quarta-feira, 31 de outubro de 2018

DEU O CAPITÃO


Eu fiquei observando os mínimos detalhes dos discursos e a festa da vitória; com a oração antes da entrevista, pensei: “esse capitão é um Enviado de Deus!”

Na sua fala, o presidente disse que o primeiro ato será a problemática do armamento, pensei: “esse presidente é um Enviado da Taurus!”

Ninguém paga para pensar; pensei: “agora, a indisciplina na sala de aula vai acabar.”

No tempo do PT era assim: a balbúrdia pegando fogo na sala de aula e o professor querendo e precisando explicar o assunto solicitava educadamente, com toda gentileza, pisando em ovos, que os alunos fizessem silêncio; pronunciava pacientemente: “meus queridos alunos! Por favor, façam um pouco de silêncio para que eu possa explicar e vocês possam entender esse assunto que é de extrema importância para todos vocês.” Entrou por todos os ouvidos e saiu pelos outros. Continuavam num fuzuê ainda maior.

Pensando bem, no tempo do capitão reformado, que vai começar, será assim: quando estiver acontecendo o maior fuzuê dentro da sala de aula, o mestre solicitará silêncio e atenção por diversas vezes e não será atendido em nenhum momento. Ninguém dará a mínima atenção.

O mestre, naturalmente, ficará inquieto e com a cabeça fervendo; sacará uma pistola 765 da cintura e apontará para a cabeça de um aluno e dará um grito: “CALA ESTA BOCA FILHO DE UMA JEGA, SENÃO EU TE MANDO PARA O INFERNO!” Na sala acontecerá o maior silêncio, a turma não dará um pio.

O mestre deixará a sala de aula bastante recompensado, afinal, não será atropelado pelo descaso e terá conseguido a disciplina desejada e indispensável para o exercício do seu ofício. Não perceberá se vai acontecer aprendizagem, mas quanto ao silêncio! Lá isso, vai acontecer.

Quando for deixar a escola, o mestre observará que um ladrão está tentando tirar o estepe do seu carro, sacará a pistola e mandará uma bala na cabeça do indivíduo, que cairá duro. Não dará em nada, apenas um processozinho besta que será engavetado, como disse o presidente: “caminhoneiro armado que meter bala no ladrão do estepe estará defendendo o seu patrimônio.” Nas investigações descobrir-se-á que era um estudante que queria esvaziar o pneu. Vixe, Nossa Senhora Santana, mãe de Jesus Cristo! Se tornará num verdadeiro detono. Vamos deixar esses pensamentos ruins prá lá.

O presidente Jair Bolsonaro foi eleito pelo voto popular, com a maioria dos votos válidos, ganhou nas urnas o direito de usar a faixa de presidente. O Temer foi presidente por um golpe institucional. Agora, a bancada do BBB (bala, boi, bíblia) chegou ao poder pelo voto. Trata-se de uma extrema-direita que cogitava exorcizar as urnas eletrônicas, mas que a democracia concedeu-lhes a oportunidade de administrar esse país. Resta-nos aguardar, na resistência das causas populares, o tempo que virá.

Em Ipirá, foram 106 abstenções a menos do primeiro para o segundo turno. Total 43.561 eleitores, só votaram 35.514 eleitores; não comparecendo 8.041 (18,54%) eleitores.

Em Ipirá, Haddad teve 82,42% dos votos; Bolsonaro ficou com 17,55%. Deixando bem claro que o grupo da situação local (jacus) não fez um grande empenho em conjunto pelo candidato da extrema-direita, ficando o voto individualizado e voluntário.

Em Ipirá, 263 eleitores que votaram em branco no primeiro turno, resolveram votar em um dos dois candidatos no segundo. Dos votos nulos no primeiro turno, 651 eleitores resolveram votar válido e 2.586 eleitores continuaram anulando o voto.

Fazendo uma projeção para as eleições municipais 2020: 43.651 eleitores; comparecerão, 35.550, sendo que 350 votarão em branco e 2.600 anularão o voto. Dos 32.600 válidos, a macacada “pensa” que terá 30.000 e jacuzada, por sua vez, “pensa” na virada, que terá 25.000. Nada disso terá validade, porque daqui prá lá, novos eleitores serão inscritos e muitos deixarão de existir.

