Tudo
tem um começo e uma razão de ser. Ipirá não era não; era uma caatinga 'braba' com
perfume de Alecrim; veio o pisoteio do gado tangido dos canaviais, empurrado
pelo canto do boiado que traz o lamento, a dor e a esperança alvissareira. O
boiador virou vaqueiro.
A
tortura cruel do pelourinho deixava dor. O sonho da liberdade era maior do
que qualquer castigo. O negro em fuga ganhou as veredas. Ipirá não era não; a
caatinga era o rincão da liberdade que acolheu quem de lá chegava; quem de lá
vinha trazia o canto da chula, um lamento, uma dor e a esperança da liberdade
alvissareira. O homem na caatinga ficou humanizado.
A
caatinga acolheu o pisoteio, as passadas, o boiado misturado à chula e supriu o
samba e a piega, essa é a raiz cultural mais profunda do lugar. Raiz centenária.
Aniversário de dois anos do Samba na Praça de Ipirá, estabelecendo o resgate da
identidade cultural e da liberdade. Essa é a riqueza cultural do lugar. Foi
isso que trouxe a TV Record para a filmagem da festa.
O
movimento do samba é popular, livre da custódia e das rédeas do poder público
municipal. O palco e o som, prefeito Ademildo! Trouxe-me a lembrança dos tempos
em andávamos juntos, com muitos outros companheiros, em carrocerias de
caminhonetes e com o som limitadíssimo de Tonho Arrombado, que Deus o tenha em
bom lugar, a levantarmos as bandeiras da participação popular e do resgate da
cultura do povo de Ipirá. Tempos passados.
Hoje,
os tempos são outros, talvez o prefeito faça questão de passar a esponja nesse
passado, porque vive um momento lindo, está nas nuvens, só faz grandes eventos,
nunca antes visto, com palco e som mirabolantes, gastando uma fortuna dos munícipes,
mas em nenhum deles, apesar da fanfarronice, conseguiu atrair uma emissora de
televisão para fazer uma cobertura, porque não passa de um decalque de segunda
mão do que acontece em centros maiores, fazendo a festa do repeteco, da
mesmice, da réplica e do genérico. O samba de Ipirá tem profundidade cultural e
tem história.
O
prefeito Ademildo não deixa de ser uma grande decepção. Agora, preste atenção
prefeito! Esse som apresentado foi tão ruim que qualquer valor além de 150
reais é super caro, mas muito cuidado para não ser uma fatura de 2 mil reais
para cima. Abra o olho! Na verdade o apoio do poder municipal foi pífio. O
palco não foi do tamanho do samba, mas nos conformes da mediocridade das
administrações jacu e macaco que assolam este município há décadas.
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