segunda-feira, 28 de junho de 2010

É DE ROSCA

Estilo: ficção
Natureza: novelinha
Capítulo: 29 (mês de fevereiro 2010) – incrível, apresentação do novo capítulo da novelinha com, simplesmente, 5 meses de atraso.

Quando saiam do Centro de Abastecimento de Ipirá pelo portão que fica próximo ao Chiqueiro de Vendas de Animais de Ipirá, o assessor e o prefeito Dió, que estava mais aliviado, sua barriga não doía mais e, talvez, devido a esse fato botou olho gordo em dois caminhões carregados de milho verde, aproximou-se e deu logo vontade de comprar umas espigas e foi indagando:

- Não posso ver um produto da zona rural de Ipirá, dá logo uma vontade enorme de comprá-lo. Eu quero dez dúzias dessas espigas de milho. Quanto é ?

- Doutô ! em primeiro lugar esse milho não é de Ipirá, é de Juazeiro da Bahia e o doutô vai pagar cento e vinte reais – disse o vendedor.

- Cobre aqui.

Sem nenhuma necessidade o prefeito Dió começou a comentar os gastos com o São João de Ipirá, ao tempo que olhava para todos os lados:

- Nesse São João já gastei mais de seiscentos mil, não apareceu ninguém para mim ajudar. Solicitei quinhentos reais de um banco e o mesmo não deu um centavo. É duro ! Mas eu quero é tranquilidade para curtir meu São João numa boa, sem aperto, aborrecimento e sem preocupação.

Olhando para o lado do portão do Centro, o prefeito Dió observou umas gaiolas e uns passarinhos. Teve uma idéia fantástica e dirigiu-se naquela direção:

- Bom dia. Eu estou precisando de uns canários para fazer uma cantoria num magnífico palco que eu fiz, mas tem que ser daqueles amarelinhos, só serve daqueles, porque eles vão ter que sair na televisão pelo sucesso que vão fazer. Eu acho que eles são conhecidos como canários da terra.

- Doutô ! esse tipo de canário amarelo já acabou em Ipirá faz tempo. O doutô pode andar os quatro canto desse município e o doutô não vai dá de frente com esse tipo de canário amarelo, que cantava de estalo. Agora, eu sei onde é que tem esses canário amarelo e o nome verdadeiro deles não é canário da terra, é Canário do Reino. Mas, eu tenho uma sugestão prá dá ao doutô ! se o doutô quizer eu posso conseguir uns periquitos cantadô prá o doutô, e tem de tudo quanto é cor, o doutô é quem escolhe.

- Não. Só tenho interesse nos canários amarelinhos. Como é seu nome ?

- Eu me chamo Chico Boi.

- Esse seu nome não me agrada, mas de qualquer forma esse tal de Boi a gente já manda prá Feira, se fosse outro bicho menor, eu ia te mandar prá Pintadas. Me consiga esses canarinhos, pode ser da terra, do Reino ou da seleção brasileira, o importante é que esteja na mídia.

Chico Boi, malandro de Feira de Santana, mais esperto do que teiú que engole mosquito, pegou uma porção de pardal, pintou todos de amarelo e apresentou os canarinhos do reino no palco e a cantoria virou um forró virado da celebrina, agradando em cheio aos presentes. Sem ninguém esperar, começou uma chuva fina e os canarinhos do reino começaram a desbotar, apareceu um rebanho de pardal. Não deu outra, polícia e televisão.

O delegado constatou. Não é canário do reino, é canário peba, clonado, do Paraguai. Quem é o responsável ? Pegaram Chico Boi.

- Apresente seu documento, seu Chico Boi – disse o delegado.

Chico Boi tirou a identidade do bolso e apresentou-o ao delegado, que surpreso, falou em voz alta:

- Mas seu nome não é Chico Boi, na realidade você se chama Chico Ovelha.

Aí, o prefeito Dió deu um pinote e foi dizendo:

- Eu já estava imaginando que tinha esse troço de ovelha por trás de tudo isso. Esse bicho chamado ovelha é o calo da minha administração, mas eu vou dizer em bom tom EU NÃO VOU DEIXAR FUNCIONAR ESSE MATADOURO DE OVELHA E BOI EM IPIRÁ, e seu delegado, trate logo de prender esse Chico Ovelha lá em Pintadas e abata ele por lá. Aqui em Ipirá eu não quero saber de matadouro de ovelha e tudo isso aconteceu por causa desse Chico Ovelha, ele é o culpado de tudo.

Suspense: e agora ? o que será que vai acontecer ? agora que o prefeito Dió teve seu São João na mídia, será que esse matadouro de Ipirá vai sair ? êta bicho de rosca.

Leia o capitulo 28 (janeiro 2010) logo abaixo.

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

domingo, 20 de junho de 2010

É DE ROSCA

Estilo: ficção
Natureza: novelinha
Capítulo: 28 (mês de janeiro 2010) – incrível, apresentação do novo capítulo da novelinha com, simplesmente, 5 meses de atraso.

No capítulo anterior da novelinha, o prefeito Dió estava na grande obra da sua administração, o Chiqueiro de Vendas de Animais de Ipirá, quando, de repente, sua barriga começou a doer, neste momento, olhou para seu assessor e disse:
- Não vou agüentar chegar em casa.
- Então, só tem o Centro de Abastecimento de Ipirá. É o local mais próximo – disse o assessor.

Pronto. Agora o prefeito Dió vai passar pela mesma situação que passa qualquer cidadão ipiraense quando sente uma dor de barriga estando no Centro de Abastecimento de Ipirá.

O prefeito Dió estava no maior aperto. Sua barriga contorcia-se de dor e ele trancava o bicho, endurecia as pernas para que nada escorregasse pelas calças. O assessor do prefeito Dió observava aquela situação e esclarecia:

- Meu prefeito Dió ! o senhor agora vai sentir o aperto que passa qualquer filho de Deus quando tem necessidade de defecar estando no Centro de Abastecimento de Ipirá. Aqui só temos duas opções: o cagador ou a jurema.

- Decida logo meu assessor, porque eu já não agüento mais – disse o prefeito Dió.

O assessor do prefeito Dió sabia que a situação era complicada, não queria tomar uma decisão e foi explicando com bastante calma:

- Segure a onda meu prefeito Dió, aperte o negócio aí e vamos ali no cagador para examinarmos a situação. Seu sujeito do blog descreva aí o cagador para termos uma noção do que é a coisa.

Cenário no. 1 – o cagador –
Descrição – logo na entrada dois dedo de mijo para ensopar qualquer sapato. O sujeito tem que entrar nas pontas dos pés; se estiver de sandália o risco de contaminação é imediato. Cada vaso tem 2 kg de merda e parece que recebeu um chapisco de bosta, pois está todo impregnado. O vaso não tem tampa e é recomendável, não sentar por hipótese alguma, o melhor é colocar os pés em cima do vaso e ficar de cócoras, não esquecendo antes, de fazer uma reza para que não aconteça nenhum acidente e tapar o nariz para suportar o mau cheiro. Faça tudo o mais rápido possível, não fique jogando pensamento fora. Na hora de limpar o dito cujo, leve um jornal, pois o rolo de papel higiênico poderá estar molhado ou contaminado por sei lá que tipo de bactéria. Não se avexe em limpar as mãos, quase sempre não tem água para a descarga, nem na pia, esse serviço você faz em casa tranquilamente e com sabonete. E ATENÇÃO Conselho Tutelar, a mistura de criança e adulto é grande no cagador do Centro de Abastecimento, desde quando não existe diferenciação para ambos.

Cenário no. 2 – a jurema.
Descrição – fica no pasto de Delorme, no centro de um círculo de bosta, existindo grande possibilidade de atoleiro. O apertado tem que entrar nas pontas dos pés como se estivesse calçando sapatilhas de balé. É merda colada em merda, ficando um espaço mínimo para os dedos dos pés ou a ponta do sapato, sendo que, qualquer vacilo o apertado pisa num tolosco. Tem que ficar agachado, com os braços apoiados nos joelhos e as pernas têm que manter a firmeza. Se amolecer, vai se melar. Se esquecer ou não tiver papel não haverá problema, em torno tem muita malva e cansanção, aí vai ter que conhecer as plantas, senão o cansanção vai fazer um estrago. O cheiro não é nada agradável e se o sol estiver quente a inhaca sobe com mais ardencia, embora sopre um ventinho suave.

