sábado, 30 de agosto de 2014

MACACO PULANDO DE GALHO.

 

Na política, o difícil é saber quem é o sabido e quem é o besta. O aparecimento do deputado Jurandy Oliveira no programa eleitoral de Paulo Souto, nesta sexta-feira, 29 de agosto de 2014, foi novidade para quem não pensa além do primeiro neurônio. Para mim, sinceramente, não foi.

Pouco adianta a desculpa de que o partido forçou a barra, que pegou o deputado pela garganta e colocou-o na frente da telinha com o retrato de Paulo Souto atrás. Esse papo não cola para mim! O partido ia pegar só para a propaganda eleitoral e para o voto não? Eu considero isso, igual ao sujeito sentar no trono do Cão e depois dizer que não tem pacto com Satanás. Se o deputado faz a propaganda é claro que está na campanha! Vê lá se eu tenho um B de besta na testa?

O deputado não é menino amarelo, muito menos marinheiro da primeira viagem, o deputado estava lá porque queria estar e tinha decidido que lá estaria. Se assim não for, a política virou uma bagunça e eu além de besta sou um tremendo otário. No meu entender, o deputado assumiu a condição de candidato da turma do atraso. E agora, governador Wagner? J. O. já foi para o seu berço.

E agora, prefeito Ademildo? Será que o deputado vai tomar um trompaço do prefeito e ter o devido troco? O homem foi ‘pras banda’ de Paulo Souto no programa eleitoral e não vai acontecer nada? Não vai ter nem um pisão no calo? Não, não vai! Porque o prefeito não tem força suficiente para peitar e ir para o confronto com o deputado.

As razões são simples: o deputado é do grupo macaco e o prefeito é chegante; o deputado tem sete vereadores da macacada e o prefeito não tem nenhum, tem somente o vereador do PT, então, não tem como o prefeito sacar e canalizar esses votos para outro candidato; o deputado tem o apoio do líder Antônio Colonnezi e o prefeito choraminga esse apoio; o deputado precisa menos do prefeito do que o prefeito do deputado seja no quesito votos ou na imprevisibilidade do futuro próximo. Que situação, em prefeito Ademildo! Não podes fazer nada, vai ter que engolir.

O deputado tem lá suas razões. Ideologicamente o deputado sempre foi do lado de lá, assim sendo, o deputado deve estar voltando para o seu ninho, não traiu ninguém. Na prática do dia-a-dia, o deputado foi humilhado pela arrogância do prefeito na demissão de sua esposa da Secretaria de Assistência Social.

Nesta campanha, o prefeito chegou ao lançamento da candidatura na casa do deputado e, na sua cara, disse que Ipirá tinha outros candidatos a deputado além de Jurandy. Vê lá se o deputado ia comer uma conversa despropositada dessa? O deputado deve ter pensado e bem pensado: “desse balaio não sai voto” e deve estar se preparando para cair fora. O prefeito não teve habilidade para agregar. É o que diz um líder macaco: “Eu junto dez e esse prefeito esparrama vinte”. Quem vai sair perdendo será Rui.

Tudo isso aconteceu poucos dias antes do comício de Rui Costa em Ipirá. Governador Wagner, macaco é desse jeito aí! Viu aí, governador, nem sempre é bom meter a mão no fogo, pois sempre queima!  Comício do candidato a governador do prefeito; o deputado dos macacos aparece na propaganda do adversário um dia antes; é bem possível que o grande líder dos macacos fique doente e não compareça ao ato, não duvidem de mais nada; várias lideranças macacas já estão do outro lado. Como é prefeito Ademildo! Vai encarar a luta?

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

PRONATEC.


Observe como a coisa acontece em nossa terra. O prefeito de Ipirá, Ademildo Almeida, recebeu um telefonema do deputado federal C. M. do PMDB de Feira de Santana, que lhe disse:  “Prefeito! V. Exa. quer um Pronatec para Ipirá? Basta a prefeitura conseguir o terreno.” Telefonema claro, explícito e transparente como gosta o prefeito.

Pronatec é o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, foi criado pelo Governo Federal, em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica. Bastava o terreno. Onde seria? Onde estaria esse terreno? Em alguma Praça? Esse prefeito já gosta de acabar uma praça! Parece que terreno é coisa do outro mundo em Ipirá. O prefeito deve ter pensado um bocado, tanto que chegou a ferver os neurônios. Imagine onde ele foi procurar esse terreno?

Indagou se a Paquetá poderia doar o terreno que fica na área da fábrica. Essa atitude chama atenção para dois fatos, sem dúvida, vergonhosos: primeiro, a doação. Será que a Prefeitura de Ipirá não tem recursos para comprar um terreno? Tem que pedir! O segundo, o local. No terreno da fábrica Paquetá! Ele nem pensou em mais nada.

O terreno da fábrica pertence ao Estado. O prefeito correu para cima do Estado. Imagine, onde isso vai parar! Mas, vamos a questão do local. O tamanho do terreno solicitado representa metade da área da fábrica. Significaria a estagnação completa da fábrica a nível de crescimento, não teria mais para onde fluir e, consequentemente, crescer, ficaria reclusa e circunscrita a área utilizada atualmente. Observe bem, recentemente, a fábrica solicitou um galpão para mais 400 empregos, não conseguiu e teve que ir para Riachão. Ipirá perdeu essa oportunidade de emprego com carteira.

Observe o mais grave: na medida em que a produção da fábrica em Ipirá não pode mais crescer à altura do potencial econômico do país, naturalmente, esta fábrica ficará inviabilizada aqui, por não ter nem uma simples área para ampliação; assim acontecendo, prevalecerá a lógica, a fábrica irá montar sua maquinaria onde houver potencialidade para concentrar uma massa operária de três ou quatro mil pessoas. Esse é um raciocínio simples e que as pessoas não podem se furtar em compreendê-lo.

Se você subtrair terreno da fábrica, você reduz, limita e impede qualquer outra possibilidade de ampliação da linha de produção na fábrica, de crescimento da produção e obstrui a oferta de emprego. Ipirá, hoje, depende mais dessa fábrica do que de qualquer outra empresa. Não se pode tirar a perspectiva de crescimento da fábrica, impondo limite, criando obstáculo, porque isso atrofia a geração de emprego no município de Ipirá.

A área da fábrica não significa um espaço vazio; representa muito mais do que isso, sem dúvida alguma é um espaço vital, de perspectiva e estrutural que não pode ser descartado por um gesto temerário e impensado. O espaço da fábrica é aquele e único, ao contrário, dos espaços de Ipirá, não é só aquele e são inúmeros. Se você provoca a redução de uma área industrial sem necessidade alguma e sem nenhuma justificativa plausível, você está cometendo uma burrice sem precedentes e improcedente.

Ipirá não suporta esse tipo de gestão “tiro no escuro”, é necessário que se tenha uma visão estratégica, com metas estabelecidas, com planejamento e projeto bem fundamentado. Ipirá não é nenhuma roça para ser levado a toque de caixa. Ipirá não é uma vítima para sofrer ações completamente equivocadas e perdidas.

Uma escola junto de uma fábrica. O local é indevido, impróprio e inadequado para uma escola. Seria uma estupidez. Não se pode trocar os pés pelas mãos. Ipirá é um município complicado e complexo. A gestão que toca Ipirá não pode ficar limitada às questiúnculas da politicagem do jacu e do macaco, porque o risco que corre o pau, pode não ser o mesmo risco que corre o machado. Quem está na prefeitura está no filé, mas os operários de Ipirá não podem perder o emprego. Abra a cabeça, prefeito! Que você verá um bocado de terreno disponível. Que venha o Pronatec.

domingo, 24 de agosto de 2014

EMERGENCIALÍSSIMA.

O aperto é grande: 30% das cidades baianas estão em situação de emergência, ou seja, a relação publicada no Diário Oficial do Estado consta 110 municípios baianos atingidos pela estiagem. Ipirá está fora, graças às chuvas que caíram no município este mês de agosto 2014. Nunca, um mês de agosto choveu tanto em Ipirá.

No Mapa do Estio estão: Baixa Grande, Capela do Alto Alegre, Feira de Santana, Itaberaba, Macajuba, Pé de Serra, Pintadas, Ruy Barbosa. A situação climática é crítica nesses municípios nossos vizinhos e isso é um reconhecimento da Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec). Ipirá está fora dessa situação, ainda bem.

Esse reconhecimento da Sudec serve para o município receber recursos públicos para abastecimento de água com carro-pipa, seguro-safra e bolsa-estiagem. Cada município tem que fazer o próprio decreto que precisa ser homologado pelo Estado. Que pena, Ipirá está fora!

A prefeitura deve identificar as necessidades, elaborar projetos e encaminhar para a Sudec, que fará a distribuição das demandas entre as secretarias e ministérios responsáveis. Ipirá, perdeu essa boquinha!

Em caso de emergência reconhecida, o município também fica dispensado da obrigatoriedade de licitação para obras de perfuração de poços e outros serviços deste tipo. Êta, que as empreiteiras de Ipirá vão ficar fula da vida! Já pensou, quanto empresário-macaco ia surgir para cavar buraco?

O problema que vem se agravando nesses últimos cinco anos no município de Ipirá não é só a estiagem, é que as chuvas são irregulares e não estão acontecendo numa sequência apropriada, por isso não suprem a terra da umidade necessária.

O mês de agosto marca o início da seca, sempre foi assim. Este ano foi diferente, tivemos um paliativo. Mas a tendência natural é que a situação se agrave daqui a alguns dias. A comida dos animais é pouca e para poucos dias. Se não houver os cambueiros de setembro e as trovoadas até o final do ano, teremos aperto. É assim que o nosso município gira, no aperto do parafuso sem fim.

A baixa produção e a falta de produtividade esgota o município. A falta de renda empobrece as pessoas. Existe a dificuldade para um produtor rural fazer uma cisterna com recurso próprio. O Estado tem que suprir esta falta de condição, que continua sem solução porque existe a precariedade da renda. A lógica capitalista neoliberal não investe onde não tem retorno.

O risco maior que provoca esses anos de seca constante é o favorecimento de um fluxo migratório de moradores do campo para as cidades provocando um inchaço urbano. O governo investe na moradia popular e outros problemas vão surgindo, como um esgoto ao céu aberto no fundo da fábrica Paquetá provocado por um conjunto habitacional. E emprego para essa gente? É problema!

As políticas voltadas para dar assistência e melhorar a convivência com o clima semiárido são minguadas: ‘Um carneiro e quatro ovelhas’; ‘uma cisterna’; ‘um caminhonete de palma’. Como se isso fosse resolver o problemão, são paliativas. Não tem para onde correr e apelar: essas políticas terão que ser bancadas com dinheiro a fundo perdido e muito dinheiro,  porque é difícil tirar tutano desse osso. Se o pequeno produtor tiver que fazer dívida, não tem como pagar. A produção é atrofiada e dinheiro não nasce em pé de pau. Ou o Estado banca esse investimento ou vai ficar bancando esmola o tempo todo. Já chegou a um ponto que a situação é de calamidade, com ou sem chuva. O produtor sem recursos, não tem como bancar esse esforço.

A escassez hídrica atinge as comunidades, atinge os animais e não dá suporte para o plantio, nem manutenção das pastagens. Fazer o quê?  O que se cobra são obras estruturantes para favorecer a convivência com a estiagem, de modo que o trabalhador rural tenha condições de manter a família com dignidade com o seu próprio trabalho, sem pedir esmola ao Estado. Seria um digno modo de vida para qualquer trabalhador.

Quem é que não sabe que o plantio de palma para alimentar os animais é um grande recurso para o suporte animal? Todo sertanejo sabe muito bem disso. O problema é o custo para o produtor fazer algumas tarefas de palma, tem que esperar três anos e parar de criar nesse período, caso contrário, nunca fará essa palma, porque todo ano tem seca.