O que importa, realmente, é que o novo presidente Jair Bolsonaro mostre-se à altura do mandato que recebeu, respeitando a democracia que o elegeu; as liberdades elementares para o povo brasileiro e que coloque a Constituição acima de todos.

sábado, 27 de outubro de 2018

NO CAMINHO DAS URNAS


O atual momento no Brasil não é nada fácil; está muito delicado e complicado. Estamos vivenciando há muito tempo, um período bastante difícil: de recessão na economia, desemprego na sociedade e uma situação eleitoral de convulsão política com duas candidaturas em posição extremada, que poderá detonar a bomba e piorar ainda mais o quadro atual. O Brasil está dividido e polarizado. O sinal de alerta está acendendo o pisca. Só não percebe quem não quer perceber.

Nunca houve no Brasil uma eleição presidencial com uma configuração tão contraditória e conflituosa como está acontecendo agora. Sem dúvida, a crise política está com febre alta, com pressão nas nuvens e sinais vitais com debilidades críticas e visíveis. O desenrolar dos acontecimentos atira a nação para longe da conciliação, da acomodação e do consentimento, tão apropriada ao gosto do centro democrático.

Diante de uma conjuntura tão imponderável é necessário que o cidadão brasileiro fique atento porque, mesmo que pareça pouco perceptível, esse quadro terá um desdobramento imprevisível a partir da definição das eleições presidenciais do dia 28 de outubro, o que aumenta a responsabilidade do ato de escolha do eleitor.

É chegado o momento da decisão para desatar o nó. E nessa tormenta, o povo brasileiro vai comparecer às urnas para decidir o caminho que o país seguirá daqui prá frente. Não se trata de mera brincadeira ou de algo simplório e insignificante. É o futuro próximo do Brasil que está em jogo. Será definido através da ação política, com a escolha da mais alta autoridade do país.

Apresentam-se dois candidatos antagônicos com plataformas diferentes. Duas pontas de lança para o eleitorado decidir por uma delas. O divisor das águas é conturbado e a decisão pressupõe uma linha condutora.

Observe cuidadosamente. Uma candidatura representa a extrema-direita, que pode ser muito bem compreendida nos seus arroubos, com atitudes desproporcionais, estúpidas e de brutalidade. “O Supremo Tribunal Federal, a gente fecha com um soldado e um cabo,” no dizer do filho do candidato, um menino de 33 anos, que foi eleito deputado.

A outra candidatura, queiram ou não, situa-se no campo democrático e no respeito à Constituição. Recentemente, sofreu o impedimento da presidente e não reagiu com violência, nem fora dos trâmites jurídicos.

O que acontecerá daqui para frente? Não é do interesse do povo que o país fique alimentado pelo ódio, rancor e raiva, uma combinação explosiva. O Brasil corre o risco do fascismo dominar a esfera política e não é nada conveniente. Seria brincarmos no fio da navalha.

O caminho verdadeiro é o da democracia, com a manutenção da estabilidade jurídica. O autoritarismo, o militarismo, a intolerância, o obscurantismo e um regime autocrático de poder será uma roleta russa para essa nação, que se encontra entre a cruz e a espada, sendo melhor, não dá sopa para o azar. Não pague para vê e não brinque com fogo.

Uma posição política equivocada e inconseqüente poderá causar conseqüências imprevisíveis para o país. Tem que prevalecer o Estado de Direito, com o combate à corrupção e à violência dentro da Lei e no âmbito da democracia, que exige o equilíbrio entre os poderes, para que a sociedade brasileira se torne mais justa e melhor.

domingo, 21 de outubro de 2018

VOTO CABRA DA PESTE


’Há perigo na esquina’
Para enfrentarmos juntos, esse horror que nos aflige,
temos que juntar palavra e força: voto.

Meu voto não é brincadeira, nem galhofa;
Meu voto tem cara feia para ditadura militar. Essa coisa medonha nem como assombração serve; aqui não tem regue.
Meu voto não abraça quem defende a violação dos direitos humanos.
Como é que eu vou me negar como ser humano?


Mesmo com tanta onda,
meu voto sabe o que de fato representa um programa de governo de extrema direita: Autoritarismo.
Uma síntese ideológica carregada com um viés de pensamento truculento e obscurantista
O horror está de espreita para nos afrontar.