O prefeito Dió não aprovou o cagador e dirigiu-se para a jurema. Passou por baixo do fio de arame farpado e com habilidade chegou ao lugar que estava com menos congestionamento de cocô e foi com rapidez que baixou as calças e soltou o que queria sair, foi um alívio, não pensou na prefeitura nem nas complicações políticas dos macacos e petistas, chegou a esquecer da vida. Pensou até, em não sair daquele lugar, quando observou que estava sendo observado, e realmente havia dois olhos arregalados direcionados à sua pessoa, espantado, ficou pensando: “o que é aquilo ? parece que são os dois olhos do lobo mau de Ivete Sangalo olhando prá mim. Lá ele é quem fica aqui”.

Só deu tempo para o prefeito Dió suspender as calças e disparar; quem carregava os dois olhos arregalados, cavou o chão e não perdeu tempo, disparou atrás do prefeito Dió, que do jeito que veio saltou a cerca do pasto de Delorme; quem carregava os dois olhos arregalados não alcançou o prefeito Dió por questão de um palmo. Depois de meia hora descansando o prefeito Dió conseguiu falar:

- Você viu, meu assessor ? O lobo mau de Ivete Sangalo começou a falar e só deu tempo de eu correr, quase o bicho me lasca.

- Não, meu prefeito Dió, eu não vi nada disso não. Quem estava correndo atrás do prefeito Dió para dar uma marrada era um carneiro do pasto de Delorme, não era nada de lobo mau.

- Eta bicho pirracento, até na hora de despachar o que provoca o aperto vem esse bicho me perseguir. Eu já disse, aqui nessa terra, enquanto eu for prefeito, ninguém vai matar carneiro, TEM QUE LEVAR PARA PINTADAS.

Suspense: e agora ? o que será que vai acontecer ? agora que o prefeito Dió não está mais apertado, será que esse matadouro de Ipirá vai sair ? êta bicho de rosca.

Leia o capitulo 26 (dezembro 2009) logo abaixo.

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

domingo, 6 de junho de 2010

HOMENAGEM (parte 3 - B)


Obs: (antes de ler esse 3B – leia o 3A. logo abaixo).

Sem saber de nada o menino Dodó tocava e os homens ficavam olhando, com os olhos pregados no seu repique. O menino Dodó jogava a baquete para cima e metia o refrão: “Chega pra lá jacaré, eu gosto é de mulé.” O fuzuê estava comendo no coió e o menino Dodó continuava sem saber do que estava acontecendo.

- Vosmicês tão deveno ao coió e vão tê qui pagá, si não eu vou assuspendê as cumida. Quem já se viu um troço desse ? Madame é quem pode butá xoxota prá tomá fresca. É dessa manêra qui vosmicês qué sê mulé de vida fácil, derrubando o coió ? TODO MUNDO JÁ PARA O SALÃO – ordenou Anália.

O grupo de mulheres já estava nervoso e assanhado. Quem começou a falar foi Judite de Casaes, o monumento do coió, reconhecido pela clientela e comprovado pelo par de coxas, que foi dizendo em voz altiva:
- Quem é que a dona pensa que é? A gente num vai ta aqui ralano coxa e só o coió é qui ganha.

- Cala a boca sua puta e vai logo butá esse xibiu no salão, prumode di vê si arranja um zome prá pagá o qui vosmicê deve no coió – falou Anália.

- A gente é puta, mas é gente. E puta tamém num pricisa cumê, não ? Puta num pricisa cumprá batom prus beiço ? Puta num pricisa cumprá corte de xita na loja de seu Oscarino ? Puta num pricisa de ruge e água de chêro ? E cuma é qui a gente vai tê o qui pricisa ? Me arresponda ! Se a gente num tive uma porcaria duns mil réis, a gente num tem o qui pricisa – falou Judite de Casaes, que tomou fôlego e continuou.

