O
prefeito Ademildo não perde oportunidade para dizer que Ipirá está virando
pólo. Como? De que? Não esclarece, divaga. Talvez pense que é fazendo qualquer
obra ou pela boa vontade que a coisa vai acontecer. Como impulsionar o
desenvolvimento de Ipirá? Eis a questão.
O
dilema é o de sempre: fica no que está, vai para o atraso ou desenvolvimento?
No aspecto regional estamos engolidos pela proximidade com Feira e Itaberaba
que absorvem possibilidades e encaminhamentos jogando Ipirá na contramão, ao
tempo, que impede ou inviabiliza investimentos públicos e privados relevantes
em nosso município. Tudo ou o filé é canalizado para lá. Quase nada ou a carne
de pescoço vem para cá.
A
economia de Ipirá é o ponto que merece atenção, pois sendo um município rural
vem sendo dilapidado pelas constantes secas. Buscar resultado em áreas de
semi-árido é tarefa árdua e extenuante. O investimento tem que ser bem maior do
que em regiões de chuvas permanentes. Aqui o investimento é exigente e a
produção é precária. É uma agricultura familiar que fica na dependência da
cobertura das políticas do Estado. Não se tem uma definição clara e
transparente para o setor econômico produtivo em Ipirá. Falta um plano
apropriado e auto-sustentável.
No
plano social a fragilidade é uma constante. Mais de 80% da sociedade aufere rendimento
de um salário para baixo. Mais de 15 mil famílias dependem da ajuda de
políticas assistenciais, sendo que isso representa mais da metade da população.
Então o município sobrevive da injeção da bolsa família e dos ganhos da
aposentadoria. Suficiente para garantir a sobrevivência, mas inconsistente na
fomentação de uma dinâmica desenvolvimentista equilibrada.
Onde
está o gargalo que atrofia o município? Na precariedade da infraestrutura
(água, energia, esgoto, lixões, aterro sanitário, resíduos seletivos, descarte,
manipulação, abatedouros de animais, etc) que não atende e não permite que
venha investimentos significativos no campo econômico para o município. Está na
fraqueza da estrutura social que não preenche requisitos para dar sustentação
ao crescimento e ao avanço necessário, por debilidade e carência de uma força
de trabalho qualificada que a impulsão requer.
Não
adianta crescer como rabo de cavalo. Não adianta inchaço de um bolo que leva
muito fermento. Os problemas crescem mais do que aparecem na saúde e educação.
O campo de trabalho é minguado. A renda é precarizada. A falta de segurança
está incontida. Não podemos ficar na fantasiosidade de uma importância
insignificante num território ilusório que é consumido pela realidade de Feira
e Itaberaba. Não temos poder de competição e nem voz política popular consistente.
Estamos
num campo de batalha. Ipirá necessita ter uma política concreta de geração de
emprego e renda. Ipirá precisa de produção. A sustentabilidade das políticas
públicas não é suficiente para promover o desenvolvimento econômico. Ipirá tem
que ter capacidade para enfrentar essa disputa. Tem que saber o que é que quer.
Os números podem ser suavizados, mas a realidade é cruel. É preciso fechar as
contas e os investimentos. Onde está o ponto de estrangulamento de Ipirá? Na
politicagem.
A
politicagem deixou Ipirá com a cuia na mão. Montaram um esquema perverso de
politicagem que se tornou devastador para o município. Essa politicagem de
grupo ( tanto faz jacu ou macaco) que foi implementada e é reproduzida com as
características que predominam tornou-se um câncer para o município de Ipirá. O
município sofre uma espécie de seqüestro por um bando a cada quatro anos, deixa
a prefeitura refém e o poder público paga o resgate.
A
politicagem do grupismo: o grupo é tudo, é o mais importante e é a prioridade,
inclusive a sua permanência e continuidade. Pelo grupo vale tudo, emprega-se
acima do Índice da folha de pessoal em desrespeito à lei, porque é do grupo;
empresários genéricos se locupletam, mas é do grupo e tem que ser assim. É a
transformação do poder público em poder privado, solapando em nome de uma ética
e legalidade grupal.
O
caciquismo do grupo: o chefe se seguir a cartilha do grupo será bajulado,
adorado e endeusado. O grupo tem dono e patrão, “quem pode manda, quem tem juízo
e interesse obedece.” O chefe político e o gerente administrativo tratam o
poder municipal como um condomínio privado do grupismo.
Uma
politicagem particularista: empregar, beneficiar, agradar e agraciar os amigos;
perversa, odienta e separatista para os inimigos. Enxergam Ipirá no crivo do
amigo e inimigo do grupo. Esse particularismo dilacera o município. Subtrai-se
dos munícipes a autenticidade de um poder popular e coletivo porque o
atendimento aos interesses particulares do grupo é a essência e a prioridade.
Esse é o projeto.
Uma
politicagem cancerosa: uma campanha de milhões para se chegar ao poder. Tendo
por base o assistencialismo e o clientelismo. A lógica é retribuir com apoio
político os benefícios que recebem, significa o estabelecimento do estado de
compromisso. Custa caro, muito caro e vira um gargalo. Tem que ter milhões para
ganhar as eleições. Criou-se o monstro e o monstro engole todos os polítiqueiros.
Uma
porta aberta para os oportunistas: “ganha a política quem tem dinheiro” é o
lema consagrado do canalhismo. Um bando de oportunista cria uma galhofa na
campanha, faz zoada e zoeira, depois querem virar empresários para atender as
demandas e serviços da prefeitura, pior que conseguem, aí começa a divisão do
espólio, saque e butim do dinheiro público, tudo conforme a lei e dentro da
legalidade. É o preço cobrado pelos interesses individuais. Ipirá paga um preço
caro. O custo elevado e dilacerante cria entraves gigantescos. Esse é um
município cheio de proezas da boca para fora e carregado de dificuldades nas
suas entranhas.
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