Todo mundo sabe as ações que melhoram a vida das pessoas que moram em locais com baixo e irregular índice de chuvas. Todo mundo sabe  quais são as medidas que evitam que as populações rurais deixem o campo e mudem para as periferias dos centros urbanos. Todo mundo sabe! A coisa não é fácil, precisa de dinheiro.

Fácil é brincar com a situação. O prefeito Ademildo afirmou que conseguiu recursos para fazer barragens nos rios Paulistas e do Peixe. Cadê? Já busquei no Google e nada! Já procurei no Cadê e nada! Com brincadeira é que essa situação não vai deixar de ser o que é.

sábado, 16 de agosto de 2014

EL NINJA!


Eleições à vista. Faltam sete semanas. Em Ipirá, a figura que está bem na fita não é nem candidato, chama-se: Diomário Gomes de Sá. Tem fama de estrategista ‘dos bons’, que o seja, impossível é negar-lhe a condição de sujeito sortudo, embora, a sorte sozinha não represente a cereja do bolo pronto. É preciso ter competência e eficiência. Isso, lá ele tem.

Começou sua participação na politicagem de Ipirá como serviçal da jacuzada e manteve uma submissão com muita fidelidade, até o dia em que teve preterida sua candidatura à prefeito pelo grupo dos jacus, que é uma oligarquia fechada e exclusivista no quesito candidatura familiar. Diomário não era da família como, talvez, sonhava.

Pulou para o grupo macaco e foi contemplado com a candidatura. Conseguiu tirar muita gente da jacuzada e impôs uma derrota de doze anos (até agora) aos jacus. Na macacada, Diomário soube atuar com maestria: aquietando alguns tantos; neutralizando outros tantos e diluindo a liderança de Antônio Colonnezi. Foi uma jogada de mestre.

Na última eleição, Diomário, que era o prefeito, insistiu e manteve a candidatura de Antônio, quando encontrava-se definitivamente improvável e com uma manobra forçada trocou-a pela candidata Ana Verena que venceu às eleições, mas redundou num autêntico suicídio político para a liderança de Antônio, devido a uma renúncia temerária e muito mal explicada. A macacada foi enrolada e redundou no desgaste  da liderança de Antônio. Por tabela, Diomário tornou-se o grande beneficiado com a decaída do líder. Hoje, Diomário desbanca Antônio para uma futura candidatura do grupo.

Assume a prefeitura o vice Ademildo, cheio de vontade, querendo mostrar serviço e dizendo que está gostando de ser prefeito. Aí o bicho pegou! Má notícia  e nada disso é conveniente para Diomário. Mais uma pedra para ser retirada do caminho. Como afastá-lo da jogada? Para Diomário não é problema.

O prefeito Ademildo, com seu estilo brucutu, não tem conseguido destravar o município de Ipirá, mesmo contando com o alinhamento partidário em outras esferas. Tem feito um rosário de promessas, mas não tem conseguido novos investimentos para o município e tem pautado sua administração no âmbito das conclusões e inaugurações encaminhadas, ainda, na gestão Diomário, que não perde usufruto desses acontecimentos para uma necessidade e comparação posterior.

A administração Diomário deixou para o gestor Ademildo uma tarefa ingrata e com alto poder de estraçalhar a imagem de qualquer personalidade política: o ajuste da Folha de Pessoal da Prefeitura. Não deu outra. O prefeito passou a ser visto como uma pessoa ruim, perversa e perseguidora. A pretensão de uma boa imagem para o novo prefeito sucumbiu neste momento e veio à tona uma personificação altamente negativa, depreciada e atravancada com uma antipatia de grande proporção gestada no meio da macacada. O prefeito ficou queimado e carimbado como ranzinza e sem coração. Marcado a ferro em brasa, Diomário saiu ileso.

Está na hora de medir o prestígio junto ao governo do Estado e da cúpula petista na Bahia. Prestígio que se mede com voto. Diomário é depositário fiel de números eleitorais expressivos: vitória de JW por 19 mil a seis; Afonso Florence 10 mil, Jurandy 8 mil. São marcas impossíveis de serem alcançadas pelo atual prefeito: se RC perder aqui, em Ipirá; se AF não alcançar 5 mil (vários vereadores e um grande líder estão com Fernando Torres); se Jurandy cair para 6 mil, a culpabilidade recairá sobre a poupança ($) de Ademildo. Diomário sairá ileso e bem lembrado.