- Se a gente pudesse e tivesse querê, a gente era madame. A gente ta nessa vida é pur nicissidade e prá não morrê de fome. Isso aqui num é vida fácil não, isso aqui é vida difice; aqui a gente chora, perde o sonho, perde a vida e não tem consolo. Ainda tem quem adoce a língua e diga que isso é vida fácil. Vida fácil uma porra ! que se foda quem diz isso. Aqui, a gente tem qui guentá os zome nas tampa, uns zome qui a gente nem sente nada. Aqui no coió, quando a lágrima sai dus zolho tem qui sê apagada cum a mão, prumode de qui a gente tem qui ir pru salão. Aqui mulé perde o qui tem di bom no peito: o sentimento. E qual é a vida qui a gente tem aqui ? Quando dá muita sorte vira rapariga de coroné. Nu mais, num pode nem gostá de home, prá num virá sustentadora desses bicho e dá boa vida a cafetão.

Dodó arrocha o som e nem imaginava a complicação que estava causando no coió.
A euforia dominava as mulheres e Anália, a dona do coió, ouvia o que elas falavam, sem rebater até mesmo com medo de levar uma rebombada. Marinalva foi a próxima a usar a palavra:
- O que sobra prá gente nesse coió ? Só tapa na cara dado pur vagabundo; a barriga cheia de gala; o disaforo cuspido na cara e algum resto de vintém qui num dá nem prá pagá o qui si deve no coió. Vida de puta é só umilhação. A aligria é suportá os zome na tampa. Quem arranjá um sordado ainda pode mandá de vorta as umilhação sufrida, fora isso, vai tê qui ficá nos isporro e surra dos vagabundo.

O clima estava tenso com aqueles desabafos emocionados e acalorados, quando Tatuzinha, baixinha, mas de uma valentia impressionante, desde quando, não havia estaca que ela não derrubasse e, ganhou fama por isso e, também, pelo jeito arrastado de falar:

- Lá vem Anália cum esse papo de madama. Se madama come, a gente também pricisa cumê; se a gente dá a xereca, madama tamém dá. A gente ta nessa vida é pur pricisão e não pur discaramento. Bota uma madama nessa vida qui tão dizeno qui é faci, prá gente vê cum quanto pau se faz uma cangaia. O qui eu tenho prá dizê e num peço assegredo, quano os zome injoa de cumê as carne nova, fica só us osso prá sê cumida dus cachorro e, ainda mais, tem qui guentá disaforo de quem num pricisa nem lavá o xibiu prá vivê.

Anália, a dona do cabaré, não conseguiu manter-se calada como até então tinha feito, foi dizendo:
- Lugar de choro é no Monte Alto, aqui é lugá de butá a xoxota pra trabaiá e pagá u qui deve.

Neguinha, uma quenga desaforada e barraqueira, saltou na frente de Anália e disse:
- Vida de rameira é mermo qui tirá água de cesto no tanque de Santana. É uma vida de merda. Num é prumode di qui fica butano os zome nas tampa qui num é vida de merda. Num si tem mais nem o querê di sê filiz. É pura pricisão e quano si pricisa a carne fica remosa e podre. Apudrece pur dentro e pur fora. Quano a carne é nova os zome vira urubu e arranca até as tripa, quano vira pelanca os zome vira carcará de arribação e vai im busca de carniça nova. Qoli é a aligria qui tem uma rameira ? Tem qui guentá bafo de pinga e fedô de suó incravado nus zome incardido. Lá isso é vida de gente ? Lá isso é vida de bicho ferrado cum ferro im brasa pur dono de gado. Rameira é qui nem gado, recebe um ferro quente no lombo e vara nas costa, é bicho e propriedade de dono.

Maria Relógio, que entrou naquela vida desde criança, aos sete anos, também não perdeu a oportunidade de dar o seu depoimento:
- Quano acontece sê rapariga de coroné, inda tem farrapo de chita prá si cubrí, quano não, só tem sete parmo de terra prus zotro por pur riba. Isso lá é vida de gente ? Preá tem vida mió qui a de quenga, pelo menos num pricisa dá canseira na xoxota e a gente não, a gente perde sustança e vai dexano de sê gente prá virá bicho sem alma, bicho duro, bicho das loca dus mato.

