domingo, 12 de julho de 2009

Para não morrer, todo ipiraense tem apenas 1 hora.

São João em Ipirá.


Um adolescente de apenas 15 anos, residente em Salvador, veio passar o São João em Ipirá, cheio de alegria e arroubos próprios da juventude. Domingo, pela manhã, comeu muito amendoim e churrasquinho na Praça do Mercado. Pela tarde, uma dor aguda aportou na barriga do adolescente. Seus familiares levaram-no às pressas ao Novo Hospital de Ipirá.


No Novo Hospital de Ipirá, o diagnóstico foi correto e positivo: apendicite. Aí, o Novo Hospital de Ipirá tomou uma velha prática: "tem que ir para Feira de Santana, reafirmando a velha, conhecida e insistente máxima, de que, todo ipiraense ou melhor, todos os moradores de Ipirá têm uma hora de correria para não correr risco de morte. São 100 km de distância entre o Hospital de Ipirá e qualquer hospital de Feira de Santana.


No Novo Hospital de Ipirá, a velha ambulância com motor quase batido tinha ido à Salvador; a outra tinha levado um paciente para Feira; uma outra, ainda não chegou, é promessa do deputado Jurandy Oliveira. O adolescente teve que ser levado em carro particular, correndo contra o tempo, tentando evitar um imprevisto.


São João no Hospital Cléristo Andrade em Feira de Santana.


O adolescente de 15 anos, saído de Ipirá, chegou por volta das 19 h ao Hospital Clériston Andrade. Neste Velho Hospital, a mãe do adolescente foi informada que não tinha vaga na enfermaria, que estava lotada, e que retornasse a Ipirá para voltar no outro dia pela manhã. A amiga da família do adolescente, dona A, chegando ao Clériston foi informada do fato e indagou quem era o plantonista:


- É Dr. R – disse a mãe do adolescente.


- Será que é um amigo de meu filho K ? Vou lá conferir.


Era. De imediato surgiu uma vaga na enfermaria e a confirmação de que logo o adolescente iria para a mesa de cirurgia. A enfermaria lotada deixava o plantonista Dr. R ocupadíssimo. Quando amenizou a situação, o adolescente foi encaminhado à sala de cirurgia:


- Pára. Chegou um paciente vítima de bala em tiroteio com a polícia e seu estado é grave. Retorne o menino.


A todo instante, chegava uma ambulância de todo buraco, província e cidades vizinhas e distante de Feira de Santana. A maioria tinha que seguir viagem para Salvador. Por incrível que pareça, houve até a separação de um casal, e por coincidência, vindo de Ipirá, onde sofreu um acidente na estrada que liga Ipirá a Itaberaba. A mulher estava inconsciente e em estado delicadíssimo:


- O homem está em melhor condição, só tem quebrado, um braço, duas costelas e uma perna, pode ir para Salvador – disse um preposto do hospital.


Às 3 h da madrugada, o médico R dirigindo-se à família do adolescente, disse:


- Até que enfim aliviou um pouco, vou agora mesmo para a sala de cirurgia com o menino.


Por incrível que pareça, atravessou na frente uma maca com um sujeito todo cortado de facão. Não dá outra, retorna o adolescente para a enfermaria.


Às 7 h da manhã, o médico R foi claro com a família do adolescente:


- Eu estou muito cansado, fiz 21 atendimentos de emergência, mas só saio daqui quando fizer a cirurgia do menino. Estou aguardando a chegada do anestesista, porque o que estava aí já venceu o seu horário.


Às 10 h da manhã, o médico R foi mais transparente ainda:


- O anestesista não chegou ainda e o plantonista que vai substituir-me já está aí, eu vou ter que ir dá plantão em Salvador, mas falei com o plantonista sobre o menino.


- Quem é o médico ? – Perguntou dona A.


- É Dr. G.


Dona A. telefonou para sua amiga e prima do adolescente, Dra. V. que conhecia o médico e telefonou para ele solicitando seus préstimos e atenção.


Às 14 h, o adolescente foi operado.


Tudo terminou bem, mas eu fiquei com uma dúvida e uma pergunta: o que será que diz o Estatuto do Adolescente para este tipo de fato concreto e qual a critério de quem deverá viver nestas ocasiões ?.

Um comentário:

Lilian Simões disse...

Agildo,toda vez q eu abordo algo desse gênero em meu blog,tem sempre alguém que vai lá dizer que eu estou com dor de viúva carlista e sei lá mais o que.
Mas observo que quando vc em seu blog levanta o tapete e esfrega a podridão na nossa cara,quase todo mundo mete a língua no saco e finge que não leu porque não pode chegar aqui e dizer que voce tá com dor de viúvo da Maria das Couves e no final das contas é o que eu sempre digo.A verdade,poucas pessoas a possuem.Aqui em Ipirá mesmo,talvez vc seja o unico que pode desnudar e mostrar para a população a bunda suja da politica de Ipirá.
Um abraço da amiga de sempre.