Parei para refletir acerca do meu voto; sua importância e sua relevância.
Ele tem ‘responsa’, obrigação e generosidade. Tem compromisso, sim!
Com os mais elementares traços de civilização e humanismo.

Meu voto respeita os direitos das minorias e não dá tréguas à violência e a tortura.
Não dá guarida a quem fica ameaçando constantemente a quebra da normalidade democrática. Nem vem que não tem!
Não senta à mesa com nenhum projeto político de continuidade e aprofundamento dos ataques aos direitos políticos e sociais do povo brasileiro. Chega prá lá!

O Brasil está afundando em muita fúria, tanto ódio e bastante grito.
Como num jogo de futebol; necessário se faz, um minuto de silêncio antes da partida começar,
para que todos os votos ouçam o sinal de alarme: algo está em perigo.

A democracia e a liberdade não podem ser derrotadas.
Meu voto é coisa simples; simplesmente se amarra na democracia que garante ao povo o direito de reivindicar salários e até mesmo brigar contra medidas nefastas do governo, quando colocam direitos em risco.


Em risco: direitos básicos e históricos dos trabalhadores como o fim do 13º. Salário. São ameaças veladas.

Em risco: o país como nação fundada no Estado Democrático de Direito. Possuem como método de atuação a destruição da democracia.

Em risco: o que resta da soberania nacional. Defendem o entreguismo deslavado.

Contra o risco: o meu voto e o seu para a defesa da pátria, dos direitos do povo e da democracia.


A ameaça é fascista.
Fere a democracia: quando defendem o desaparecimento de muitos adversários e pisão de coturno no pescoço.

Fere a democracia: quando anseiam banir da política os ativistas.

Fere a democracia: quando pretendem privar de suas terras os quilombolas e os indígenas; significa extirpá-los do país.

Fere a democracia: quando exaltam as opressões da ditadura.

Fere a democracia: quando defendem insistentemente a tortura e o extermínio, sempre acenando com medidas autoritárias.

Para curar as feridas: o meu voto e o seu.


Meu voto é cabra da peste, nordestino e brasileiro,
“contra a imposição de falsas verdades e de equivocadas certezas.”
Não ampara, nem protege corrupção, quem deve tem que pagar, dentro da Lei e da Justiça.
‘Há perigo na esquina.’

domingo, 14 de outubro de 2018

VIVA A DEMOCRACIA


O Brasil encontra-se numa encruzilhada delicadíssima, onde o quadro apresenta-se ao modo de uma forquilha mergulhada numa polarização que coloca os dois candidatos a correrem atrás dos eleitores que os rejeitaram no primeiro turno. Esses últimos dias serão decisivos.

Todo cidadão brasileiro está sendo convocado para desatar o nó, num processo eleitoral marcado para o dia 28 deste mês. É muita responsabilidade jogada nas costas do povo e nenhuma brincadeira à vista. Duas forças no corpo a corpo.

O caminho da confrontação, da violência e da intolerância é uma linha tênue, emblemática e perigosa, que poderá jogar esse país num precipício. Tem que acontecer um profundo debate a ser travado com a sociedade brasileira e uma reflexão mais apurada no sentido de destravar as blindagens, mostrar os horizontes e o que está em jogo.

A defesa e a manutenção da democracia no Brasil é um ponto básico e essencial para o exercício da política na sociedade brasileira. Não existe nenhuma possibilidade de barganha, de suspensão e de relaxamento do Estado de direito e democrático no Brasil. Este é um princípio inegociável e fator importante na tomada de decisão que os eleitores irão realizar no segundo turno.

A questão social no Brasil precisa melhorar no sentido de eliminar a pobreza que atormenta milhões de brasileiros e a democracia precisa garantir comida na mesa do povo; trabalho e direitos aos trabalhadores; combate ao racismo e um programa que possa ser traduzido em estímulo ao desenvolvimento do país e na defesa da soberania nacional e dos direitos do povo. Um programa social é fundamental para que o cidadão possa decidir de maneira sensata a sua escolha no segundo turno.

Este jogo não pode permanecer na obscuridade, tem que ser claro e evidente. O caso Bolsonaro tem o aspecto de uma jamanta, que parece não ter freio, descendo uma ladeira. Um perigo. Um papel em branco, que diz meia dúzia de chavões, coisas simples e equivocadas. Sobre o problema da segurança assegura que tem solução com extermínio, assim o Brasil não teria problemas de segurança, porque se mata sem pena de morte. É um político autoritário, retrógrado e radical de extrema direita, que poderá levar esse país para um governo civil autoritário com apoio militar. Esse é um grande risco.