O atual prefeito de Ipirá, Ademildo Almeida, que em sua propaganda é o visionário do futuro e o exemplo de administrador para o presente; o que governa em parceria com o povo; o que mais fez com recursos próprios nesta terra; se esta magnitude e magnificência não tiver direito à reeleição, como a lei permite, ficará evidente e clara a negação da sua gestão, que será vista como um borrão que manchou e não serve nem para a própria macacada. Diomário já projetou que está disposto a fazer mais um sacrifício pelo grupo macaco.

O prefeito Ademildo tem um cargo, mas falta-lhe voto, que no sistema da macacada é controlado pelo grande líder, apesar de ferido de morte eleitoral, vereadores e cabos eleitorais. Falta-lhe autoridade para manter a unidade do grupo macaco, coisa que Diomário tem de sobra. Falta-lhe poder de decisão, no frigir dos ovos, aceitará qualquer coisa para não ver Marcelo Brandão chegar à prefeitura e esmiuçar suas contas. Mas, é assim mesmo, quando os acontecimentos não se apresentam como tragédia, ocorrem como farsa. Faltam sete semanas para os novos acontecimentos.

domingo, 10 de agosto de 2014

É DE ROSCA. (3)


Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Não sei se vale a pena ver de novo
Capítulo: 03 (mês de agosto 2014) (um por mês)

Trabalho na prefeitura começa cedo, o ex-prefeito Dió madrugou para os seus afazeres e já estava no batente quando o prefeito Déo parou o carro no pátio da municipalidade. “Esse homem já está aqui!” pensou o prefeito Déo que chamou o ex-prefeito Dió:

- Vamos para o meu gabinete bater uma prosa sadia, de bons e leais amigos.

- É verdade! Muito bem dita por sinal, não pode ser de outra forma, o seu governo é um segmento do meu ótimo governo, porque o que eu não fiz deixei bem encaminhado e, assim sendo, depois do seu governo eu volto novamente – argumentou o ex-prefeito Dió.

- Mas se eu ficasse sentado na poltrona de prefeito, não vinha o Banco do Nordeste, nem o Ponto Cidadão, nem o INSS; tudo isso veio porque o prefeito sou eu e batalhei para que isso acontecesse, então tá na hora de deixar essa conversinha de que eu não estou fazendo nada. Se eu tivesse de contar as minhas quatrocentas obras essa novelinha tinha que levar mais oito anos, então, é bom parar com essa conversinha que eu já não estou gostando disso. Nenhum prefeito fez mais obras do que eu, fique logo sabendo disso – argumentou com firmeza o prefeito Déo.

- Mas, Luiz do Demo fez quinhentas obras no tempo do ‘Brasil Quinhentos Anos’ é mais do que as quatrocentas de V. Exa. – complementou o ex-prefeito.

O prefeito Déo tomou aquele impacto, parou e pensou: “eu nem tinha pensado nisso, mas hoje à noite, quando eu estiver dormindo, eu penso em cento e uma obras e acabo esse lengalenga.” Ao mesmo tempo, observou que o ex-prefeito Dió estava com uma trouxa e indagou-lhe:

- Essa trouxa é de dinheiro? Você está numa boa! Com uma grana dessa o rapaz da rádio não vai dar nem prá melar.

- Bem que eu queria que fosse dinheiro, mas não é! Isso aqui é um cuscuz – disse o ex-prefeito Dió.

- Fique sabendo de mais uma coisa; eu não ia dizer, mas vou falar: eu não quero ninguém comendo cuscuz na minha prefeitura!

- Mas, prefeito Déo! Eu trouxe o cuscuz de casa, daqui do seu gabinete eu só quero um cafezinho para tomar com meu cuscuz – disse o ex-prefeito.

- Com meu café não! Tome com água.

