segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SERIA FANTÁSTICO SE NÃO FOSSE TRÁGICO.


Incrível, queimou minha televisão! O Fantástico, dia 14-10-12, passou uma reportagem, com uma entrevista, apresentando uma moça toda empetecada; utilizando, sem dúvida, o seu melhor vestido; cabelo escovado e bem aprumado; ou seja, produzida pela e para a mídia e, quem sabe, recebendo garangau.

Desatava um sorriso faceiro pelas extremidades da boca. Dizia-se “técnica de enfermagem” e confabulava sobre um pequeno equívoco, que fez com que ela injetasse, inocentemente, café com leite na veia de uma paciente, que veio a falecer. Um simples acidente de percurso. Simples, irrelevante e casual. O que aquele café com leite estava fazendo ali naquele instante?

A televisão coloca a gente diante do cinismo humano em seu formato mais medonho. Paga para isso. Paga por um sorriso embasbacado e falso a confabular justificativas que não são menos mesquinhas, mentirosas e falsas, que na verdade, não passam de subterfúgios da hipocrisia que se vivencia.

Estamos diante da face do desmando, do descaso e da incompetência. Falta seriedade em quase tudo. Para cuidar de gente em situação de fragilidade é necessário que se utilize pessoas da área de saúde, médicos e enfermeiras, com conhecimento de causa.

Essa invenção de “técnica de enfermagem” nos parâmetros desses cursos que existem em Ipirá é uma aberração estabanada e infeliz, que só se justifica perante o grande e fantástico contexto de hipocrisia em que se fundamenta a vida nestes tempos.

Os municípios, nesta contumaz atitude imprudente de servir como cabide de emprego não querem pagar o piso salarial a uma enfermeira de nível superior, contratam essas “técnicas de enfermagem” que recebem e agradecem por qualquer merreca. Pouca recompensa exige quem pouco sabe.

O faz-de-conta educacional não deixa por menos; faz-de-conta que ensina a esse alunado, que faz-de-conta que aprende e no fim das contas é uma temeridade, porque  não aprende e não sabe. De consolo só resta a hipocrisia.

Certa feita, cheguei com minha mãe no Hospital de Ipirá e ela querendo cuspir e, para não fazê-lo no chão, solicitei a uma inoperante e cansada “técnica de enfermagem” que estava esparramada numa cadeira, cheia de preguiça e má vontade, um recipiente, ela trouxe um cesto transbordando de lixo. É o limite de conhecimento da pessoa. Essas pessoas não pensam além do seu limite.

O café com leite estava no lugar errado. É lastimável! Se lá estivesse um outro objeto, uma vassoura, por exemplo, ela não saberia o que fazer; talvez, até pensasse: “que o cabo da vassoura servisse para ser colocado na boca do paciente”. Talvez, até pensasse isso! E, muito provavelmente, não chegasse à conclusão de que aquela vassoura era o seu verdadeiro instrumento de trabalho, desde quando, o chão da enfermaria necessita de limpeza constante e permanente. Talvez não chegasse a essa conclusão! Porque vivemos num mundo de hipocrisia, mas é bom saber que contra o reinado da hipocrisia existe a indignação. Televisão? Compra-se outra, ou vive-se sem ela.

Nenhum comentário: