“Arruma a mala aê; arruma a mala aê.” Agora, eu entendo a
gozação do povo, com esta música, contra os perdedores nas eleições. Arruma a
mala e se pique prá Papuda.
Fico preocupado com Geddel, que estava preocupado em nome do
seu pai, do seu filho e do Espírito Santo e, também, com o numerário que mofava
no apartamento em malas, maletas, caixas e caixotes. Pablo Escobar era desse
jeito, enrolava os dólares em plástico e guardava-os escondendo em buracos,
paredes e onde conviesse. No AP tinha mais dinheiro do que a prefeitura de
Ipirá recebe em cinco meses.
Isso tudo lembra rombo. Rombo na Previdência, nos
Ministérios, nas estatais e até na desgraça se essa gente meter o bico ou o
dedo. Tem até o roubo do leite. Não sabias? A vaca era magnífica e dava 20
litros todo dia, o larápio chegava toda noite e surrupiava 20 litros de leite;
quando o dono chegava pela manhã para tirar o leite, desleitava 20 litros.
Nunca percebeu. Ninguém nunca notou nada. A vaca chamava-se Pré-Sal. O Pré-Sal
é uma vaca de leite. Tira e repõe. Agora o leite azedou.
Ninguém sabe, ninguém viu. Ninguém falou porque é pacto.
Muito me admirou o discurso de um vereador de Ipirá, na Câmara Municipal, que
quebrou o pacto quando disse: “Se os vereadores continuarem a receber dinheiro
de deputado essa corrupção na esfera federal não acaba nunca.” Fique pensando: “Não é que o vereador de Ipirá tem
razão!” Acabava lá em cima e cá embaixo.
Ninguém tira uma coisa da minha cabeça: “Quem tem voto é o
vereador.” O vereador pode ser comparado a um pára-choque da sociedade; ou a um
vaqueiro do curral eleitoral; ou a um doido-varrido; ou a um inconseqüente que
dá o que tem e o que não tem. Dá, dado, sem querer nada em troca, só e somente
só, o voto. É o tal do serviço prestado. O vereador é um assistente social mal
remunerado.
Mal remunerado, porque não tem dinheiro que dê para atender e
suprir esse serviço prestado no reino da necessidade. O povo carente em
qualquer necessidade procura o vereador, que não pode negar fogo. O serviço
prestado tem custo elevadíssimo. Se fizer a vontade, se não for seletivo e
abrir a mão, até a Casa da Moeda vai à falência. Os proventos da vereança é uma
merreca em tal empreitada. Vereadores da situação jogam os custos nas costas do
Poder Executivo que banca a despesa. Saúde é o carro-chefe.
Não tem prefeitura que agüente um lava-jato para limpar a
frota que opera no município. Nem o da Justiça. A Lei da Justiça determinou um
custo de 110 mil reais para cada candidato à prefeito 2016 em Ipirá. Ora, ora,
nem jacu nem macaco tomaram conhecimento.
Oh, mala de Geddel! Foi pelo menos uma mala daquelas (não aquelas) para cada um
dos dois candidatos e a Justiça aceitou as prestações de contas. Eleições são
caras, custam malas de dinheiro e tornaram-se o germe da corrupção. Não se
pratica democracia sem eleições. A República está enfiada no esgoto.
Lava-jato não é tudo. Todos querem acabar com a Lava-jato. O que
vale mesmo é o artigo 171 do Código Penal. Quem tiver 171 quadrilheiros no
Congresso em Brasília não perde o poder de jeito nenhum. Fora Temer e os mais
de 171 da quadrilha.
O desfile da Independência teve o seu merecido
desfibrilamento. Ninguém entendeu muita coisa, nem mesmo, a meninada que
carregava os cartazes. Mas que “tava cheio de bichim bunitim” lá isso tava. O
Samba Boiadeiro parecia um trio elétrico arrastando a massa. A massa gosta de
ser arrastada.
A Casa do Estudante foi frenética, lutadora e saiu no grito.
Se não gemer morre com a parede caindo por cima ou morre de tanto esperar. Tem
que gritar muito.
Com o prefeito Marcelo Brandão do jeito que vai e pelo andar
da carruagem vai ser assim: 2017, não vai fazer nada porque o ano já está
acabando; 2018, não terá muito o que fazer, porque teremos eleições; 2019, vai
fazer muito pouco, porque vai se preparar para as eleições do ano seguinte;
2020, em ano de eleições não se faz muita coisa. Calma pessoal! Não é bem assim,
o digníssimo prefeito poderá fazer uma meia-sola na cidade e teremos Micareta,
São João e Revèllion.
O Grito dos Excluídos não deixou de graça, mostrou
indignação. Pelo visto, tem muito mala atormentando e agoniando a vida do povo
brasileiro, sendo assim, tem muitas malas para serem arrumadas e despachadas,
via Sedex-camburão para a Papuda, sem direito a recibo de retorno. Que mofem
por lá, as malas e seus donos.
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