domingo, 30 de novembro de 2014

O MODELO DO ATRASO.


Ipirá é um município do semi-árido nordestino. A grande maioria da população sobrevive no varejo, ‘fazendo das tripas o coração’, como diz o dito popular. Predomina o Reino da Necessidade, um ambiente propício à grandes espertezas. Nessas condições, a politicagem oligárquica sedimenta-se e cria limo.

O poder oligárquico é controlado por uma família ou um pequeno grupo. O poder municipal em Ipirá é oligárquico, disputado em um esquema bipolarizado (jacu e macaco) com uma terceira força (Renova) buscando afirmação.

O esquema oligárquico envolve e se alimenta de uma rivalidade fictícia, bem arrumada e disposta na paixão, ódio, raiva, interesse, compaixão, na inconsciência e na despolitização. É dessa forma que a coisa se reproduz.

As oligarquias não dão prego sem estopa, sabem muito bem o que desejam e o que disputam: seis a oito milhões de reais mensais na conta-corrente da prefeitura. É vida ou sacrifício, vale tudo. A base é o jogo de interesse e o ponto mais forte dessa disputa é o assistencialismo para manter um cabedal de votação, isso custa os olhos da cara; acompanha o clientelismo e o paternalismo para a montagem de um contrato em mão dupla: amparo e protecionismo em troca de voto.

O problema é que a paixão deixou de ser cega e a fidelidade ganhou preço. Para bancar esse sistema com vereadores e cabos-eleitorais tem que ter muito dinheiro para disponibilizar. Neste aspecto, ganha força e consistência a frase: “ganha política quem tem dinheiro para gastar”. Decifrando em outras palavras: “tem voto quem gasta dinheiro fazendo assistencialismo”. Criaram um monstro e o bicho está engolindo o criador. Virou coisa de doido ou de trambiqueiro.

Nesta conjuntura, apareceram grupelhos de espertalhões que se prestam ao serviço sujo e menos sujo da campanha, mas que se configura em crime eleitoral, para mostrar serviço ao grupo e depois participarem do banquete. Serviços públicos são entregues a essa gente em troca dos feitos. A particularização do público é feita em nome do grupo que estiver na situação. Essa turma está se dando bem e satisfazendo seus interesses pessoais à custa do público em nome do grupo.

Voto de cabresto; curral eleitoral; astúcia e artifício de grupelhos da esfera secundária; satisfação de interesses pessoais. É assim que o sistema está posto. Um modelo com custo elevado. Um sistema caro; viciado e desgastante; corrupto e corruptor. Tudo isso bancado com o dinheiro público. Nestas condições o município não alcançará o progresso.

Ipirá está enroscado no bote do atraso. A jacuzada é um grupo genuinamente endógeno e tradicionalmente oligárquico; fechado em seu núcleo aristocrático; não se abre. Dificilmente estas características terão sucesso numa disputa de poder. A impermeabilidade não condiz com os novos tempos. Estão a doze anos fora do poder, visualizando dezesseis. Perderam por mais de dois mil e a última por 49; o que não apaga o mais de dois.

A macacada abriu-se e corre risco de esquartejamento. Quando disponibilizou-se e atraiu Diomário para ser o candidato tomou o poder e manteve a sequência por doze anos, prova de que aliança e coligações são fatores que não podem ser desprezados. Enveredou por um erro crasso ao forjar uma candidata que não era do ramo, deu no que deu, a prefeita eleita  preferiu a auspiciosa, brilhante e bem sucedida carreira de médica, do que ficar nesse lamaçal que é a politicagem de Ipirá. Se assim entendeu foi uma banana bem dada para a macacada. Desgastada a liderança oligárquica, Diomário e Ademildo botaram olho gordo no espólio.

