quinta-feira, 11 de julho de 2013

O MAIOR MICO ...


Eu estava em casa, quando chegou um amigo, ligado à jacuzada, estando ele muito esbaforido, foi gritando: “Oh, Agildo!” Ele entrou avexado e falando rápido, foi dizendo: “Escreva aí, no dia 10 vai acontecer uma bomba em Ipirá que a cidade vai tremer. Do dia dez não passa. A pessoa que me falou, garantiu e mandou eu apostar o que eu tiver, porque o Fórum vai decidir os processos contra a prefeita.”

Eu fiquei com aquilo martelando na minha cabeça: “Dia 10 de julho é o Dia D”. Até que chegou o dia 10, o dia esperado, e logo pela manhã tudo dentro da normalidade, nada fora dos conformes.  Seria mais um dia de leseira e paradeiro na cidade, se não fosse longínquo pipocar de foguetes; um distante pipocar de foguetes que vai aumentando o barulho à medida que se aproxima do local em que eu estava. Corri para a Avenida: “que diabo é aquilo que vem lá?”

O barulho de foguetes estrondava e balançava a Avenida. Vinha um congregado subindo a César Cabral. Um carro de som à frente, a música de Roberto Carlos sobressaia-se “Só pode ser Jesus”, logo atrás, muitas motos e bandeiras brancas, conseguí visualizar os nomes garrafais escritos nas bandeiras: “CHAPADA” , automaticamente, fiz uma analogia, raciocinando rápido: “Chapada, só pode ser CONEXÃO CHAPADA” e falei alto: “CONEXÃO CHAPADA! só pode ser Marcelo Brandão”. As pessoas ao lado pararam espantadas e eu ciente da certeza transmitida pelo que eu via, ainda disse: “Foi Marcelo Brandão que tomou a prefeitura.”

Tome-lhe pipocar de foguetes: “Pô! Pô! Pôpopo!”, a música de Roberto Carlos vinha estridente: “essa luz, só pode ser você”. Passava carro, passava moto; passava carro, passava moto; mais bandeira; coloquei os óculos, enxerguei o nome com letras menores: “da Sorte”. Parei na real, o nome Chapada não tinha conexão, conectava com “da Sorte”, era “Chapada da Sorte”.

Procurei as pessoas ao meu lado, tinham descido pela avenida e eu fiquei pensando: “Que mico! Desse jeito, as pessoas vão pensar que o Dia D foi o dia que Marcelo Brandão virou prefeito tirando um macaco do poder na tora”, continuei pensando: “Que mico! Que fora da desgraça foi esse que eu dei!” e continuei pensando: “Imagine que Marcelo Brandão foi derrubar um macaco na prefeitura, chegando lá encontrou um mico, ficou com pena e deixou o bichinho lá!”. Isso não virou um mico porque eu não falei com ninguém, agora o que eu quero ver é meu amigo para ele destrinchar a sua conversa, porque sobre a bomba do dia 10 de Julho, eu não entendi nada.

O dia 10 de Julho ainda não estava perdido. Lá vem outro desfile, dessa vez, da prefeitura de Ipirá. Mico é um troço desse! Colocar duas máquinas para desfilar pela cidade com uma faixa de promoção da grande, exclusiva e inusitada conquista. Parece que estava escrito mais ou menos assim, é que passou tão rápido que não deu tempo de copiar: “Máquinas conseguidas devido ao prestígio do prefeito Ademildo, à parceria e ao alinhamento político com o governador Jaques Wagner e com a presidenta Dilma”.

Vários municípios da Bahia receberam essas máquinas, alguns mais de duas. Até adversários políticos fizeram jus ao pleito ou ao presente. O exemplo dá para tirarmos algumas conclusões, uma delas, deixa claro, que o município de Ipirá está bem distante da agenda de obras dos governos estadual e federal no quesito obras relevantes e importantes, estamos situados na esfera de programas assistencialistas, de pequeno vulto, mas com forte apelo eleitoral. Até então, nada que signifique impulso para o desenvolvimento vigoroso e determinante do município, mas, simplesmente, manutenção em um patamar de nível de subsistência sem sair do reino da necessidade.
Que transformem a promessa em obra: saneamento básico; UTI; SAMU; Fábrica de carro; asfalto; SAC; faculdade; Escola Técnica Federal; matadouro; parque de vendas de animais.

O Ipirá da nova gestão é um verdadeiro mico. Vive entre a verdade e o que causa indiscrição irrefletida ou a indignação consentida. Soube, não sei se é verdade ou indiscrição, que a prefeitura comprou terreno a 20 mil reais a tarefa; da mesma forma, soube que a prefeitura perdeu 200 km de asfalto por não ter quem soubesse fazer um projeto. Como é que se vai acreditar numa zorra dessa?

Não soube, eu vi um abaixo assinado da prefeitura para o PONTO CIDADÃO ser na Praça da Bandeira, e anexo, consta um fax de uma “gerente de assunto não sei de que”, “nem pra que”, toda-poderosa, que determina que tem que ser na praça. Uma pessoa que não mora em Ipirá, não conhece os problemas desta cidade, não vivencia dessa realidade, no entanto, vem impor o que ela acha, sem levar em conta aspectos sociais, culturais, econômicos, históricos, tradicionais, estruturais de nossa cidade. E o pior, parece que o prefeito se curva e acata de forma submissa os desígnios dessa gerente.
 
Essa imposição poderá ser o grande mico do gestor atual. Um conhecido perguntando a um vereador como ia o prefeito da cidade, ouviu um solene argumento de que: “o gestor estava aprendendo a administrar; no início, ele mostrava-se marrudo e marrento, mas agora ele estava mais manso e cordato”. Não é fácil modelar um macaco; tarefa boa para uma gerente e vereadores. Esse será o maior mico de Ipirá.

Nenhum comentário: