domingo, 3 de agosto de 2014

IDH.

 


Até que enfim apareceu, em Ipirá, um prefeito com coragem para tratar de uma coisa tão relevante como o IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. Muita gente pode dizer: “uma grande bobagem. Serve para que?” Falta informação. O IDH é a radiografia de um município no seu aspecto mais importante: o HUMANO.

Vou um pouco mais longe e mostro os dados do município de Ipirá pelo IDHM da Firjan – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal da Federação da Indústria do Rio de Janeiro. Sem dúvida, o mais eficiente e respeitado estudo nesta área no Brasil. Serve de baliza para muitos municípios.

IFDM da Firjan acompanha anualmente o desenvolvimento socioeconômico de todos os 5.565 municípios brasileiros. É feito exclusivamente com base em estatísticas públicas oficiais, disponibilizadas pelos ministérios do Trabalho, Educação e Saúde.

Tratando-se de desenvolvimento humano em 5.565 municípios no Brasil, Ipirá é o 4.982 e no Estado da Bahia é o 217 entre 417 municípios. Não é o último, mas está na rabeira. Na faixa dos 5.000 no panorama nacional, o Estado da Bahia tem 186 municípios.

Ipirá dá uma chapuletada em Piripá, Abaré, Gongogi, Caatiba, Jucuruçu, Biritiga Arataca, Ipecaetá, todas na Bahia. Também, neste estado, Ipirá fica na frente de Pé de Serra, Piritiba, Mundo Novo, Miguel Calmon, Rui Barbosa, Serrolândia, Pintadas, Carinhanha, Baixa Grande, Xique-Xique e Mairi. Brinque com Ipirá e você vai ver a bagaceira.

Quem cobre a ripa em Ipirá é Lauro de Freitas, nacional 887, estadual no.1; Itaberaba, nac. 4.950, est. 209; Santo Estevão, nac. 4.118, est. 80. Até aí tudo bem, na Bahia tem 216 municípios em colocação melhor do que Ipirá. Tome-lhe município: Lícinio de Almeida, no est. 186; Quijingue, no est. 155; Boninal, no est. 126; Caém, no est. 124; Catolândia, no est. 96; Chorrochó, no est. 95; Ichu, no est. 85; Varzedo, 147; Guajerú, 99; Taboca do Brejo Velho,187. “Pare, pode parar! Ipirá não vai levar taboca de ninguém, principalmente se não sabemos nem se essas cidades ficam na Bahia.” Pode dizer alguém com a pulga atrás da orelha.

Lá vai cacetada: Serra Preta, nac. 4737, est. 171; Macajuba nac. 4751, est. 176; Anguera nac. 4590, est. 131. “Oxente, fie de Deus! Para pur aí, qui eu num vou acreditar numa disgrameira dessa. Inquanto tava lá pur onde o vento faz a curva, eu tava assuntano, mas agora qui tá imbaixo do meu nariz, tu acha qui eu vou comê um H desse. Aqui só teve prefeito dotô e tudo sabido prá botá Ipirá prá frente. Cai fora cum esse tale de IDH, que isso é coisa de quem num tem o qui fazê.”

Em emprego & renda, entre outras cidades, Ipirá toma pau de Santo Estevão e Lauro de Freitas, isso é indiscutível. Na educação, Ipirá tem um Índice de 0,4920 e perde para Lícinio de Almeida (0,7088), lá o Projeto Airton Sena deu certo, aqui não; Serra Preta (0,5083); Macajuba (0,5274) nem vou continuar. Na Saúde, Ipirá tem um índice de 0,4276 e perde para Varzedo (0,6071); Taboca B.V. (0,5771); Guajeru (0,5913); Macajuba (0,4936); Serra Preta (0,5573). “Mas, menino! Só se eu fosse besta de acreditar num troço desse. Logo num tá veno qui eu num sou trouxa!”

Dá para botar fé? São dados oficiais dos Ministérios. Ipirá está no semi-árido. A base de produção do município é a pecuária, que está completamente deteriorada e enfraquecida em circunstâncias das constantes estiagem. A Zona Rural está com um prejuízo imenso, quase quebrada ou ...

Na sociedade, a quantidade de famílias que necessitam de complementação da renda para sobreviver é bastante acentuada. 13 mil famílias necessitam de Bolsa Família, se colocarmos três pessoas por família, teremos 39 mil pessoas, mais da metade de população de 62 mil habitantes na dependência do programa.

A crise econômica e financeira em Ipirá é perceptível na baixa vendagem do comércio; a pirâmide aplicou um golpe em muitas pessoas e sangrou o município. O fiado na base do ‘arriscar um olho para ver se recebe’ é o fator do atraso no setor comercial. O único setor do município que mantém um patamar produtivo adequado é o fabrico de carteiras de couro e a fábrica de sapatos que se tornaram a salvação de Ipirá.

O município tem a fonte de sustentação da maioria da população nas aposentadorias. O funcionalismo público municipal e estadual forma a outra fonte de base salarial. O setor de serviços cobre de forma precária e intermitente grande parcela da sociedade.

No município de Ipirá a pobreza tem lastro e a precariedade na infra-estrutura é perceptível a qualquer olhar. Agora, em pleno século XXI, é que estão começando a fazer o saneamento básico da cidade e com uma tubulação com bitola reduzida, imagina quanto tempo vai durar esse troço.

Uma cidade como Ipirá não tem projeto urbanístico; os bairros populares só passam dois carros ralando um no outro; nunca mais construíram uma praça na cidade e o novo gestor parece que tem uma birra contra espaço público arejado e invocou de acabar as praças da cidade e povoados. A Praça de Santana é a bola da vez. Com as chuvas o lamaceiro tomou conta da periferia da cidade em um verdadeiro sofrimento para os moradores. E por aí a coisa anda.

O IDH de Ipirá está na pindaíba. Ipirá está na quarta divisão do campeonato do atraso. A política do jacu e macaco empurrou o município para este buraco. A politicagem tornou-se o cranco mole que consome Ipirá; sendo dominada por famílias oligárquicas, com interesses de rapinagem, concretizam alianças espúrias para abocanharem o poder através da manipulação e domínio das massas populares. Com tudo isso, ainda vem a propaganda da prefeitura dizendo: “ bata no peito e agradeça: obrigado prefeito Ademildo, muito obrigado, Ipirá agora tem universidade”. Que coisa mais ridícula. O prefeito se acha o ‘Salvador da Pátria’, só quer ser Gesus (com G mesmo). A quem o povo deve agradecer pelo IDH?

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