Fizeram Ademildo prefeito. Um sanfoneiro em festa de rock. Faz de tudo para agradar as oligarquias do grupo macaco. Faz de tudo para tomar ou comer sopa de macaco pelas beiradas. Com tudo isso não deixa de demonstrar seu conservadorismo arraigado quando acabou uma praça para beneficiar o paupérrimo INSS, porque foi um terreno cedido pelas oligarquias.

É muito cheiro de personalismo no ar. Não deixa de querer ser o que não é, quando fica no discurso “nunca houve nessa terra”, aplicado até com a seleção de futebol, quando diz: “nunca uma seleção foi tão longe”. Vou dar três exemplos: a seleção de Ipirá que perdeu para Senhor do Bonfim lá dentro; a que empatou de 2 x2 com Serrinha aqui dentro e a que perdeu de 2 x 0 quando Santo Amaro invadiu Ipirá. Se não foi, uma coisa é certa, esse governo não é petista é macaquista.   

domingo, 23 de novembro de 2014

O SISTEMA.

O prefeito Ademildo não perde oportunidade para dizer que Ipirá está virando pólo. Como? De que? Não esclarece, divaga. Talvez pense que é fazendo qualquer obra ou pela boa vontade que a coisa vai acontecer. Como impulsionar o desenvolvimento de Ipirá? Eis a questão.

O dilema é o de sempre: fica no que está, vai para o atraso ou desenvolvimento? No aspecto regional estamos engolidos pela proximidade com Feira e Itaberaba que absorvem possibilidades e encaminhamentos jogando Ipirá na contramão, ao tempo, que impede ou inviabiliza investimentos públicos e privados relevantes em nosso município. Tudo ou o filé é canalizado para lá. Quase nada ou a carne de pescoço vem para cá.

A economia de Ipirá é o ponto que merece atenção, pois sendo um município rural vem sendo dilapidado pelas constantes secas. Buscar resultado em áreas de semi-árido é tarefa árdua e extenuante. O investimento tem que ser bem maior do que em regiões de chuvas permanentes. Aqui o investimento é exigente e a produção é precária. É uma agricultura familiar que fica na dependência da cobertura das políticas do Estado. Não se tem uma definição clara e transparente para o setor econômico produtivo em Ipirá. Falta um plano apropriado e auto-sustentável.

No plano social a fragilidade é uma constante. Mais de 80% da sociedade aufere rendimento de um salário para baixo. Mais de 15 mil famílias dependem da ajuda de políticas assistenciais, sendo que isso representa mais da metade da população. Então o município sobrevive da injeção da bolsa família e dos ganhos da aposentadoria. Suficiente para garantir a sobrevivência, mas inconsistente na fomentação de uma dinâmica desenvolvimentista equilibrada.

Onde está o gargalo que atrofia o município? Na precariedade da infraestrutura (água, energia, esgoto, lixões, aterro sanitário, resíduos seletivos, descarte, manipulação, abatedouros de animais, etc) que não atende e não permite que venha investimentos significativos no campo econômico para o município. Está na fraqueza da estrutura social que não preenche requisitos para dar sustentação ao crescimento e ao avanço necessário, por debilidade e carência de uma força de trabalho qualificada que a impulsão requer.

Não adianta crescer como rabo de cavalo. Não adianta inchaço de um bolo que leva muito fermento. Os problemas crescem mais do que aparecem na saúde e educação. O campo de trabalho é minguado. A renda é precarizada. A falta de segurança está incontida. Não podemos ficar na fantasiosidade de uma importância insignificante num território ilusório que é consumido pela realidade de Feira e Itaberaba. Não temos poder de competição e nem voz política popular consistente.

Estamos num campo de batalha. Ipirá necessita ter uma política concreta de geração de emprego e renda. Ipirá precisa de produção. A sustentabilidade das políticas públicas não é suficiente para promover o desenvolvimento econômico. Ipirá tem que ter capacidade para enfrentar essa disputa. Tem que saber o que é que quer. Os números podem ser suavizados, mas a realidade é cruel. É preciso fechar as contas e os investimentos. Onde está o ponto de estrangulamento de Ipirá? Na politicagem.

A politicagem deixou Ipirá com a cuia na mão. Montaram um esquema perverso de politicagem que se tornou devastador para o município. Essa politicagem de grupo ( tanto faz jacu ou macaco) que foi implementada e é reproduzida com as características que predominam tornou-se um câncer para o município de Ipirá. O município sofre uma espécie de seqüestro por um bando a cada quatro anos, deixa a prefeitura refém e o poder público paga o resgate.

A politicagem do grupismo: o grupo é tudo, é o mais importante e é a prioridade, inclusive a sua permanência e continuidade. Pelo grupo vale tudo, emprega-se acima do Índice da folha de pessoal em desrespeito à lei, porque é do grupo; empresários genéricos se locupletam, mas é do grupo e tem que ser assim. É a transformação do poder público em poder privado, solapando em nome de uma ética e legalidade grupal.

O caciquismo do grupo: o chefe se seguir a cartilha do grupo será bajulado, adorado e endeusado. O grupo tem dono e patrão, “quem pode manda, quem tem juízo e interesse obedece.” O chefe político e o gerente administrativo tratam o poder municipal como um condomínio privado do grupismo.

Uma politicagem particularista: empregar, beneficiar, agradar e agraciar os amigos; perversa, odienta e separatista para os inimigos. Enxergam Ipirá no crivo do amigo e inimigo do grupo. Esse particularismo dilacera o município. Subtrai-se dos munícipes a autenticidade de um poder popular e coletivo porque o atendimento aos interesses particulares do grupo é a essência e a prioridade. Esse é o projeto.

Uma politicagem cancerosa: uma campanha de milhões para se chegar ao poder. Tendo por base o assistencialismo e o clientelismo. A lógica é retribuir com apoio político os benefícios que recebem, significa o estabelecimento do estado de compromisso. Custa caro, muito caro e vira um gargalo. Tem que ter milhões para ganhar as eleições. Criou-se o monstro e o monstro engole todos os polítiqueiros.

Uma porta aberta para os oportunistas: “ganha a política quem tem dinheiro” é o lema consagrado do canalhismo. Um bando de oportunista cria uma galhofa na campanha, faz zoada e zoeira, depois querem virar empresários para atender as demandas e serviços da prefeitura, pior que conseguem, aí começa a divisão do espólio, saque e butim do dinheiro público, tudo conforme a lei e dentro da legalidade. É o preço cobrado pelos interesses individuais. Ipirá paga um preço caro. O custo elevado e dilacerante cria entraves gigantescos. Esse é um município cheio de proezas da boca para fora e carregado de dificuldades nas suas entranhas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

METAFOREANDO.

O vereador Jaildo do Bonfim jogou a gasolina, eu acendi o fósforo e você fica imaginando “pegou fogo!”. Não! Não pegou fogo, nem explodiu, simplesmente, vieram à tona metáforas.

A metáfora do vereador no programa da Câmara de Vereadores na Rádio FM: “Os vereadores de Ipirá parecem leões adormecidos, não sabem a força que têm. Vereador de Ipirá não serve para ser candidato a prefeito como em outros municípios”. Uma constatação fácil de entender.

O vereador e o cabo-eleitoral são as peças mais importantes no esquema oligárquico que domina Ipirá. A grande maioria do eleitorado, principalmente o jovem, não conhece os chefes das oligarquias políticas de Ipirá, se conhece não tem acesso, se tem acesso é restritivo. O vereador é quem tem contato direto, constante, permanente e com acesso aberto e escancarado para atender as necessidades prementes desse eleitorado.

O assistencialismo e o clientelismo são a alma do controle do voto. O porreta é o chefe da oligarquia, agora quem domina o voto é o vereador. A conclusão é simples: o vereador é quem tem voto. A pergunta é mais simples ainda: e por que o vereador não serve para ser prefeito? Porque não pertence à cúpula das famílias que controlam o esquema e não tem poder, mas é a peça chave da manutenção e reprodução do sistema oligárquico.

