quinta-feira, 1 de novembro de 2007


É DE ROSCA.
Estilo: ficção.
Natureza: novelinha.
Capítulo: 01 (mês de outubro 2007)

Ipirá vivia mais um dia calorento, como sempre, e sem grandes novidades, não tinha acontecido nenhum crime e, nem ao menos, uma traição, daí não haver grande burburinho entre os munícipes. Nesse ar de monotonia, algo relevante tinha acontecido e quem mais vibrava e comemorava exaustivamente era o prefeito Dió, que reuniu em seu gabinete, na Prefeitura Municipal, seu secretariado e alguns puxa-sacos, ao tempo, que dizia eufórico:
- A batalha foi difícil, mas alcancei grande êxito na minha empreitada e posso afirmar com toda convicção, que já está disponível 740 mil reais para o matadouro de Ipirá.
A platéia presente não economizou os calorosos e efusivos aplausos:
- Viva o prefeito Dió – gritavam.
- O prefeito Dió conseguiu o que nenhum outro prefeito conseguiu: o matadouro para Ipirá – bradava um secretário.
- Vamos abrir uma garrafa de champagne para comemorar – gritou um puxa.
- Só que aqui não tem champagne – retrucou outro puxa fazendo deboche.
- Eu vou comprar agora mesmo – afirmou o puxa que fez a proposta e saiu em disparada do gabinete, voltando em dois preciosos minutos e, cansado, disparou a língua:
- Aqui está o champagne e quem vai abrir é o prefeito Dió.
O prefeito Dió pegou a garrafa e tentou abri-la, mas não conseguia.
- Prefeito Dió ! ela é de rosca e desenrosca ao contrário – orientou o puxa.
O prefeito Dió, meio sem jeito, e querendo fazer uma gracinha para a turma divertir-se, comentou:
- É verdade, para desenroscar esse troço e o matadouro – frisou bem – eu tenho que fazer o contrário do que fizeram meus antecessores.
Neste espaço de tempo de interminável labuta para abrir o champagne, ouviu-se um foguetório ensurdecedor que vinha do pátio da prefeitura. Um funcionário entrou no gabinete e disse o que estava acontecendo:
- Prefeito Dió, os perseguidos marchantes de carneiro estão festejando o matadouro de Ipirá e querem parabenizá-lo por isso. É uma alegria só.
O prefeito Dió deu um pinote e foi ordenando ao funcionário:
- Não deixe essa gente entrar aqui não. Vamos fechar a porta e as cortinas. Ninguém fala nada, vamos fazer o maior silêncio até eles saírem. Diga a eles, que eu estou em Salvador e que dei a notícia por telefone. Não deixe ninguém entrar aqui. Não quero ver esse povo.

SUSPENSE: Por que o prefeito Dió não quer encontrar os perseguidos marchantes de carneiro ? O que está acontecendo ? Debaixo desse angu tem carne.
Leia o SEGUNDO CAPÍTULO no mês de dezembro 2007.

OBSERVAÇÃO: Como nas novelas da Globo, nesta novelinha É DE ROSCA, tem personagens do bem e do mal (senão não é novelinha), agora só tem um artista, o prefeito Dió. Essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

Um comentário:

Professor Edvaldo Cerqueira disse...

Professor Agildo, acessar o seu Blog, é como comer pães quentes de primeira qualidade, saindo do forno. Na realidade os seus comentários são verdadeiros e bastante claros ao entendimento de até de um simples leitor. Como cidadãos precisamos fazer essas trocas de informações das coisas e fatos que acontecem na nossa comunidade. A sua sabedoria ao tratar do problema do abate de animais em nosso município é de suma importância, pois refletem claramente o despreparo das nossas representações, governantes, produtores e até consumidores quando confrontam os seus interesses e necessidades perante a força da lei e do uso mediato do bom senso. No caso da recuperação do matadouro em Ipirá, o que muito preocupa é saber se a rosca está indo ou vindo, ou melhor, apertando ou folgando, de qualquer forma rosca é sempre rosca...

Abraços.

Prof. Edvaldo