Até que enfim apareceu, em Ipirá, um prefeito com
coragem para tratar de uma coisa tão relevante como o IDH - Índice de
Desenvolvimento Humano. Muita gente pode dizer: “uma grande bobagem. Serve para
que?” Falta informação. O IDH é a radiografia de um município no seu aspecto
mais importante: o HUMANO.
Vou um pouco mais longe e mostro os dados do município
de Ipirá pelo IDHM da Firjan – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal da
Federação da Indústria do Rio de Janeiro. Sem dúvida, o mais eficiente e respeitado
estudo nesta área no Brasil. Serve de baliza para muitos municípios.
IFDM da Firjan acompanha anualmente o desenvolvimento
socioeconômico de todos os 5.565 municípios brasileiros. É feito exclusivamente
com base em estatísticas públicas oficiais, disponibilizadas pelos ministérios
do Trabalho, Educação e Saúde.
Tratando-se de desenvolvimento humano em 5.565
municípios no Brasil, Ipirá é o 4.982 e no Estado da Bahia é o 217 entre 417
municípios. Não é o último, mas está na rabeira. Na faixa dos 5.000 no panorama
nacional, o Estado da Bahia tem 186 municípios.
Ipirá dá uma chapuletada em Piripá, Abaré, Gongogi,
Caatiba, Jucuruçu, Biritiga Arataca, Ipecaetá, todas na Bahia. Também, neste
estado, Ipirá fica na frente de Pé de Serra, Piritiba, Mundo Novo, Miguel
Calmon, Rui Barbosa, Serrolândia, Pintadas, Carinhanha, Baixa Grande, Xique-Xique
e Mairi. Brinque com Ipirá e você vai ver a bagaceira.
Quem cobre a ripa em Ipirá é Lauro de Freitas,
nacional 887, estadual no.1; Itaberaba, nac. 4.950, est. 209; Santo Estevão,
nac. 4.118, est. 80. Até aí tudo bem, na Bahia tem 216 municípios em colocação
melhor do que Ipirá. Tome-lhe município: Lícinio de Almeida, no est. 186;
Quijingue, no est. 155; Boninal, no est. 126; Caém, no est. 124; Catolândia, no
est. 96; Chorrochó, no est. 95; Ichu, no est. 85; Varzedo, 147; Guajerú, 99;
Taboca do Brejo Velho,187. “Pare, pode parar! Ipirá não vai levar taboca de
ninguém, principalmente se não sabemos nem se essas cidades ficam na Bahia.”
Pode dizer alguém com a pulga atrás da orelha.
Lá vai cacetada: Serra Preta, nac. 4737, est. 171;
Macajuba nac. 4751, est. 176; Anguera nac. 4590, est. 131. “Oxente, fie de
Deus! Para pur aí, qui eu num vou acreditar numa disgrameira dessa. Inquanto
tava lá pur onde o vento faz a curva, eu tava assuntano, mas agora qui tá
imbaixo do meu nariz, tu acha qui eu vou comê um H desse. Aqui só teve prefeito
dotô e tudo sabido prá botá Ipirá prá frente. Cai fora cum esse tale de IDH,
que isso é coisa de quem num tem o qui fazê.”
Em emprego & renda, entre outras cidades, Ipirá
toma pau de Santo Estevão e Lauro de Freitas, isso é indiscutível. Na educação,
Ipirá tem um Índice de 0,4920 e perde para Lícinio de Almeida (0,7088), lá o
Projeto Airton Sena deu certo, aqui não; Serra Preta (0,5083); Macajuba
(0,5274) nem vou continuar. Na Saúde, Ipirá tem um índice de 0,4276 e perde
para Varzedo (0,6071); Taboca B.V. (0,5771); Guajeru (0,5913); Macajuba
(0,4936); Serra Preta (0,5573). “Mas, menino! Só se eu fosse besta de acreditar
num troço desse. Logo num tá veno qui eu num sou trouxa!”
Dá para botar fé? São dados oficiais dos Ministérios.
Ipirá está no semi-árido. A base de produção do município é a pecuária, que
está completamente deteriorada e enfraquecida em circunstâncias das constantes
estiagem. A Zona Rural está com um prejuízo imenso, quase quebrada ou ...
Na sociedade, a quantidade de famílias que necessitam
de complementação da renda para sobreviver é bastante acentuada. 13 mil
famílias necessitam de Bolsa Família, se colocarmos três pessoas por família,
teremos 39 mil pessoas, mais da metade de população de 62 mil habitantes na
dependência do programa.
A crise econômica e financeira em Ipirá é perceptível
na baixa vendagem do comércio; a pirâmide aplicou um golpe em muitas pessoas e
sangrou o município. O fiado na base do ‘arriscar um olho para ver se recebe’ é
o fator do atraso no setor comercial. O único setor do município que mantém um
patamar produtivo adequado é o fabrico de carteiras de couro e a fábrica de
sapatos que se tornaram a salvação de Ipirá.
O município tem a fonte de sustentação da maioria da
população nas aposentadorias. O funcionalismo público municipal e estadual
forma a outra fonte de base salarial. O setor de serviços cobre de forma
precária e intermitente grande parcela da sociedade.
No município de Ipirá a pobreza tem lastro e a
precariedade na infra-estrutura é perceptível a qualquer olhar. Agora, em pleno
século XXI, é que estão começando a fazer o saneamento básico da cidade e com
uma tubulação com bitola reduzida, imagina quanto tempo vai durar esse troço.
Uma cidade como Ipirá não tem projeto urbanístico; os
bairros populares só passam dois carros ralando um no outro; nunca mais
construíram uma praça na cidade e o novo gestor parece que tem uma birra contra
espaço público arejado e invocou de acabar as praças da cidade e povoados. A
Praça de Santana é a bola da vez. Com as chuvas o lamaceiro tomou conta da
periferia da cidade em um verdadeiro sofrimento para os moradores. E por aí a
coisa anda.
O IDH de Ipirá está na pindaíba. Ipirá está na quarta
divisão do campeonato do atraso. A política do jacu e macaco empurrou o
município para este buraco. A politicagem tornou-se o cranco mole que consome
Ipirá; sendo dominada por famílias oligárquicas, com interesses de rapinagem,
concretizam alianças espúrias para abocanharem o poder através da manipulação e
domínio das massas populares. Com tudo isso, ainda vem a propaganda da
prefeitura dizendo: “ bata no peito e agradeça: obrigado prefeito Ademildo, muito
obrigado, Ipirá agora tem universidade”. Que coisa mais ridícula. O prefeito se
acha o ‘Salvador da Pátria’, só quer ser Gesus (com G mesmo). A quem o povo
deve agradecer pelo IDH?
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