A metáfora do vereador foi a do “leão adormecido”. A metáfora do blogueiro é a do “vaqueiro”. Toda fazenda grande tem dono, capataz, administrador e vaqueiro. Cada vaqueiro conhece pessoalmente o rebanho de mil a duas mil cabeças. É quem está de olho em cada cabeça, é quem tem intimidade e conhece cada mania e a mutreta de cada unidade. É quem tem o controle para o rebanho não dispersar e não acontecerem perdas. O vaqueiro está marcado para ser eternamente, enquanto vida tiver, ou melhor, voto tiver, o vaqueiro. Está consagrado para ser o que é no sistema:  a alma da coisa sem saber a força e a importância que tem.

Metaforeando podemos dizer que Ipirá é uma fazenda controlada por oligarquias (três famílias), que criaram um esquema de bipolaridade, com dois grupos (jacu e macaco) para não perderem o controle férreo e absoluto. Antônio Colonnezi é o dono da macacada. Luiz Carlos Martins é o herdeiro da jacuzada. Jurandy Oliveira é o ilustre beneficiado desse sistema. Diomário Sá é o capataz e Ademildo Almeida é o administrador que busca mostrar serviço para ser agraciado. O vereador é o vaqueiro. O povo é quem está condicionado a ter o comportamento de gado.  

Metaforeando, podemos dizer que o vereador é o burro de carga desse modelo de dominação, leva quatro anos cuidando diuturnamente e benevolentemente de cada cabeça, fazendo das tripas, coração, para manter o rebanho no cercado e, de quatro em quatro anos, prestar contas tim-tim por tim-tim, para o agrado do dono da fazenda: “ lá no meu roçado teve mil e duzentas cabeças”. Os donos da fazenda adoram isso. Precisam disso. Se não fosse isso o dono da fazenda estaria em maus lençóis; só e somente só, os vaqueiros podem dar conta dessa sustentação. 

Deixando de lado as metáforas, o papel principal do vereador em Ipirá é sustentar e manter um sistema oligárquico que não permite que ele ultrapasse esse limite e essa condição a que está sujeito. O trabalho mais importante do vereador é a prática da assistência ao eleitorado que está no seu controle. O vereador é cria do sistema, seu trabalho alimenta e reproduz esse mesmo sistema. Isso é o paradigma da loucura ou do vício sem saída, porque o assistencialismo é muito caro, requer muito dinheiro, que ultrapassa e muito os proventos do vereador, daí o apelo ao administrador municipal para a situação. Os opositores se viram como podem.

No sistema oligárquico não tem abertura. O vereador será sempre o vereador, desde quando ele se preste a fazer o que a oligarquia desenha para o seu ofício. Obediência e subserviência. Não ao administrador, mas ao sistema oligárquico. Caso contrário, o sistema muda o vaqueiro. Esse jogo de metáforas é incompreensível e não é fácil entender o que se quer das coisas, principalmente, quando o vereador diz que é macaco e vai continuar macaco, se fosse jacu seria a mesmíssima coisa, pois é justamente o mecanismo jacu e macaco que não deixa nenhum vereador de Ipirá nem pensar em ser candidato a prefeito.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

UAU!

Deu chabu. Literalmente, a promessa não foi cumprida. O vestibular era para ser feito em agosto. Não aconteceu. Estamos em novembro, que se encontra amarrado às inscrições. Este ano já foi. O foguete não subiu, chabuteou.

O canto do galo. Indaguei a 480 alunos quem desejava fazer o curso de Matemática à distância; não apareceu uma só alma. Pensei, refletindo: “Se os de casa não se entusiasmam, imagine os da circunvizinhanças! Ninguém quer ser distancieiro.” Indaguei: quantos queriam fazer “cursos universitários” em Feira de Santana? Apareceram 80 passageiros. O Poder Público tem que providenciar mais dois ônibus para o próximo ano. Terreiro que tem galo para cantar, o povo madruga.

Goela abaixo. Sem opção, 400 alunos vão ter que engolir Matemática goela abaixo é o que deseja o poder municipal, da mesma forma que Ipirá vai ter que engolir uma faculdade à distância goela abaixo porque é o que deseja o poder estadual.

Bicuda na canela. Estou pensando em uma turma de 40 alunos fazendo Matemática em Ipirá, à distância, (se é que vão consegui-la. Dois anos consecutivos é totalmente impossível) sem nenhuma vocação, sem nenhum interesse, sem nenhum comprometimento, fazendo-o por não ter outra opção; sem base, sem régua, sem esquadro e compasso. É redemoinho em pé de umbuzeiro, o chão fica carregado de umbu. O curso de Matemática é por natureza complexo, complicado, côncavo e convexo. Na maratona do curso de Matemática nas federais dão partida 40 alunos, cruzam a linha de chegada uma meia-dúzia. Cálculo 2 e 3 engolem 90% dos catedráticos. Em Ipirá, se ensinarem cubar terra já está de bom tamanho.

Comendo coelho por lebre. Ipirá precisa e necessita é de um curso universitário presencial, público, gratuito e de qualidade. Presencial e não à distância. A melhor e mais adequada reivindicação para Ipirá seria um Campus da Uneb, isso não é qualquer outra coisa. Essa universidade à distância não preenche a nossa necessidade e não contempla a nossa precisão. Sem vontade política, os poderes políticos jogam o barro na parede para ver se cola, não percebem que a parede é de taipa.

O grande mico. O prefeito Ademildo apresentou o terreno do campus universitário como se a universidade já estivesse na mão e fosse uma realidade concreta, palpável e verdadeira. Que fora! É nenhuma, meu rei! Entortou a boca. Pagou o maior mico.

Escaldando o gato. Remenda empurrando uma universidade à distância, com um enigmático curso de Matemática e ainda quer que o povo de Ipirá bata no peito e diga orgulhoso: “Ipirá tem universidade”. Uma coisa é indiscutível: Ipirá tem faculdade de Medicina, Enfermagem, Veterinária, Direito, Administração, etc, se eu for citar uma a uma vou levar uma semana, então vou parar por aqui e dizer o seguinte: Ipirá tem todos esses cursos, todos presenciais, porém com a devida ressalva, também é à distância, pois ficam em Feira de Santana, a nossa salvação. Prefeito! Mantenha e aumente o número de ônibus para 2015 e V. Exa. estará sendo coerente, pois está suprindo uma deficiência de nosso município. Sem escaldar o gato, Ipirá continua precisando de uma universidade presencial e pública.

sábado, 8 de novembro de 2014

O PLANO DAS DEMISSÕES.

 

A contradição é cabeluda; cabeludíssima. O prefeito Ademildo não mediu a língua para fazer apologia ao encaminhamento do Plano de Cargos e Salários dos Servidores Municipais com a tinta que lhe foi conveniente, sempre no linguajar do ‘nunca, jamais, isso foi apresentado’. Agora não, isso foi feito e que o seu governo tinha apresentado à Câmara de Vereadores o mais importante benefício aos funcionários.

A apresentação à Câmara foi colocada como uma espécie de respeito ao funcionalismo, um resgate à dignidade do funcionário sonegado a largo tempo e que não poderia perdurar essa injustiça e desrespeito. Pá e bife. Reconhecimento e crédito ao valor do funcionário público. Sinal claro de novos tempos administrativos, da evolução e progresso de Ipirá ao regulamentar a vida funcional do empregado municipal. Modernidade ao incorporar e atender aos anseios dos trabalhadores.

Tudo reconhecido e encaminhado, mas só pode entrar em vigor em meados do próximo ano (2015). Quando o funcionário pensa que está entrando no céu, vem a frustração: só no ano que vem! Enfeitou e confeitou o bolo com cereja e só vai servi-lo daqui a um ano! Vê se pode? Um doce para menino olhar! Galinha gorda assando em televisão de cachorro para uma pessoa com fome admirar! Tanta grandiloqüência para encher os olhos e a boca na metade do próximo ano.

Agora não pode. Quem garante que será possível no ano que vem? Que palavra merece confiabilidade? Que aval é merecedor de credibilidade? Quem poderá dar garantias de que daqui a um ano a situação financeira da prefeitura estará estabilizada e em boa acolhida? Será que vai acontecer algum milagre?

O enterro não cabe no buraco. O sistema engole tudo, as belas palavras e até as boas intenções. O sistema enquadrou as contas do município no limite do estrangulamento. A administração bate cabeça. A Lei de Responsabilidade Fiscal bota o gestor na parede. Tem que haver demissões para ficar enquadrado no limite de 54% da arrecadação.

Ao mesmo tempo que demite para diminuir o índice, faz concurso que elevará o índice que tem que cair; ao tempo que apresenta o Plano que aumentará mais ainda o tal índice que tem que cair. Durma com um barulho desse! As demissões já estão no mural da prefeitura; o concurso já está oficializado; só sobra o Plano de Cargos e Salários para ser empurrado com a barriga. Grande presidente do Sindicato dos Servidores, Iaiá, abra os olhos e deixe-os bem aberto, porque a cada ano tem sempre ‘na metade do ano que vem’. Na maioria das vezes é melhor ser combativo do que vacilão.

Entra administração, sai administrador na prefeitura de Ipirá e o problema não é eliminado. Continua acontecendo  o triste e famigerado bota-fora de funcionários públicos. Quando aproxima-se o Natal e o final do ano acontece a dispensa. Centenas de funcionários são postos no olho da rua. Os demitidos culpam o prefeito, que culpa a Lei de Responsabilidade Fiscal, que quer ser cumprida, nada mais do que isso. É um tormento para quem perde o emprego. Para o prefeito é uma dor de cabeça. Para a Lei é um desrespeito.

Esse é o tripé: o prefeito, os demitidos e a lei. O gestor sabe que tem a lei, mas de forma dolosa atulha a prefeitura de empregados para ganhar votos, depois procurará ludibriar a lei; o demitido, vivendo no aperto do reino da necessidade, topa qualquer parada, até ser funcionário tampão; a lei, dizem que é para ser cumprida; o Plano de Carreira do Funcionalismo Municipal de Ipirá se onerar a folha será engavetado; se impactar a folha será rasgado; se for objeto de enroleixones, já deve estar preparando a carreira. O Plano de Cargos e Salários tem um grande e mafioso inimigo: o grupismo.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

BUSCANDO UM TÍTULO.


Estou buscando um título para esta postagem que aborda circunstâncias atuais com desdobramentos futuros. Qual é o argumento mais forte e preferido do prefeito Ademildo? A tese do alinhamento dos poderes municipal, estadual e federal. Com esse argumento para Ipirá dá certo, crescer e desenvolver na pauta, o prefeito ganha uma preferência inequívoca e inquestionável dentro da macacada, contando só com uma sombra, Diomário, que tem um prestígio, também inquestionável, junto à cúpula petista estadual. Um bom título: O prefeito Ademildo dispara na frente.

Outra idéia que o prefeito Ademildo gosta de explicitar é a de que sua gestão é a maior administração obreira de todos os tempos em Ipirá: “Ipirá é um canteiro de obras. Nunca, jamais, houve tanta obra com recursos próprios como nesta administração atual.” Se colar colou. Se pegar pegou e desmantela o pensar contrário. Como a macacada teria a coragem de repudiar e não querer novamente, em dose dupla, a melhor administração que Ipirá já teve? Seria dizer que o gestor mente, ao tempo que, significa botar na lata de lixo a administração atual. Um título adequado: O prefeito Ademildo sentado num pé de goiaba.

