domingo, 22 de janeiro de 2017

NÃO INVENTA NÃO, JACUZADA!

O discurso da jacuzada sobre o desenvolvimento rural de Ipirá está infinitamente surrado e ultrapassado, de um jeito que dá dó. Mantém uma insistência visceral em relação à existência de uma pseudo bacia leiteira, como se leite no semi-árido fosse uma possibilidade aberta. Não o é, por diversos fatores, que a Nestlé elencou-os, esse é um primeiro ponto.

Agora, que voltou ao poder municipal, ao discurso da jacuzada é acoplado à produção de mel, porque a abelha tem uma substância (não disseram qual) pra ser exportada para a Europa. Pense que: ‘você está sonhando entrando no Céu, ao mesmo tempo que está dormindo e sendo futucado pelo capeta’. Nem leite, nem mel é receita no semi-árido, nas condições de estiagem, atraso, abandono, carência, dificuldade, pobreza e falta de recurso como está o município de Ipirá. Pode servir como complemento, muito mais como um adendo.

Não se pode levar a vida toda batendo a testa na parede e ficar achando que não vai aparecer um calo, é o que acontece em Ipirá. O problema da produção e da produtividade na zona rural de Ipirá é do tamanho da nossa cabeça carregada de chifre de pai de chiqueiro e que tem que ser desmochada e não tem quem tenha interesse em fazê-lo.

Ipirá tem como base de sustentação a pequena propriedade e a agricultura familiar, sem grana no bolso para bancar as estruturas necessárias para organizar uma estrutura de produção no semi-árido; então a coisa vai sendo levada na base da calça-curta e vamos que vamos. Os custos no semi-árido custam os ‘olhos da cara’. Se o produtor adquirir alguns vícios, que vire vício, nesse caso, adeus Corina, já foi o que deveria ser.

Agora, eu vou fazer um desafio e uma provocação ao prefeito do município de Ipirá, Marcelo Brandão, da gloriosa jacuzada, que está doidinha por uma fatia do bolo. Se o prefeito Marcelo Brandão não quiser ficar sendo levado pela cabeça de alguns poucos, nesta questão da produção rural de Ipirá, organize um seminário específico sobre Ipirá, com o pessoal daqui, que tem experiência e vivencia os problemas e dificuldades neste setor.

Um seminário, num sábado e domingo, sem custos para o poder público, com a presença do prefeito municipal e dos dirigentes dos sindicatos dos trabalhadores rurais e patronal, onde estejam os produtores, e que haja espaço para palestras de pessoas da lida do campo, como Marcos Navarro e Wilson do Banco do Brasil para falarem do leite; Dicinho, Fúlvio e Cesar do Sindicato para falarem de mel; eu, Genezito e Bezourão para colocarmos o problema de forma ampla e geral; e tem outras pessoas com grande capacidade para este debate em nosso município. Tope essa parada, prefeito Marcelo Brandão! E vamos ver se Ipirá tem condições de assentar a poeira na sua zona rural.

Porque não adianta ficarmos pensando no cooperativismo fracassado da década de 1980; nem no dinheiro do Estado para fazendeiro de carro de luxo tomar 500 mil reais e ser anistiado, como era no tempo da ditadura. Era dinheiro a fundo perdido para um fundo da produção mais perdido ainda. Não deu em nada para o setor produtivo. Nada disso existe mais.

Hoje, estamos num beco sem saída: não existe dinheiro fácil como na década de 1970, quando o Banco do Brasil chegou aqui e não tem quem produza nos níveis de juros altos que estão vigorando no Brasil. Não é uma situação tranqüila e fácil, em que as alternativas estejam à vista. É necessário que se encontre a receita caseira.

O Poder Público Municipal tem que ser um parceiro nessa empreitada, mostrando sua competência e eficiência em organizar, solidificar e fazer crescer a feira de animais no Parque de Exposição e colocar o conhecido e famigerado Matadouro de Ipirá para funcionar.


Eu sei que o prefeito Marcelo Brandão não é de fugir das grandes questões do município de Ipirá. Organize esse seminário, prefeito! E vamos ver a coisa ferver. Vamos derrubar e levantar, talvez, seja o sopro que Ipirá precisa.

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