segunda-feira, 22 de novembro de 2021

É DE ROSCA (65)

 

É DE ROSCA. (65)

Estilo: ficção

Modelo: mexicano

Natureza: novelinha

Fase: Querendo imitar Malhação, que não acaba nunca, sempre criando uma fase nova, agora é a fase do artista prefeito Dydudy.

Capítulo 65 (mês de outubro 2019)(atraso de quase  dois anos) (um por mês)

 

Em Ipirá foi formado um pool com a mídia local: três rádios FM, dois sites e uma dúzia de carros de som, inclusive com a participação do ‘Boy estourado’, para a maior e mais esperada entrevista já ocorrida em nossa terra, com live aberta e a programação do sorteio de um Camaro amarelo para os ouvintes e uma banda (porrada) no pé da orelha de quem, por acaso, não assistir esta entrevista.

Pergunta do repórter: - Seu Frigo! O senhor...


- Pode parar! Se você errar meu nome novamente, eu acabo essa entrevista agora mesmo. Meu nome é Matadouro de Ipirá. Mate o homem, mas não erre o nome. Não vai acontecer entrevista nenhuma se você não mantiver o devido respeito para com minha pessoa.


- Eu peço desculpa, seu Matadouro de Ipirá! Eu afirmo que isso não vai acontecer novamente. Mas, seu Matadouro de Ipirá, não me leve a mal, eu tenho uma pergunta que não pode faltar: por que esse apelido de seu Frigo?

 

- Isso foi coisa do ex-prefeito Marcelão, que mim botou esse apelido para o povo esquecer o verdadeiro matadouro que eu sou, como se eu deixasse de existir; agora não é mais matadouro é frigorífico, na cabeça dele. Vê lá se uma coisa dessa pode acontecer? Isso é botar minhoca na boca de cachorro dizendo que é lingüiça.

 

- Seu Matadouro de Ipirá, o senhor vai ou não vai trabalhar um dia na vida? Diga a verdade - perguntou o repórter.

 

- É mais fácil galinha botar ovo de ema do que eu trabalhar nesta terra. É uma questão de impedimento que não tem satanás que dê jeito. É, simplesmente, por causa de um embargo técnico que ninguém faz questão de lembrar: é água, sangue, osso, urubu, beira do asfalto e outros bolodórios. Essa é a verdade.

 

- Seu Matadouro de Ipirá, em algum momento o senhor esteve perto de trabalhar? – perguntou o repórter.

 

- Sim, sim! Por um minuto, eu pensei que eu ia trabalhar e eu vou contar pra vocês agora: faltava uma semana para as eleições municipais, o ex-prefeito Marcelão vinha em uma carreata do Malhador e quando passava aqui, em minha frente, avistou um garrote na beira da estrada e o ex-prefeito deu a ordem: “pega o sujeito e leva pru tronco; o Matadouro de Ipirá vai ser inaugurado hoje”; o homem nem terminou o palavrório e mais de trezentas motos, sem miolo nas descargas, fazendo um barulho de trovão rasgando o céu, escorregaram na rabeira do garrote, que pinotava mais do que corredor de 300 metros com barreira e emburacou numa moita, levando mandacaru, gravatá e palmatória no peito, sumindo na catingueira. Os motoqueiros ficaram chupando dedo para ver se saia tutano e o ex-prefeito Marcelão ficou azuretado da vida.

 

- Mas o ex-prefeito Marcelão disse, no comício, que o Frigo dele ia ser inaugurado faltando um dia para as eleições. E aí? – indagou o locutor.

 

- Só se for o dele, porque prá mim tudo não passou de conversa pra boi dormir sossegado, sem medo e receio de receber uma lapiada por cima do focinho e ir parar na banca de carne no Centro de Abastecimento. Ninguém comeu aquele H e a lapiada foi de mais de seis mil na focinheira do prefeito, que virou ex, da mesma forma que eu virei ex-matadouro.

 

- Tô entendendo, seu Matadouro de Ipirá! E o prefeito Dydudy vai botar o senhor pra trabalhar, desde quando o senhor tá todo embonecado de branco e vermelho no nome, parecendo que é torcedor do Vila Nova de Ipirá e tá indo prá uma festa de inauguração? – indagou o locutor.

 

- Vou nada! Taí uma coisa que eu pago prá ver: é eu ser inaugurado e funcionar matando boi e servindo carne para o povo de Ipirá. E vou dizer mais: fizeram uma limpa dentro de mim, rasparam tudo, não deixaram nada no meu interior, nada, sumiu tudo.

 

- O quê? O Matadouro de Ipirá foi surrupiado? Isso é verdade? O prefeito Dydudy sabe disso? Ele fez o quê? Quem tem culpa no cartório: jacu ou macaco? Quem abriu a porta para o delinqüente? – perguntou o locutor indignado e sem saber o que perguntar.

 

Fazer essa novelinha demorada e enrolada não é fácil. Faltaram 14 capítulos para o prefeito Marcelão e para o prefeito Dydudy está no sexto capítulo, formando um total de 20 capítulos vencidos e atrasados.

 

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. ‘Inaugurou! Acabou na hora, imediatamente!’ Agora, o artista é o prefeito Dydudy.

 

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.


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