domingo, 28 de março de 2021

É DE ROSCA (62)


 Estilo: ficção

Modelo: mexicano

Natureza: novelinha

Fase: Querendo imitar Malhação, que não acaba nunca, sempre criando uma fase nova, agora é a fase do artista prefeito Dydudy.

Capítulo 62 (mês de julho 2019)(atraso de quase  dois anos) (um por mês)


Tomou um banho com desinfetante, passou álcool gel até debaixo do quiquio, vestiu a domingueira mais engomada, na verdade, estava inaugurando aquela roupa e mostrou um sorriso largo na fachada, mostrando um orgulho danado com aquela nova tatuagem na testa, para ficar bem visível. Você já sabe quem é essa figura? É muito conhecida nossa.

 

Ele agora quer ser Frigo, não adianta querer mudar de nome, porque ele é muito conhecido pelo apelido, pela alcunha, pelo vulgo; é o nosso conhecido Matadouro de Ipirá, que se dirigiu à prefeitura de Ipirá e foi recebido por um assessor do prefeito:

 

- O que é que você quer aqui? Veio atrás de emprego?

 

- Não! Eu quero é falar com o prefeito Dydudy. Fique sabendo que eu sou macaco desde que nasci; se você não sabia, que fique sabendo, eu sou cria do ex-prefeito Toinho; vou fazer trinta anos nessa terra; passei por tanto prefeito que já perdi a conta, agora eu digo o seguinte: com tanto prefeito meia-boca que já teve nessa cidade, eu espero que o prefeito Dydudy não seja igual a essa trempe de coisa-ruim que mandou nessa cidade. Por isso eu estou aqui; diga a ele que é Frigo que quer uma audiência com ele.

 

- Oxente, seu Frigo, que violência é essa? Precisava tudo isso? A gente não pode nem fazer uma brincadeira para o clima ficar mais leve aqui na prefeitura, que vocês partem logo com sete pedras na mão. Eu peço desculpas a sua pessoa e vou anunciar ao prefeito Dydudy que você está aqui – disse o assessor, que abriu a porta do gabinete e entrou.

 

- Prefeito Dydudy! Tem um sujeito aí querendo falar com o senhor, ele disse que o nome dele é Frigo.

 

- Frigo! Quem é Frigo? Ele tá querendo emprego? – indagou o prefeito Dydudy.

 

- A cara dele não é de quem gosta de trabalhar, não! Eu acho que ele tá procurando algum encosto. Ele disse que já nasceu macaco – respondeu o assessor.

 

- Ele é macaco de quem? Do ex-prefeito Toinho ou do ex-prefeito Dió? Se for macaco da nossa vice Dynyna, diga a ele que minha agenda está cheia e eu só posso falar com ele no ano que vem.

 

O assessor certificou-se de que a carteirinha de macaco do seu Frigo já estava rota, estragada e com a foto desbotada de tão velha e, não perdendo tempo, ordenou que seu Frigo entrasse no gabinete. Quando o prefeito viu quem era, levantou-se, puxou uma cadeira, pediu que o visitante sentasse e mostrou-se solícito. O tratamento foi VIP.

 

- Seu Matadouro de Ipirá! Quando o senhor chegar aqui na prefeitura, não fique na sala de espera, entre nesse nosso gabinete sem bater na porta. O senhor é gente nossa!

 

- Seu, prefeito Dydudy! Eu gosto do respeito das autoridades, por isso eu faço uma ressalva, me chame pelo meu nome que é Frigo, não me chame pelo vulgo, porque significa um rebaixamento e uma humilhação.

 

- Que é isso, Frigo! Quando eu chamo de Matadouro de Ipirá é uma forma carinhosa de reconhecimento pelos seus serviços prestados à nossa comunidade. Eu estou pensando até, quando terminar essa pandemia, fazer do Matadouro de Ipirá um ponto turístico da nossa cidade, com visitação dos estudantes todos os dias; mas vamos aos entretantos, ao que é que eu devo tão honrosa visita?

 

- Prefeito Dydudy! Eu quero ouvir da sua boca, qual é a sua posição, na condição de prefeito, em relação a minha pessoa? Eu vou lhe contar um segredo: faltando quinze dias para as eleições do ano passado, o então prefeito Marcelão fez uma visita a minha pessoa, lá no matadouro, justamente no momento que passou um garrote lá na porta, ele mandou um vaqueiro laçar o bicho e queria, porque queria, que esse garrote fosse abatido lá no matadouro.

 

- Foi mesmo? Aconteceu isso? – indagou o prefeito Dydudy.

 

- Foi desse jeito, prefeito Dydudy! Eu não quero ter a felicidade de nunca ter que trabalhar na vida, perdida para sempre, se o que eu conto não for a mais pura verdade e Deus, que está lá em cima, é testemunha do que eu falo neste instante e, não duvide prefeito Dydudy se ele inaugurasse aquele matadouro, ele não tinha perdido a eleição, mas eu fiz um cinco-salomão e o garrote caiu nus pau e nunca mais eu vi o dito-cujo.

 

- Muito obrigado seu Matadouro de Ipirá! Eu não sei como lhe agradecer por esta atitude decisiva para botar o malamanhado prá fora de Ipirá. Minha gratidão será eterna e, neste momento, eu adianto que ninguém vai mexer com sua pessoa, você vai continuar na sua, sem fazer nada, numa boa, sem esquentar a moringa, enquanto eu estiver na prefeitura.

 

O prefeito levantou, apertou a mão do Matadouro de Ipirá, quando o seu celular tocou. Atendeu. Depois falou com o matadouro:

 

- Seu Frigo! Infelizmente aconteceu um imprevisto e nós vamos ter que inaugurar o Matadouro de Ipirá ainda esse mês.

 

- Mas, prefeito Dydudy! O senhor sentado disse uma coisa e em pé diz outra, aí eu não entendo mais nada. Sua palavra vale quando o senhor está sentado ou em pé?

 

- Seu Frigo! A minha palavra é o que vale, agora eu tenho que ouvir os empresários macacos para ver quem têm interesse no Matadouro de Ipirá, é só isso, minha palavra não enverga como vara de bambu.

 

- Suspense: e agora? Será que esse matadouro vai funcionar?

 

Fazer essa novelinha demorada e enrolada não é fácil. Faltaram 18 capítulos para o prefeito Marcelão e para o prefeito Dydudy já está no terceiro, formando um total de 21 capitulos vencidos e atrasados.

 

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. ‘Inaugurou! Acabou na hora, imediatamente!’ Agora, o artista é o prefeito Dydudy.

 

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.

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