Não é que o ex-prefeito Dió foi comer cuscuz acompanhado de água! Deu um custipiu na barriga e o sujeito se contorceu todo, dos pés à cabeça, e o prefeito Déo pensou rápido: “Tai um defunto bom para inaugurar meu cemitério!” e foi logo tomando as devidas providências, chamando o SAMU 192 de Ipirá:

- Alô, SAMU de Ipirá, aqui é o prefeito Déo! Daqui a uma hora e meia venha aqui na prefeitura que é caso de urgência.

Nem tinha desligado o telefone, o SAMU de Ipirá, o mais rápido do Brasil, já estava na porta do gabinete. O prefeito Déo deu um esbregue:

- Já, é brincadeira! Será que vocês acham que o SAMU de Ipirá é de verdade? Volte pra garagem e venha de ré, Serra Preta não pagou ainda para Ipirá ter SAMU.

Três horas depois, chegou o SAMU 192 de Ipirá, a mais rápida do Brasil, prestando os primeiros socorros ao ex-prefeito Dió. Boca-a-boca; massagem no coração; botaram o homem na maca, colocaram-na na ambulância SAMU de Ipirá e a bicha partiu virada dos novecentos por hora.

A ambulância SAMU 192 de Ipirá, a mais rápida e eficiente do mundo, ia tão retada que não teve condições de parar no Hospital de Ipirá. O motorista pisou no freio e a sujeita só conseguiu parar no Matadouro de Ipirá. O ex-prefeito Dió acordou com o socolavanco da freagem, arregalou os olhos para observar o que estava acontecendo, deu um pinote e disse:

- Tem vinte e dois anos que eu vejo essa desgraça de matadouro e não tem prefeito que dê um jeito nessa geringonça, parece que só o bicho do pé redondo pode botar esse discunjurado prá funcionar.

O enfermeiro pegou o ex-prefeito pelo braço, mas não conseguiu segurá-lo e o ex-prefeito Dió saiu andando pelo asfalto e dizendo:

- Vou agora mesmo na casa do deputado dizer que pelo grupo da macacada eu faço mais um sacrifício, bem que eu não queria, mas se for necessário eu farei mais esse enorme sacrifício em 2016.

Suspense: e agora, esse matadouro sai ou não sai? Será que esse é o pretendente que está faltando para botar nosso Matadouro em funcionamento? Vamos nessa, Matadouro!

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. Inaugurou! Acabou, imediatamente.

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O DIA EM QUE O DEMO PASSEOU EM IPIRÁ.


Feira de Ipirá, toda quarta; meio de vida, sobrevida, bem mais sobrevivência. Sol a pino; ruas aguardando saneamento e sonhando com asfaltamento. O Demo sobe a Avenida.

Faltando cabelo para pentear, botou a domingueira e perfume para disfarçar; Rolex reluzente ao sol; sapato Rafarillo espelhado pelo brilho; camisa italiana indobrável. Lá vem o Demo subindo a Avenida.

Garboso e sorridente! Sorrateiramente a mão do malandro acenava prá lá e prá cá espalhando o vento. Acena prá lá! Vai prá lá fedegoso da silibrina. Acenava prá cá! Te desconjuro, oh, ‘maledito finório!’ Tu não me enganas espertalhão da UDN, da ARENA, do PDS, do PFL, do Demo da maldição. O Demo percorrendo a Avenida.

O folgado cambaleia, o gingado não tem samba no pé, vai como um trem no trilho em tempo de chuva, ensaboado. Bem ensaboado e ceboso! Escorregadio como traíra que não se deixa agarrar. O sujeito tem rebolado na língua. Língua de cobra criada. O Demo deixa a Avenida, adentra pelo calçadão.

O trapizuma mostra-se solícito. Um flash atrás do outro. A máquina Yashica profissional que objetiva a foto que se quer, serve mais do que a que se tira, enquadra, preenche, triplica e multiplica; uma trempe vira uma multidão. O Demo sapateia serelepe no calçadão.

O espertalhão solta a sua lábia cheia de sutileza: “Eu não esqueço essa Ipirá, que não me sai do coração e do pensamento”. Quem não era passou a ser filho de Ipirá. Ipirá nunca teve tanto “filho ilustre” junto. Tu já viu que engana tolo desarranjado? Chega prá lá jacaré, que rabo de lagartixa não cabe em lata de sardinha. O Demo estribuchando no galpão do Caboronga cheio, com trezentas pessoas.

O matreiro soltando a isca, palavras que voam sem asas em busca de ouvidos abertos, viajam suavemente pelo ambiente: “É verdade! É verdade!” Engoliu a isca um desavisado, meio desatinado e sempre desantenado. O Demo passou por Ipirá. São tempos em que o encantamento está galopando em ritmo de preguiça. O povo não tem porque acreditar.

Prefeito Ademildo, não perca seu sono! O Demo subindo pela Avenida, em Ipirá, foi uma trempinha de gente. Se V. Exa. está com uma pulga atrás da orelha por causa das pesquisas, aí é outra conversa; porque eu fico imaginando: V.Exa., prefeito de Ipirá, dormindo dois anos com o Demo, governando a Bahia! V. Exa. deu um recado certo: “macaco que tem vergonha na cara não vota em Paulo Souto”.

O macaco que votar contra o seu candidato está na contramão do seu governo, não é da história, eu considero isso, querer botar V. Exa. no colo do Demo; vê lá se V.Exa. vai agüentar uma espetada dessa! Perseguição à vista. Se o macaco pequeno vai ser perseguido, penso que vai, quero ver o que V. Exa. vai fazer com macaco graúdo! Espero que não seja um discurso elogioso. Espero.

domingo, 3 de agosto de 2014

IDH.

 


Até que enfim apareceu, em Ipirá, um prefeito com coragem para tratar de uma coisa tão relevante como o IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. Muita gente pode dizer: “uma grande bobagem. Serve para que?” Falta informação. O IDH é a radiografia de um município no seu aspecto mais importante: o HUMANO.

Vou um pouco mais longe e mostro os dados do município de Ipirá pelo IDHM da Firjan – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal da Federação da Indústria do Rio de Janeiro. Sem dúvida, o mais eficiente e respeitado estudo nesta área no Brasil. Serve de baliza para muitos municípios.

IFDM da Firjan acompanha anualmente o desenvolvimento socioeconômico de todos os 5.565 municípios brasileiros. É feito exclusivamente com base em estatísticas públicas oficiais, disponibilizadas pelos ministérios do Trabalho, Educação e Saúde.

Tratando-se de desenvolvimento humano em 5.565 municípios no Brasil, Ipirá é o 4.982 e no Estado da Bahia é o 217 entre 417 municípios. Não é o último, mas está na rabeira. Na faixa dos 5.000 no panorama nacional, o Estado da Bahia tem 186 municípios.

Ipirá dá uma chapuletada em Piripá, Abaré, Gongogi, Caatiba, Jucuruçu, Biritiga Arataca, Ipecaetá, todas na Bahia. Também, neste estado, Ipirá fica na frente de Pé de Serra, Piritiba, Mundo Novo, Miguel Calmon, Rui Barbosa, Serrolândia, Pintadas, Carinhanha, Baixa Grande, Xique-Xique e Mairi. Brinque com Ipirá e você vai ver a bagaceira.

Quem cobre a ripa em Ipirá é Lauro de Freitas, nacional 887, estadual no.1; Itaberaba, nac. 4.950, est. 209; Santo Estevão, nac. 4.118, est. 80. Até aí tudo bem, na Bahia tem 216 municípios em colocação melhor do que Ipirá. Tome-lhe município: Lícinio de Almeida, no est. 186; Quijingue, no est. 155; Boninal, no est. 126; Caém, no est. 124; Catolândia, no est. 96; Chorrochó, no est. 95; Ichu, no est. 85; Varzedo, 147; Guajerú, 99; Taboca do Brejo Velho,187. “Pare, pode parar! Ipirá não vai levar taboca de ninguém, principalmente se não sabemos nem se essas cidades ficam na Bahia.” Pode dizer alguém com a pulga atrás da orelha.

Lá vai cacetada: Serra Preta, nac. 4737, est. 171; Macajuba nac. 4751, est. 176; Anguera nac. 4590, est. 131. “Oxente, fie de Deus! Para pur aí, qui eu num vou acreditar numa disgrameira dessa. Inquanto tava lá pur onde o vento faz a curva, eu tava assuntano, mas agora qui tá imbaixo do meu nariz, tu acha qui eu vou comê um H desse. Aqui só teve prefeito dotô e tudo sabido prá botá Ipirá prá frente. Cai fora cum esse tale de IDH, que isso é coisa de quem num tem o qui fazê.”

Em emprego & renda, entre outras cidades, Ipirá toma pau de Santo Estevão e Lauro de Freitas, isso é indiscutível. Na educação, Ipirá tem um Índice de 0,4920 e perde para Lícinio de Almeida (0,7088), lá o Projeto Airton Sena deu certo, aqui não; Serra Preta (0,5083); Macajuba (0,5274) nem vou continuar. Na Saúde, Ipirá tem um índice de 0,4276 e perde para Varzedo (0,6071); Taboca B.V. (0,5771); Guajeru (0,5913); Macajuba (0,4936); Serra Preta (0,5573). “Mas, menino! Só se eu fosse besta de acreditar num troço desse. Logo num tá veno qui eu num sou trouxa!”

Dá para botar fé? São dados oficiais dos Ministérios. Ipirá está no semi-árido. A base de produção do município é a pecuária, que está completamente deteriorada e enfraquecida em circunstâncias das constantes estiagem. A Zona Rural está com um prejuízo imenso, quase quebrada ou ...

Na sociedade, a quantidade de famílias que necessitam de complementação da renda para sobreviver é bastante acentuada. 13 mil famílias necessitam de Bolsa Família, se colocarmos três pessoas por família, teremos 39 mil pessoas, mais da metade de população de 62 mil habitantes na dependência do programa.

A crise econômica e financeira em Ipirá é perceptível na baixa vendagem do comércio; a pirâmide aplicou um golpe em muitas pessoas e sangrou o município. O fiado na base do ‘arriscar um olho para ver se recebe’ é o fator do atraso no setor comercial. O único setor do município que mantém um patamar produtivo adequado é o fabrico de carteiras de couro e a fábrica de sapatos que se tornaram a salvação de Ipirá.

O município tem a fonte de sustentação da maioria da população nas aposentadorias. O funcionalismo público municipal e estadual forma a outra fonte de base salarial. O setor de serviços cobre de forma precária e intermitente grande parcela da sociedade.

No município de Ipirá a pobreza tem lastro e a precariedade na infra-estrutura é perceptível a qualquer olhar. Agora, em pleno século XXI, é que estão começando a fazer o saneamento básico da cidade e com uma tubulação com bitola reduzida, imagina quanto tempo vai durar esse troço.

Uma cidade como Ipirá não tem projeto urbanístico; os bairros populares só passam dois carros ralando um no outro; nunca mais construíram uma praça na cidade e o novo gestor parece que tem uma birra contra espaço público arejado e invocou de acabar as praças da cidade e povoados. A Praça de Santana é a bola da vez. Com as chuvas o lamaceiro tomou conta da periferia da cidade em um verdadeiro sofrimento para os moradores. E por aí a coisa anda.

O IDH de Ipirá está na pindaíba. Ipirá está na quarta divisão do campeonato do atraso. A política do jacu e macaco empurrou o município para este buraco. A politicagem tornou-se o cranco mole que consome Ipirá; sendo dominada por famílias oligárquicas, com interesses de rapinagem, concretizam alianças espúrias para abocanharem o poder através da manipulação e domínio das massas populares. Com tudo isso, ainda vem a propaganda da prefeitura dizendo: “ bata no peito e agradeça: obrigado prefeito Ademildo, muito obrigado, Ipirá agora tem universidade”. Que coisa mais ridícula. O prefeito se acha o ‘Salvador da Pátria’, só quer ser Gesus (com G mesmo). A quem o povo deve agradecer pelo IDH?