domingo, 17 de junho de 2007


A TRISTE CRÔNICA DA MORTE DE UM CARNEIRO.

A grama do jardim da Praça da Bandeira estava alta e para apara-la eu trouxe um carneiro da roça para fazer um bom serviço. Só queria colaborar. Foi quando o simples jardineiro veio em minha direção e falou alto: - É proibido carneiro aqui.
Como num lance de sorte, no mesmo instante, passou um cachorro e perguntei-lhe:
- E porque cachorro pode andar solto pelas ruas de Ipirá ?
Ele apenas respondeu: - Carneiro não pode e acabou.

Não sei qual é a birra que ele tem contra carneiro, mas não é só ele. Na justiça, até portaria existe proibindo a venda de carne de carneiro na "forma tradicional", mas não tem nenhuma norma exigindo e cobrando do poder público medidas ou a iniciativa de construir ou reconstruir o matadouro em Ipirá, quando, inclusive, o dinheiro já chegou, segundo afirmativa da assessoria do deputado Walter Pinheiro.

A corda está quebrando no lombo do mais fraco e dá para perceber que as autoridades desconhecem o significado e a importância do carneiro para Ipirá. Quem sustenta Ipirá é a pecuária e principalmente a de pequeno porte. Ipirá possui, em torno, de 2.300 propriedades rurais e mais de 80% são de pequenas propriedades e o seu sustento básico é o criatório de ovelhas.

Quando se fala em desenvolvimento com inclusão social, não se pode desprezar esses números acima, além do mais, há mais de mil pessoas no município envolvidas na comercialização da carne de carneiro e que, neste momento, encontram-se em dificuldades para sustentarem as suas famílias e isto significa um trajeto em direção à exclusão social.

A crise que vive a pecuária em Ipirá é profunda e tem uma causa clara, visível e fundamental, que desencadeia toda essa situação : É A FALTA DE UM MATADOURO NO MUNICÍPIO. Esse é o pivô de toda a situação, mas as autoridades não entendem assim e quebram a vara nas costas dos mais fracos, na medida em que condenam a venda da carne de carneiro na "forma tradicional", sem apertar quem tem a obrigação de providenciar os meios (matadouro) para um abate dentro do rigor sanitário. É daí que vem o grande impasse.

Para a venda da carne de carneiro ser diferente da "forma tradicional" só com a existência do matadouro em Ipirá, isso é lógico e indispensável. Mas sem a obrigação da lei para o poder público providenciar o matadouro local e com o arrocho da lei proibindo a venda da carne na "forma tradicional", o desfecho não pode ser outro, que não seja: o benefício de comerciantes atravessadores e dos matadouros de outras cidades (Feira – Pintadas) em detrimento das famílias que vivem do abate e que se transformam em "traficantes de carne de carneiro". E todos nós sabemos que abater em outro lugar não é solução, é atrapalhação.

O que se quer é simplesmente: o ABATEDOURO LOCAL e um CAMPO DE VENDA DE ANIMAIS decente, estruturado e organizado. Depois disso, produzir
e trabalhar em paz, seguindo todas as normas sanitárias necessárias.

Aqui, ninguém come carne de cachorro, que pode adquirir raiva e transmitir outras
doenças com suas fezes espalhadas pelas ruas da cidade, o que demonstra o desleixo da vigilância sanitária. Não entendo a discriminação contra o carneiro, o produto nobre da produção agropecuária de Ipirá.

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