Dez dias sem prefeito no município de Ipirá,
literalmente sem prefeito! Sem ninguém sentado na cadeira, um verdadeiro espaço
vazio.
O oficial de Justiça com mandado judicial para o Poder
Executivo assinar umas autorizações liberando remédios para pacientes necessitados
e não tinha ninguém para assiná-las. Não havia prefeito.
Nestes últimos seis anos, Ipirá convive com uma crise
política profunda e que não se desenrola facilmente. Foi a renúncia de Ana; o
mandato-tampão de Jota e a suspensão por dez dias do prefeito Marcelo Brandão.
São três exemplos nefastos na história recente do município.
Quais foram as causas dessa crise? Por que Ana
renunciou? Só ela sabe os verdadeiros motivos. Como Jota chegou à prefeitura?
De uma forma vergonhosa para o município. Por que o prefeito Marcelo Brandão
foi suspenso? A Polícia Federal sabe.
Nada disso é coisa simples e não está individualizada. Está por trás o vale-tudo do grupismo jacu e macaco para chegar ao poder. Macaco
e jacu agem de maneira leviana para ganhar ou manter o poder municipal.
O maquiavelismo não é desprezado; está dentro da
engrenagem do funcionamento do sistema de politicagem jacu & macaco que
hoje mostra a sua verdadeira face e encontra-se em decomposição diante da sua
principal conseqüência: enriquecimento de alguns poucos com dinheiro público e
o empobrecimento da comunidade que não é atendida nas políticas públicas para
saúde, educação, etc.
A população de Ipirá paga o pato enquanto alguns
espertalhões ficam ricos fazendo a partilha do dinheiro público. Essa é a
contradição que ganha corpo. Por que a macacada aderiu à turma de Itambé? Por
que a jacuzada deu preferência à turma de Alagoinhas? Por que falta merenda nas
escolas? Por que faltam luvas para os médicos no hospital? Pare e pense,
cidadão ipiraense!
Estou querendo ouvir um argumento razoável em defesa
do prefeito Marcelo Brandão, que prove a sua inocência. Até o momento não
encontrei nada convincente.
O argumento da quebra de contrato com a empresa
delatora não significa lisura, nem invoca a inocência, muito pelo contrário,
deixa claro uma espécie de arrependimento tardio, quando afirma que só houve a
quebra depois que o balão estourou, era tarde, tinha comido mosca.
A grande bobagem foi dizerem que ‘tudo vai ficar como
dantes no quartel de Abrantes’. Não vai! Porque todo prefeito, daqui em diante,
vai ter receio e a população vai ficar mais vigilante. Vai ficar a lição do
temor.
As coisas não vão continuar como sempre foram porque a
sociedade e as instituições não aceitam mais essa descaração, nem comungam com
essa rapinagem que se apossa do dinheiro público em nosso município.
Talvez seja instalada a primeira CPI contra um
prefeito na Câmara Municipal de Ipirá. Uma resposta contra a gravidade dos
fatos que envolve o Poder Executivo em Ipirá. Que não dê em nada; será um passo
à frente, pois será uma ferramenta a ser utilizada, daqui para frente, no
combate às irregularidades provenientes do Executivo.
Como vai continuar como antes? Os gestores que
assumirem o Executivo (jacu, macaco, ou livre) em Ipirá vão pensar duas vezes
para cometerem irregularidades. E quem ganha com isso? O município de Ipirá.
Em outras épocas, quando as oligarquias do jacu &
macaco deixariam passar uma CPI para investigar debaixo do tapete um prefeito
do esquema jacu e macaco? Nem pensar, nunca. Mas, na crise porque passa a
politicagem de Ipirá é possível e necessária, pois exige e tem que haver uma
resposta e uma solução ou a crise vai continuar e vai se aprofundar.
Uma CPI é uma resposta do Poder Legislativo diante da crise
política estabelecida. Ipirá não pode nem deve continuar nessa situação de
desamparo e descaso.
A Câmara de Vereadores tem que mostrar a sua força, a
sua autonomia e poder para a contenção de corrupção no Executivo, seja ele quem
for. Com essa ferramenta o gestor pensará duas vezes para cometer a improbidade
administrativa.
Quem vai decidir o processo do prefeito Marcelo
Brandão é a Justiça Federal. É nessa instância que ele vai se defender por meio
de seu advogado. Não é tarefa para rábula, tem que ser advogado pedigree
Lava-Jato para uma tarefa jurídica complexa e carregada de melindres.
O povo de Ipirá tem que ter calma, responsabilidade e
prudência. Ninguém vai solucionar essa crise com arroubos, foguetório e
fuzarca. O tiro dado pela Polícia Federal atingiu o coração do jacu e macaco ao
mesmo tempo.
A grande questão: é saber COMO esse município será
governado nesse momento e daqui para frente?
Ninguém sabe, nem pode prever o que virá pela frente. Mas
é fato concreto que esse sistema jacu e macaco já deu o que tinha que dá, a
crise mostra isso. Essa é a lição da crise. A prefeitura de Ipirá não pode ser
a bonança de um grupo (jacu ou macaco). Ela pertence a toda população.
Hoje, o esquema jacu/macaco mostra o seu fracasso e
está cambaleando. A sua persistência, nos moldes como vem sendo gerido, nestes cinqüenta
anos, poderá desaguar numa etapa dominada por um consórcio do crime
institucionalizado. Ipirá não deseja isso. Ipirá quer o fim dessa crise política
para ter estabilidade e viver em paz.
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