Juntando os dois pensamentos básicos do prefeito Ademildo, a tese do alinhamento e o êxito exitoso da administração atual, coloca-o um passo à frente de Diomário no processo sucessório, desde quando, o grupo da macacada não atue de forma preconceituosa, com exclusividade e exclusão do que foi positivo e deu certo. Se a macacada manter-se dentro de um agendamento racional o escolhido será o prefeito atual. Se a macacada não acatar mais uma oportunidade estará negando a administração atual e se o prefeito Ademildo não se opor a uma decisão desse quilate estará passando um atestado de um administrador fracassado, que acata o crivo do poder decisório de uma cúpula e não se dá ao direito de se apresentar ao julgamento popular. O título seria: O prefeito Ademildo poderá engolir o próprio cuspe.

Reunião na casa do deputado Jurandy Oliveira, o prefeito Ademildo não foi convidado, também pudera, foi reunião da macacada. Se beneficiado houve, foi Diomário. Essa conversa de candidato novo é chover no molhado. O governo petista do Estado não pode perder a prefeitura de Ipirá por ser estratégica e as candidaturas da confiança do governador concentra-se em Ademildo e Diomário. Essa macacada não pode ser tão estúpida de romper com o governo estadual em troca de nada. Um título adequado: O prefeito Ademildo escorregou na casca de banana.

O prefeito Ademildo come espeto do ‘brabo’ quando tem que tomar medidas de alto poder de antipatia, como as demissões de funcionários. Isso é tão fatal como um tiro no pé. Óbvio que é uma imposição da Lei de Responsabilidade Fiscal. Óbvio que quem perde o emprego geme barbaridade e sacode o porrete no lombo do prefeito, mas nada é mais esclarecedor que essa é uma herança cavernosa e maldita que o prefeito recebe do gestor anterior que se utiliza da prática dolosa de entupir a máquina pública com excesso de funcionários para ganhar votos. O título que cai bem: O prefeito Ademildo engoliu um bagunço de jaca.

Está tudo muito bem explicado: o prefeito Ademildo obedece a lei; aperta o cinto; pisa no freio; engole um bagunço de jaca; dá um tiro no pé; bota a corda no pescoço; pula em pára-quedas que não abre e cai num ninho de gorilas. Já foi.  

domingo, 2 de novembro de 2014

É DE ROSCA. (06)


Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Não sei se vale a pena ver de novo
Capítulo: 06 (mês de novembro 2014) (um por mês)

O ex-prefeito Dió demonstrando certa preocupação com a situação administrativa local, pensou: “Tenho que acompanhar este hospital a todo instante para que os aloprados do PT local não façam bobagens.”

Na portaria do hospital, o ex-prefeito Dió encontrou um menino com uma barriga do tamanho de uma gravidez de oito meses, indagou-o:

- O que é que você tem na barriga?

- É bola – respondeu o menino.

O ex-prefeito Dió afastou-se desesperado e começou a telefonar para o prefeito Déo:

- Excelência! Aqui no hospital tem um menino com ebola! Estamos no mato sem cachorro.

- Calma, ex-prefeito! O hospital vai ter que fazer o exame para comprovar se é realmente ebola. Faça o seguinte: pegue amostra de cuspe, saliva ou dejetos do paciente, pegue com a mão e sem luva e leve para o laboratório do hospital.

O prefeito Déo ficou dando risada e pensando: “Se for ebola esse ex-prefeito Dió desaparecerá da minha frente, se não for serve de propaganda; nem ebola consegue matar no hospital daqui.”

O ex-prefeito Dió apontou para o menino e mandou o guarda pegá-lo:

- Pegue esse menino da barriga grande para tomar injeção.