Naquele fustigamento de revirar pelo avesso, Chinha não agüentou e falou:
- Rampeira num dêxa de sê mulé. O pió e qui a gente vai perdeno istima e vai ficano sem gostá. O pió é quano a gente nem dá o xibio pur prazê e dá pur nicissidade e pur dinhêro, e quano a gente dá pur nicissidade perde a honra e na iprocrisia das pessoa, quem lava a honra é dinhêro, i si a gente num tem um prá lavá o ôtro, a gente fica sem us dois. Aí, tem gente qui cospe quano rameira passa; basta avistá a gente qui bate a porta na cara. Im Igreja a gente num ientra, cuma se a gente fosse filha de satanás. Tem gente qui vira a cara quano vê a gente, pariceno qui a gente tem duença pegajosa. Tudo o qui tem de ruim nu mundo é filho de puta, como se puta num parisse minino, dotô, deputado, prisidente e ôtros bicho mais.

Tatuzinha, esbaforida, voltou a falar:
- Dêxa eu falá uma coisa qui ta aqui istatelada na minha garganta: até a liberdade de dá o xibiu a quem nós qué, nós num tem esse direito, prumode de tê qui defendê o pirão na dianteira e o xodó nós tem qui iscondê, como bizerro de apartação e sê aproveitado pur úrtimo, quano a gente já ta ismuricida e prumode di tudo isso, nós arriba tudo daqui desse Coió e vai pru Cabaré de Nascimento ou pru Puteiro de Maria José, desde quano tudo é pirdição du mermo jeito.

Era um desabafo no coió. As quengas estavam em estado de greve e não compareceram ao salão, por mais que Anália mandasse ou suplicasse. Nas conversas de quarto surgiu o diagnóstico do problema e a solução para o impasse:

- Tudo isso acomeçou adispois qui esse zabumbeiro Dodó veio tocá aqui.

- Foi mermo, vamo acabá logo cum isso.

Quando o menino Dodó passou em frente ao quarto, ouviu:
- Psiu, meu Dodozinho venha cá – chamou Marinalva.

Quando o menino Dodó saiu do quarto e passou pelo outro, foi puxado:
- Venha cá, meu neguinho – falou Judite de Casaes.

Saindo do quarto, o menino Dodó foi atraído para o outro quarto:
- Dodozinho, meu filho, vambora fazê um xodó – disse Maria Relógio.

Dodó sem entender nada foi pensando “ Oxe ! essas mulé ta tudo doida pur mim”. Dodó passando e repassando o mulherio do coió ficava cada dia mais convencido. Nesse sai e entra em quartos; abrindo e fechando portas; escorregando e lambuzando com o mulherio do Coió, o menino Dodó levou quinze dias; pela manhã, tarde, noite e de madrugada para variar e não perder o costume. Quando o menino Dodó ficou banzo, o jeito foi colocá-lo num lençol, suspenso por um caibro forte de madeira e levá-lo até o médico Dr. Pinho.

No trajeto, os curiosos aproximavam-se e aumentavam o cortejo:
- Quem é esse ?

- É o menino Dodó.

- O que aconteceu com ele ?

- Tomou uma surra de xibio.

- Oh ! Cuma é qui faz isso com o minino Dodó ! A puliça já prendeu xibio ?

No diagnóstico, o médico foi categórico:
- O problema dele é fraqueza, vai ter que tomar muita vitamina e ficar de repouso por um bom tempo e não pode fazer nenhum esforço.

Foi nesse período que surgiu o refrão: “Ai que saudade do Coió de Anália”. Com o menino Dodó em convalescença, o Coió de Anália voltou a ser o que era.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

RADIOGRAFIA 8





RADIOGRAFIA 8

A importância deste artigo está no fato de ser mais um esplêndido elogio à capacidade administrativa dos jacus & macacos nestas terras do Ipirá. Se não fosse essas administrações jacus & macacos, Ipirá já teria sucumbido.

Aí eu faço questão de compactuar com aquele torcedor fanático do jacu ou macaco, que enche os pulmões de ar, estufa o peito, arrebita a testa, corrompe a própria consciência e não enxerga nem a ponta do nariz, mas diz com a plena convicção de um tolo: “a administração do jacu ou do macaco é o que não pode faltar em Ipirá”.

Vamos à obra, que é o que interessa. Esta obra significativa fica na Praça do Barão. É uma obra da década de 1980. É um muro cercando uma quadra esportiva. Grande parte da obra já foi destruída e encontra-se em completo processo de deterioração, já faz bastante tempo. Atualmente, não tem nenhuma serventia.