O oponente é Fernando Haddad, a única opção possível. Um professor universitário e político moderado, que tem uma tarefa gigantesca pela frente, numa conjuntura extremamente complexa, de se deslocar para o centro e receber a votação desse eleitorado que deu preferência aos quatorze partidos que ficaram na neutralidade.

Os resultados das Eleições 2018, no primeiro turno, em Ipirá, não apresentaram novidades: num total de 43.560 eleitores, votaram 35.519 eleitores, não compareceram 8.041. Para presidente, Haddad 21.675 e Bolsonaro 4.036, para governador, Rui Costa 21.616 contra 7.298 de Zé Ronaldo. Aí o grupo da macacada fica soltando foguete, achando que o grupo da jacuzada está liquidado.

Pode ser um grande engano, porque esses números são soltos, livres das amarras dos grupos. O que vai contar de verdade é a postura política, porque historicamente, quem era esquerda em Ipirá era a jacuzada; sendo a macacada a representação da direita e do fascismo. A jacuzada rendeu-se à ditadura militar e perdeu completamente o trem da história.

Agora, a jacuzada está diante de uma nova oportunidade de redimir-se da fraqueza e vacilo do passado, se assumir uma posição de importância no campo democrático e progressista. Suas lideranças vão ter a chance de tomar uma posição entre o fascismo e a democracia. É isso que se desenha para o Brasil nesse momento.

Qual será a posição política da jacuzada? Que não seja fruto da falta de entendimento, da ingenuidade, da onda, ou mesmo, da mesquinharia local da intriga do jacu e macaco, porque a história não perdoa e o momento em que vivemos no Brasil, não é dado a nenhum cidadão o direito à indiferença e omissão.

Que todos usem a sua autoridade moral de forma a derrotar o crescimento do fascismo brasileiro. A Justiça, a Polícia Federal e Ministério Público  ficarão incumbidos e darão conta de todas as quadrilhas que participaram ou se envolverem em casos de corrupção, mas no âmbito do Estado de direito e da democracia.

Para o segundo turno, em Ipirá, temos o seguinte prognóstico eleitoral: são 43.560 eleitores, comparecerão 40.000; serão 400 brancos e 600 nulos; Bolsonaro ficará com 8.625 e Haddad com 30.375 votos.

Por favor, não caia na bobagem de fazer aposta com esses números, eles só servem para observarmos a posição da jacuzada. Não a ditadura, a militarização da sociedade e viva a democracia.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

CASAMENTO DA 54 COM A 55


Domingo, dia de sossegar. Mesmo sendo um dia de eleições presidenciais, o eleitor tem que ter a tranqüilidade para votar e exercer seu direito democrático. Estou querendo paz, tranqüilidade e calmaria. Correria na urna, para andar ligeiro e descansar, afinal, trata-se do Primeiro Turno, das presidenciais, em Ipirá-Ba

Antes de sair de casa, liguei a televisão que apresentava a coletiva da ministra Rosa Weber, presidente do Tribunal Superior Eleitoral TSE, que falava dos avanços tecnológicos do sistema eleitoral brasileiro, argumentava sobre a tranqüilidade, a transparência, a eficiência, a lisura e a rapidez do processo eleitoral, que apresentava os resultados gerais em algumas poucas horas, num tempo recorde para um país continental Tudo isso para valorizar o exercício da cidadania e o bem-estar do eleitorado brasileiro. Coisa inimaginável e do outro mundo.

Fiquei admirado e arrebatado. Pense num sentimento profundo e indizível que aparenta corresponder a uma enorme alegria, assim estava eu; tomado por um orgulho alvissareiro e com aquela vontade exacerbada de exercer meu direito de cidadania num sistema perfectível, avançado e de primeiro mundo. Nada melhor do que ser brasileiro e melhor ainda, ser eleitor brasileiro.

Almocei na hora certa, descansei um pouco e fui cumprir meu dever cívico, na seção 55 da Escola Alzira Bela, na cidade de Ipirá. Estava sereno e fazia uma previsão de alguns minutos para exercer o meu direito sagrado, constitucionalizado e respeitado do voto, ainda mais, quando o meu voto carrega um caráter libertário e de coerência com a manutenção da democracia.

