jacu e macaco no campo contrário, e o prefeito macaco da época Diomário (o
Dió) tinha dado apoio a Paulo Souto, mesmo assim, o PT venceu em Ipirá. Foi a
vitória da vontade do povo livre, sem chefe e sem cacique.
Diferente de ‘ACM, amor deles’ que
botava todas as lideranças do jacu e macaco no mesmo bocapiu de palha, o
governador petista Jaques Wagner, para armar o esquema petista no interior,
escolheu o grupo que estava no poder municipal e deu um canto de carroceria e
desprezou o outro, que não estava no poder. Só colocou uma banda no bocapiu, a
outra ficou chupando o dedo. O governo macaco do prefeito Dió foi contemplado com
o apoio do governador petista e a jacuzada sobrou na buraqueira.
O domínio petista no estado caminha
para vinte anos e, neste período, a jacuzada só ganhou um mandato (quatro anos) municipal e administrou
sem o apoio dos governos estadual e federal. Esse desprezo é um dos grandes
tormentos da jacuzada, que jogou sua esperança em Neto 44 e carimbou sua
trajetória na carreata do bolsonarismo em Ipirá. Como é a vida! Um passo para o
abismo, dado lá atrás, equivale ao tamanho da queda para a ribanceira.
Se a jacuzada não pensar em 2024
agora, já foi! Qual é o poder de atração que possui a jacuzada neste momento de
defasagem e debilidade? Não atrai nem jegue carregado de saco de açúcar
descendo a ladeira da Caboronga.
Se a jacuzada está amarrada na tese
da candidatura da prata da casa e da ‘família nobre’ deles e só abre para um
trem carregado de grana, são obrigados a pensar duas vezes. Candidatura de
família não atrai ninguém. Quem vai deixar o poder para entrar na aventura da
família deles? Uma candidatura carregada de grana tem que ter quatro milhões de
reais na boleia do carro para qualquer tentativa de tomada do poder. É mole?
Fora de casa e dentro do grupo tem
a candidatura popular e conhecida de algum vereador do grupo à prefeitura. Por
que não? Se vereador não serve para ser candidato a prefeito do grupo trata-se
de um preconceito estabelecido pelos controladores do grupo. O vereador possui
densidade eleitoral e é conhecido da população. Não tem candidatura melhor.
O grupo da jacuzada não tem como
atrair, crescer e vencer somente com sua bolha. Depende, muito mais, do desgaste
administrativo e da divisão do bloco da macacada. Abrir para a vice Nina ser a
candidata da jacuzada ao poder municipal seria uma pá de cal no controle
político da macacada.
Se assim não for considerado, como
poderei responder a teu questionamento: ‘o lulismo não domina o município de
Ipirá e por que o PT local não faz um vereador?’ Essa é outra conversa.
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