sexta-feira, 26 de outubro de 2007


É DE ROSCA.

Por onde começa nossa história ? Começa lá por trás e vem dando voltas pelas trapalhadas da vida. Sendo assim, nesta pacata cidade de Ipirá, há muito tempo atrás, na administração do prefeito Antônio Colonnezi, foi feito na beira da estrada do Feijão, com dinheiro do povo, um belo "elefante branco", chamado MATADOURO DE IPIRÁ. Não matou um mosquito. Seu seguidor, prefeito Luís Carlos Martins, governou por oito anos, não mexeu um palito e o "elefante branco" foi perdendo a cor e a serventia, virando um traste dilapidado e não foi abatido nem um bengo. Conclusão: o marchante de carneiro é um criminoso ( tem gente que só consegue enxergar desse jeito ).

E contra os dois prefeitos foi feito o que ? Nada, absolutamente nada. Para eles a vida continua bela, colorida e distante das atrapalhações que merecem os irresponsáveis que não trataram com seriedade um bem público essencial e necessário para que a população tenha qualidade nas suas mesas e não corra nenhum risco com tais produtos de origem animal. Não foram enxotados da vida pública. Enquanto isso, os marchantes de carneiro vivem na peia ( tem gente que quer assim ).

A batata quente caiu na mão do atual prefeito Antônio Diomário. Antes das eleições de 2004, ele participou das passeatas dos marchantes na luta pelo funcionamento do matadouro em Ipirá, agora é a sua vez. Começou jogando a batata para cima e disse: "o INSS impede a liberação de recursos para o início das obras" , e dizia mais: "a prefeitura tem que obter da Receita Federal a liberação do CND, Certidão Negativa de Débitos, que vai possibilitar a ordem da Caixa Econômica Federal para licitar as obras e iniciar o matadouro". Observe bem, em que engrisilhada da desgraça estava metida a população consumidora de Ipirá. E não para aí, o prefeito Diomário afirmou: " depende do órgão ambiental". Veja que situação: depender de burocrata no Brasil é problema, essa gente não tem pressa e não tá nem aí para os problemas do povo de Ipirá. E os marchantes de carneiro são os culpados.

A batata estava muito quente e o prefeito Diomário, cansado, foi dizendo: "foi uma grande luta que travei em duas difíceis frentes: primeiro, junto a Super Receita, que descobriu mais débitos da prefeitura com o INSS desde 1999 até 2003. O ex-prefeito não fez os GFIPS (Guias Fiscais) que recolhem as contribuições para o INSS e por conta disso o governo federal só libera o recurso depois da regularização". Deu para perceber que o prefeito Diomário não diz o nome do ex-prefeito nem quando é futucado, mas continua dizendo: " paguei R$106.896,56, como parte do débito e parcelei o restante, mais de 400 mil reais para receber a certidão". Ele não disse, mas eu posso lembrar o nome do ex-prefeito, foi o Luís Carlos Martins, esse é um sujeito desastrado quando trata com a coisa pública. E a culpa é dos marchantes de carneiro.

Depois, o prefeito Diomário aparou a batata no colo e soltou o verbo: " a empresa TRANSFRAN ganhou a licitação para a construção do matadouro de Ipirá" e concluiu: " o CRA liberou o local, mas exige inúmeros projetos para a liberação da implantação do projeto". Aí eu posso dizer: oh, beleza ! agora vai !. E quem atrapalha tudo é o marchante de carneiro.
Agora prefeito Diomário, a batata é sua. Desde o dia 01.10.07 foi liberado de forma integral os recursos para adequação e ampliação físicas para operação do matadouro de Ipirá, no valor total de 740 mil reais. Esse convênio vem desde as eleições de 2006 e só agora saiu da gaveta, mas quem amarra as coisas é o marchante de carneiro.

COM DINHEIRO NA MÃO, não é possível que demore mais um ano para sair esse matadouro de rosca. Esta é a prova de fogo da administração do governo Diomário. Chegou a hora de mostrar para que veio ser prefeito. Este é um momento de ação e agilidade, porque Ipirá não aguenta mais esse sofrimento e essa perseguição. É hora de dar um basta no descaso e na irresponsabilidade administrativa neste município, caso contrário, o prefeito Diomário será enxotado da vida pública de Ipirá, ao menos, pelos marchantes de carneiro. Disso eu não tenho dúvida, porque eles não são culpados por nada.

Neste instante, encerro essa série de artigos sobre o matadouro, mas iniciarei, só no meu blog, a novela É DE ROSCA. Escreverei um capítulo por mês, até que desenrosque o dito cujo matadouro. No seu entender, quantos capítulos escreverei ?.

sábado, 13 de outubro de 2007


É CRIME, COM PRISÃO DE 2 A 5 ANOS.

Sim. É isto mesmo. É crime, com prisão de 2 a 5 anos, vender produtos de origem animal não inspecionado pela Vigilância Sanitária e está previsto no Código Penal. É a LEI e estamos no Brasil.

É a LEI. Na África do Sul, a população branca de origem inglesa ou holandesa impôs ao país uma LEI oficializando a segregação racial denominada de apartheid. Era a LEI da Terra; a LEI Residencial; a LEI do Registro da População. Era a LEI. Pelas LEIS sul-africanas a maioria negra da população não tinha nenhum direito. Era a LEI. Então não custa nada deduzir e dizer que tem LEI boa e tem LEI que é boa porcaria, pois ela é fruto dos interesses das classes sociais que dominam a sociedade. Foi uma luta longa e penosa, mas o povo sul-africano derrubou aquelas deploráveis LEIS.

Voltando à Bahia. Jornal A TARDE 30/09/07. Carne Proibida. Lá vem a LEI. 566 quilos de carne foram apreendidos nas feiras livres dos bairros de Cosme de Farias, Liberdade e Itapuã em Salvador e os produtos recolhidos foram incinerados no Aterro da Canabrava. Diante da notícia vem uma pergunta: e Salvador não tem matadouro e frigorífico ? tem, e vários. Mais uma pergunta: e por que essa gente de lá mata bicho clandestino ? eu não sei.

Chegando à Ipirá. Salvador tem o que Ipirá não possui, tem matadouro e tem frigorífico. Aí vem a LEI achando que Ipirá tem o que Salvador possui e ameaça os marchantes de carneiros daqui com o mesmo rigor que atua contra os de lá. As realidades são diferentes. A aplicabilidade das normas na mesma tonalidade implica penalidades com grau desajustado. Explicitando: vamos supor que pela LEI, 5 anos de prisão para um negociante de carne em Salvador, nestas condições de procedência duvidosa, "talvez" esteja razoavelmente justa, mas 2 anos de prisão para um marchante de carneiro em Ipirá seria muito mais injustiça do que justiça. E por que seria uma crueldade e uma desumanidade sem par a prisão de um marchante de carneiro em Ipirá ? simplesmente porque Ipirá não tem matadouro; simplesmente porque Ipirá não oferece a essas pessoas as mínimas condições de um abate diferente do que eles fazem; simplesmente porque essas famílias vivem sob os efeitos da LEI da sobrevivência.

Todas essas pessoas que abatem o carneiro em Ipirá são acolhedoras das normas, são respeitadoras e prestimosas perante a LEI, até que esta não lhes tire a vida. A aplicabilidade da LEI PURA tem a mesma ressonância grosseira da defesa insistente e inconsistente da venda da carne procedente do abate clandestino e sem normas de higiene. A razão encaminha para um ajuste de conduta de todas as partes interessadas, até chegar a solução final: o matadouro em Ipirá. Depois disso, que venha a LEI.
UMA PROPOSTA: que o Poder Público Municipal contrate um veterinário para observar, acompanhar os abates de carneiros na forma provisória que ocorrem em Ipirá, e também, inspecionar as carnes de carneiro no Centro de Abastecimento de Ipirá.