O primeiro impacto teve a força de uma facada na boca do estômago. No pátio da escola, um pequeno cubículo, estava um amontoado de eleitores querendo exercer o direito do voto. Tinha que haver uma fila! E, realmente, tinha uma fila labiríntica, de feitio tão complicado que só a muito custo o eleitor encontrava o fim da fila.

Colocado no fim daquela intrincada e entrelaçada fila percebi que a coisa era complicada e obscura. Eram precisamente 14 h. A luz solar adentrava pela porta do cubículo e incomodava-me bastante, a fila andou meio metro e eu saí daquela posição incomoda. Comecei a pensar sobre o porquê daquela situação e constatei que era devido ao casamento da seção 54 com a seção 55 e num local que havia quatro seções passou a ter somente duas. Estava explicado.

Com meia hora eu já estava agoniado, um calor infernal e o suor escorrendo pela face e pelo corpo e eu sentia que a subaqueira estava virando uma lagoa e aquele rebanho de eleitores espremido naquele cubículo estava começando a ficar impaciente: “Essa fila é coisa do capeta!” gritou um eleitor, que foi rebatido por outro eleitor: “Do capeta nada, isso só pode ser coisa de um jumento!”

Eu não disse nada, mas eu sabia que o jumento trabalhador e perfeccionista do jeito que é não seria tão burro para cometer uma mancada de tamanha envergadura para sacanear com a cara do eleitor. Eu pensei: “Isso deve ser invencionisse de algum quadrúpede burocrata para espezinhar o eleitor!” pensei, mas não falei.

Com uma hora na fila eu já estava irritado. Numa fila eleitoral e ninguém podia falar de política. Seria crime eleitoral. Eu notei que as pessoas estavam ficando estressadas. Aí, Luís da Laranja falou comigo: “Essa fila é de rosca, parece o Matadouro de Ipirá, não sai do lugar” É verdade Luís! Isso aqui não sai do lugar e é um Matadouro de Eleitor. Pensei e falei.

Eu nem vou falar o que é fila. É muita confusão e não tinha ninguém, ninguém mesmo, para dar uma orientação e organizar aquele troço. Se fosse eleição de jacu e macaco a bagaceira seria grande. Mas, vamos que vamos, porque o eleitorado apertado, agoniado, já está irritado: “Por causa de uma disgrama de um voto, sou obrigado a enfrentar uma merda dessa!” falou alguém. E tinha gente chegando e gente esperta furando fila. “Eu estou amamentando e se eu não votar agora eu vou embora, não vou deixar meu filho passando fome” Será que o voto agora vai acabar com a fome neste Brasil? Seria bom que o voto deixasse de ser esperteza, mas vamos que vamos porque meu problema é a fila.

Duas horas em pé, com a fila andando à passo de tartaruga. Tinha eleitor esperneando: “Por causa da desgraça de um voto, vou ter que agüentar uma p.... dessa!” Olha a que patamar estava chegando o voto, tudo por causa do massacre que estavam impondo ao eleitor.

A fila já estava pelo lado de fora. Com duas horas e meia, eu cheguei à porta da sala da 55 coloiada com a 54. Tinha um papel oficial do TRE afixado na parede, escondido, por trás da fila. O papel olhou para minha cara e disse: “Você é um otário, levou mais de duas horas numa fila quando tem direito a prioridade, kakaka!” Aí foi que eu fiquei arretado, mas eu não vou discutir com uma folha de papel sacana, que é tão f.d.p que acha que quem está na merda de uma fila para dá a p.....de um voto é otário, besta, babaca e o car......

Eram quase 17 h quando teclei a urna e enfiei o voto. Três horas! O tempo de um deslocamento de Ipirá a Salvador, gasto enfrentando uma fila para votar na escola Alzira Bela, em Ipirá.

Muitas vezes, a tecnologia de primeiro mundo não clareia a mente de quem organiza o processo. O eleitor que pague o preço. Não vai aparecer um capeta para pedir desculpa ao eleitor. Não vai aparecer um candidato para agradecer ao votante. Saí da seção, cansado, aporrinhado e sacaneado, mas com todo esse sacrifício e diante de tanta indiferença, eu comparecerei ao segundo turno, porque o meu voto é o meu esforço para não deixar o fascismo tomar conta desse país.