Uma frente de 6.094 votos. Ninguém está entendendo direito o que foi que aconteceu. Todos sabem que foi uma lapada, uma lapiada, uma paulada, uma cacetada.
Você pode dizer que foi uma chibatada, uma pranchada, uma
petelecada, uma xirupuzada, uma amassadura, uma chapuletada, uma geringonçada,
uma degringolada, uma catástrofe, um saracoteamento, uma inhambuachanga, uma
porangada... Chega! Uma dedada! Pronto, basta.
O que você disser está certo, foi isso mesmo, mas não responde a
pergunta que procura uma resposta: por que essa frente aconteceu? É isso que as
pessoas querem entender.
Seria um grande equívoco tirar o prefeito Marcelo Brandão do
centro da pancadaria e procurar um bode expiatório na periferia do poder
municipal. O prefeito Marcelo Brandão era a pedra angular do poder de mando no
município, sem dúvida, achava-se um rei absolutista, sentado em sua poltrona de
prefeito, gozando de todas as regalias e benesses do poder, ao tempo que, desejava
ser acariciado e bajulado pelos seus súditos. A vaidade humana tem seus graus
de frouxidão diante do poder.
Por que essa frente de 6.094 votos? O prefeito Marcelo Brandão
tinha perdido uma eleição municipal por 49 votos que ficou entalado na sua
garganta. Era um sinal de que o poder municipal chegaria às suas mãos e chegou.
Era uma esperança diante do desgaste de doze anos do grupo dos macacos. Chegou
ao poder pela palavra.
Sua palavra era bonita e eloqüente, mas precisava ser comprovada
pela prática. Eis a questão. Começou sua gestão enraizada aos seus propósitos mais
profundos, não negligenciou ao nepotismo direto e amparou a família na máquina
pública. Não discuto a capacidade, mas saliento a questão ética.
O aumento salarial de mais de 400 % para o cargo de chefe de
gabinete numa máquina administrativa pública cara como a de Ipirá foi criando
na população uma espécie de indignação e desconfiança quanto ao perfil pessoal do
gestor. O episódio da Polícia Federal nunca foi esclarecido e deixou uma
desconfiança muito grande na população.
Não sei se esta gestão MB fez meia dúzia de reuniões com a
cúpula de seu grupo e com seu secretariado para a tomada de decisões. Que tenha
feito! Seu relacionamento com correligionários e pessoas do grupo jacuzada foi
seletivo e conflitante, sendo que nesse afã de ser a liderança criou um desgaste
e um desmonte desnecessário. Criava e condicionava para si um desgaste político
irreversível.
O seu obreirismo retardatário provocou a asfixia da
administração. Sem recurso suficiente para uma obra atirou-se no inconseqüente
atropelamento de realizações intermináveis pelo curto tempo. Com apenas um
telhado do mercado para recuperar resolveu fazer uma reforma na praça.
Precariedade e falta de planejamento era o enredo do último ano. Tudo já estava
perdido e ele não percebeu.
Com sua prática embaraçada, restava-lhe a palavra. Argumentou
que recebeu uma herança maldita e que salvou as finanças do município, recebeu
6094 votos de diferença. Argumentou que era do bem e que os outros eram o mal,
recebeu 6094 votos de diferença. Argumentou que foi a melhor administração que este
município teve, recebeu 6094 de diferença. Argumentou que trouxe o progresso e
desenvolvimento para Ipirá, por isso recebeu 6.094 votos de diferença. Sua
palavra positivista caiu no vazio e recebeu 6094 votos de diferença.
Pela radio FM a palavra do prefeito MB estava transformada em meia
palavra. Uma palavra que estava perplexa pela diferença que não entendia, mas
que ia recorrer à justiça. Quando perdeu por 49 votos não pediu a recontagem,
mas a diferença de 6094 é motivo para tal. O prefeito MB tem que justificar
perante seus eleitores que apostaram confiando na sua palavra: “não
vou perder essa eleição!” ou ‘minha pesquisa aponta empate técnico.’ Nessas
ocasiões, sua palavra já era meia palavra.
O prefeito MB está perplexo e não entende o porque da frente
histórica, que enterrou sua perspectiva política de ser prefeito reeleito e até
mesmo líder do grupo jacuzada.
Sua vaidade não permite uma reflexão e sua consciência não vai
encontrar uma resposta, pois ele não percebe que pisou nos feirantes do Centro
de Abastecimento, nos estudantes da Casa dos Estudantes, que pisou nos seus
eleitores, que jogou pessoas no abismo da aposta perdida e agora, depois do
leite derramado, vai entrar na justiça para que esta sirva de resposta para os
seus erros políticos e seja uma justificativa para a sua consciência. É assim
que sua vaidade funciona.
Sua vaidade não permite e não o deixa perceber o grau de
rejeição que houve à sua pessoa nessas eleições. O prefeito Marcelo Brandão chegou
como rei e imperador ao cargo de administrador e funcionário temporário mais
bem renumerado deste município e não entendeu que quem ocupa o cargo de
prefeito em Ipirá é um ‘passageiro da agonia’, seja ele quem for.
Minha análise eleitoral vai ficar para a próxima postagem,
porque quero terminar com um fato observado em frente ao comitê do candidato MB;
uma pessoa estava em uma moto, parou e gritou: “eu sou jacu até morrer e
vou morrer jacu! Eu estou aqui para trabalhar e até agora não me soltaram!” O
dito-cujo queria dinheiro. Essa é a essência do sistema jacu e macaco. O prefeito
Marcelo Brandão foi vítima de si mesmo e do sistema que transforma o prefeito
da cidade num alcaide que reza na cartilha de um grupelho. Entenda quem achar
por bem entender.
5 comentários:
Que show professor ������������
Sempre com muita propriedade as interpretações do Professor Agildo Barreto. A cada dia me torno mais admirador.
Adoro suas postagens. Sensacional. Parabéns professor!
Parabéns!! Excelente conteúdo 👏
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