segunda-feira, 24 de março de 2008


É DE ROSCA.
Estilo: ficção.
Natureza: novelinha.
Capítulo: 08. (mês de maio 2008 – antecipando um mês e sete dias)
Observação: leia os capítulos 1/2/3/4/5/6/7 nas postagens anteriores.

O prefeito Dió estava alegre e satisfeito com sua obra do Matadouro de Ipirá e começou a cantar sua música preferida:
- "Tô nem aí, tô nem aí". Taí uma coisa que não me assusta, o blog desse elemento. Logo não tá vendo, minha cara empregada Natalina, que ninguém vai perder tempo prá lê esse tal blog.

- Num é duvidano das palavras de vosmicê, mas tem um porém, ele disse que só vai acabar a novelinha, quando for abatido o primeiro carneiro nesse matadouro e vosmicê tem que se avexá prá que isso aconteça logo, homem de Deus, senão essa novelinha vai ficá, o tempo todo, enchendo o bucho da gente.

- E daí, minha prezada empregada Natalina ? qual é o ibope dessa novelinha ? Só quem lê essa coisa é ele mesmo. Esse ibope não passa de um. Isso aí é igual a novela do SBT, não tem nem programação certa. Você já percebeu que ele tá antecipando os capítulos ? Eu não dou um ano para faltar assunto – e ao terminar, o prefeito Dió soltou uma gostosa gargalhada.

- Prefeito Dió ! não blasfeme, homem de Deus, todo cuidado é pouco, pois do jeito que o povo gosta de novelinha, se começar o disse-me-disse, de boca-em-boca, que o vento leva feito redemoinho, isso vai longe e, de repente, tá pistiado de um jeito que ninguém dá conta.

- Não tô nem aí, como diz a música; eu é que não vejo isso aí.

- Prefeito Dió, homem de Deus ! vosmicê tem hora que pisa na bola e isso só pode ser esquecimento. Cuma é então que o computador do escritório da sua casa já fica aberto no Ipirá Negócios, com a seta bem em riba da cara desse sujeito do blog ? desse modo, vosmicê, também, dá umas ispiada pelas beirada prá vê os capítulos. Eu mesma, num vou fazê arrodeios com vosmicê, acompanho as novelinha pelo seu computador.

-Quem lhe autorizou a olhar o meu computador ? Isso é um atrevimento e não haverá perdão. É por isso que quando eu chego em casa encontro sempre o meu computador aberto nessa novelinha, e aí eu não posso negar, que dou uma lida rápida, mas saio no mesmo instante. Agora você minha ex-empregada de confiança Natalina ! você não tem o direito de se atrever a tanto...

A empregada Natalina não deixou o prefeito Dió continuar a expor a sua indignação. No instante em que interrompeu a sua fala foi dizendo-lhe com a voz embargada de soluços:
-Eu nunca pensei, prefeito Dió, de vosmicê mim anunciá umas coisa dessa, bem na minha cara ! logo eu, que quando tô bisonhando a novelinha, dou uma força danada prá vosmicê; chega me sair lágrimas dos zolho, quando vosmicê tá nos aperto; e cá prá nós, prefeito Dió, eu juro por Deus, qui vosmicê tá um gato na novelinha, quando corre atrás dos rato que aparece lá na prefeitura; eu fico toda arripiada. E tô dizeno aqui prá vosmicê e qui ninguém tome conhecimento disso, se esse amarelo do blog botá um capítulo, qui vosmicê num seja o artista, eu vou isguelá o pescoço dele. Eu ia ! pois agora, vosmicê tá injuriano de mim – disse a empregada Natalina, que começava a soluçar e soltar aquele choro entrecortado.

- Calma minha estimada empregada Natalina, dessa vez eu vou desconsiderar o que disse.

- Ainda bem, prefeito Dió ! se eu não dé um acompanhamento a essa novelinha, cuma é que eu vou saber os andamento desse matadouro, prá poder trocá umas idéias com vosmicê ? Se vosmicê quer que eu num veja a novelinha, vosmicê adiante as obra do matadouro, mate um carneiro, estire o couro bem na porta, que o sujeito dá um fim na novelinha.

- Estou compreendendo as suas intenções, que são as melhores possíveis, e eu vou até mais longe, Você acompanhando a novelinha é mesmo que eu está assistindo. Agora, você tem a obrigação de contar-me tudo, não esqueça nada, senão você vai se arrepender.

- Pode deixar prefeito Dió. Eu prometo prá vosmicê, que eu num vou perdê um capítulo e vou botá nos seus ouvido, tim-tim por tim-tim, dure o tempo que durá, e como vosmicê já anda cansado com essas obra, já vou me preparando para uma novelinha qui vai bem longe, e pelo visto, as da Globo, que dura quatro meses, num vai chegá nem no chulé.

No meio dessa conversa toda, o motorista da ambulância, possuidor de uma curiosidade maior do que o mundo, olhou para dentro do matadouro e observou uma coisa diferente, sem pestanejar foi falando:
-Aquilo ali parece o rabo de uma vaca.

O prefeito Dió estufou o peito todo orgulhoso e sorrindo salientou com a voz pausada:
- É isso mesmo. Essa é a prova de que sou muito precavido e organizado, pois a primeira vaca que será abatida nesse matadouro, já está ali de prontidão no seu devido lugar. É assim que se administra.

Natalina colocou a cabeça na parte interna e visualizou um dos lados, voltando imediatamente em direção ao motorista e foi dizendo:
- Seu motorista burro ! isso aí é um rabo de carneiro.

O prefeito Dió deu um salto e correu loucamente enfurecido em direção ao rabo, sem nem mesmo ouvir o grito do motorista da ambulância:
- Não vai não prefeito Dió ! é o rabo de um macaco.

Era tarde demais. O prefeito Dió tinha lascado um pisão no rabo do macaco que chegou a estremecer toda a família dos macacos, aí o bicho não perdeu tempo, lascou uma dentada na canela do prefeito Dió, que chegou esguichar sangue por todos os lados. O prefeito Dió gritava:
- Uai, Uai, que bicho traíra é essa macacada.

O macaco pulava e gritava na cumeeira do matadouro:
- Grrrr, tu nan nan nan; Grrrr, teu vice nan nan nan; Grrrrr, eu sim sim sim.

A empregada Natalina ficou bastante preocupada e apressada, sem mesmo saber o que providenciar, dizia o que lhe vinha à cabeça:
- Eu sempre falei ao prefeito Dió, qui macaco é bicho sem miolo na cabeça, ele não quis acreditar, bastou o primeiro vacilo do prefeito Dió na internet, prá o bicho-macaco-doido dá uma chambiscada na canela dele. E agora, meu bom São Galvão, qui fica lá em riba no céu, o qui há de si fazê ?

- Penso eu, no meu modo de pensar, qui o prefeito Dió deve se apegá naquela estrela solitária do Bota Fogo, senão ele vai batê as bota sozinho – opinou o motorista da ambulância.

- De qui vai adiantá ? aí ele vai pru beleleu das mesma maneira e tanto faz ele fechá o paletó com ou sem a estrela solitária do Bota Fogo no peito – argumentou a empregada Natalina.

- E eu com isso ? Neco migo não. O povo qui dê seu paricê do qui o prefeito Dió deve fazê. Quem quiser qui escreva aí no comentário o qui o prefeito Dió deve fazê pra se curá da mordida de macaco – disse o motorista da ambulância apresentando um sorriso disfarçado.

SUSPENSE: o que será que vai acontecer ? Será que o prefeito Dió vai voltar a comer carne de jacu ? Será que o prefeito Dió vai passar álcool iodado na ferida e perdoar o macaco ? Será que o prefeito Dió vai se enganchar com a estrela solitária do Bota Fogo ?
Leia o nono capítulo: no mês de junho 2008.
OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

Um comentário:

Lilian Simões disse...

" Cumade Natá :

Sua fama já chegô aqui no Rio mode qui cumade continua saíno no brogue de seu Agildo toda semana.Eu já falei mais vô torná a falá.
É a praça que o prefeito vai querê inalgurá.
Vou inté mandá uma ROUPA NOVA pá cumade no dia usá.
Mais se o dinhero vinhé a fartá,
eu mando omeno uma CAUCINHA PRETA,
pá vosmicê se rebolá.
cumade bota uma SAIA RODADA e bota as anca pá balançá.
Mais coidado cuns macaco qué bicho ozado,arranje um jacú aprumado,
E deche o matadoro prá lá.
Já tem um bom em Pintadas,
num vai tê ôto in Ipirá.
Acaba com essa conversa e decha o prefeito rispirá.
Cumade tá incheno a cabeça dele,
Ele pode se revortá,
E aí a CAUCINHA PRETA,cumade vai tê qui guardá,
E cum SAIA DE ÔTA CÔ,cumade vai tê qui se virá.
E o povo lá na praça vai cumeçá a gritá,
cadê a banda seu prefeito,
qui o sinhô ia contratá?

Ass Tonha"