O guarda pegou o menino que ficou esperneando e gritando: “Mi sorta disgraça qui eu não vou tomá injeção!”

- Vai sim, trem ruim! Qui tu não mais home do que ninguém.

Enquanto isso, na zona rural, numa reunião política, um sujeito resolveu acabar o ato cívico, sacou uma arma e assacou do palavrório: “Esse rebanho de ladrão só vem aqui pedi voto, o que eu tenho prá esse povo é bala, é bala, é bala.” E tome-lhe tiro a torto e a direito, ferindo um cidadão no pé, que foi socorrido imediatamente.

Enquanto isso, em outro local, tomando um litrão de cerveja, começou uma confusão entre várias pessoas e um policial foi ferido na mão com estilhaços do pára-brisa de um automóvel. Imediatamente foi dado o socorro.

No hospital, o menino esperneava, gritava e dava mordida. O ex-prefeito Dió ordenou que o mesmo fosse amarrado na mesa de cirurgia. Quando o médico ia tirar a camisa do menino, ouviu-se uma gritaria no corredor do hospital: “Uai, uai, uai! Vou morrer”. Era o ferido no pé. O médico deixou o menino e foi atender o paciente vitimado de bala.

Neste exato momento, chegou o soldado com ferimento na mão querendo ser atendido. Ao saber que não tinha médico disponível, sacou a arma e começou a dar tiros prá cima.

- Lá vem o atirador terminar o serviço! – gritou a enfermeira que começou a correr pelo corredor, sempre acompanhada pelo médico e saltaram o muro do hospital.

O menino conseguiu desatar os laços que o prendia à cama e seguiu para o corredor, ficando de frente à correria do ex-prefeito Dió, que vinha embalado. O menino falou:

- Seu home! Essa bola é minha e eu não dou a ninguém.

-Sai da frente seu ebola disgraçado – gritou o ex-prefeito.

Atrás do ex-prefeito Dió vinha o soldado dando tiro e gritando:

- Nessa disgraça não tem médico para atender não? Comigo é bala; lá vai bala.

Uma bala pegou na barriga do menino que estourou e o garoto começou a chorar: “Uai, uai, uai! Sua disgraça! Você pocou minha bola.

- Atingiu a barriga do menino! – Gritou o porteiro.

O prefeito Dió ficou pensando no ebola se espalhando, aí foi que o ex-prefeito disparou: “pernas pra te tenho”, pulou o muro do hospital parecendo atleta de salto com vara; acelerou na frente da fábrica; ultrapassou todos os carros na subida do parque; emburacou no matadouro; estava exausto, deitou-se querendo botar as tripas pela boca e pensou extasiado: “Veja quem foi que me salvou! Logo quem, o Matadouro de Ipirá! Ainda bem que ele não funcionou até hoje e fica o prefeito Déo dizendo que vai inaugurá-lo; ainda bem, que eu sei que ele diz isso de boca, só de boca, isso aqui não vai funcionar nunca.”

O ex-prefeito Dió observou que tinha algo estranho no seu braço e indagou em voz alta:

- O que é que esse carrapato de ovelha quer no meu braço?

Nem tinha terminado e ouviu uma voz grossa e firme: “Me respeite seu ex-prefeito! Eu sou é mosquito e não carrapato de ovelha! Eu sou é o terrível Chico Gunha e vou lhe dá uma picada.”

- Uai, uai, uai, - gritou o ex-prefeito.

O prefeito Déo sabendo do ocorrido no Matadouro de Ipirá, deu a ordem:

- No meu hospital está suspensa qualquer operação e quem chegar com Chico Gunha não entra de jeito nenhum – depois pensou: “Agora eu quero ver se esse sujeito não sai da minha frente.”

Suspense: e agora, esse matadouro sai ou não sai?

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. Inaugurou! Acabou, imediatamente.

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.