Não tendo boa utilidade, fica um espaço aberto para a baixa utilização e aí está o perigo, desde quando haverá o desvio de utilização, a sublocação e a transformação em algo pernicioso, como uma maloca ou coito da vadiagem e outras atividades negativas, transformando-se dessa forma no “Muro da Vergonha de Ipirá”.

A comunidade pode até pensar que o prefeito macaco não faz nada pela Praça do Barão porque ali é um “reduto jacu” e o prefeito jacu não faz nada pela Praça do Barão, porque faça ou deixe de fazer, ali é um “reduto consolidado do jacu”. Dessa forma a comunidade se ferra com a administração jacu & macaco. Lembrando que, incutir isso na cabeça da população e não atender as necessidades verdadeiras da comunidade é uma das virtudes da politicagem de Ipirá, que prima pelo revanchismo, pela mesquinharia, pela coisa pequena, pela picuinha, resumindo, pela patifaria. Quem engole o jogo deles, pensa sem pensar.

Eu gosto de analisar e aprofundar as observações que faço. Vamos aos fatos: Ipirá recebeu 2 milhões de reais para reformar duas praças (a da Bandeira e a do Mercado), a Praça do Barão tem quase 30 anos que não recebe uma obra. Isso faz parte do jogo de interesse que acompanha a política, sendo que está predeterminado que a Praça do Barão é uma RESERVA PARA O MERCADO, sendo assim, não pode ser valorizada.

Com os investimentos públicos nessas áreas centrais e nobres, na atualidade, quando se fala em preço de casa nas praças Bandeira e do Mercado a pedida é 200, 300 mil reais. Sem investimentos, a Praça do Barão não valoriza tanto. Entendestes a jogada ? Então, vamos à conclusão.

SE (olha o SE) Ipirá desenvolver daqui para a frente e o comércio crescer, em pouco tempo não haverá mais espaço nas Praças da Bandeira, Mercado, Duque e na Avenida, assim sendo, o melhor atrativo para a demanda do crescimento do comércio será a PRAÇA DO BARÃO, que devido a falta de investimento público terá um valor baixo em suas propriedades, automaticamente, será um prato cheio para os empresários e agiotas que bancam as campanhas jacus & macacos. É isso que a comunidade tem que compreender. As necessidades da comunidade é uma coisa, os interesses das elites jacus & macacos que controlam o poder político é outra coisa.

Esse processo capitalista que acontece em toda cidade, em fase de crescimento, entrará como um trator na Barão. Os moradores, sem recursos, serão atraídos pelo canto da sereia e contentados com algumas ofertas mais acolhedoras e entregarão suas casas, indo morar nos loteamentos populares, onde comprarão casas e ainda sobrará um trocado.

Moral da conversa: os investidores (agiotas, comerciantes,empresários, etc) que ajudam a colocar jacus e macacos no poder público municipal comprarão as casas da Barão, por 20, 30, 50, etc, mil reais, exigirão e os administradores jacus & macacos investirão dinheiro público nesta área e o que custou 50 passará a valer 500.

As camadas populares que ajudam pelo voto e pela torcida aos jacus & macacos a chegarem ao poder público municipal, serão deslocadas para as áreas periféricas da cidade e continuarão a sentir a carência provocada pela falta de investimento público nas áreas em que residem. É assim que a roda gira.

A coisa é simples. Se os administradores jacus & macacos só ficarem buscando a modernização em comparativo de Ipirá com Salvador, a situação ficará complicada, mas se esses administradores visitarem o Ponto de Serra Preta e Serra Preta, verificarão que em ambos, existe um modelo de Ginásio de Esporte, aberto e coberto, que cairá como uma luva na Barão. Isso não é pedir de sobra.

Escrevendo sobre a Barão, não poderia deixar de parabenizar o UNIÃO da Barão pelo bi-campeonato e, também, não poderia deixar de acreditar na UNIÃO dos moradores da Barão para enfrentar as porradas que a vida dá.

Se tudo isso que eu projetei não acontecer é sinal de que a roda da vida está enguiçada e como diz seu Vavá da Televisão: “é difícil; é dificílimo, e segue o enterro”.