sexta-feira, 9 de novembro de 2018

QUEM MATOU A PREFEITA?


Em 2012, foi eleita a primeira mulher para administrar o município de Ipirá: a médica Ana Verena. Ficou, precisamente, quinze dias no cargo de prefeita. Alegando problemas de saúde, ela renunciou ao cargo para o qual foi escolhida pelo voto popular.

Uma renúncia muito falada e pouco explicada. A causa verdadeira, até hoje, não veio à tona, está trancada a sete chaves, como um segredo da caixa de Pandora, que irá perpetuar-se por uma eternidade.

Mas, não tenham dúvida, ela tomou a atitude mais correta da sua vida, talvez, por premunição ou sorte, deixou de ser prefeita para continuar médica. Saiu do olho do furacão.

O que é que estraga e atrapalha as administrações públicas no município de Ipirá? O vício profundo e deletério da politicagem praticada em nosso município, que corrompe e desmoraliza os homens e mulheres que se colocam como postulantes e auferem ao posto de executivo municipal.

Ao mesmo tempo em que, destrói o município, prejudica a população e é danoso para todas as pessoas que vivem neste município, que pagam o preço pelos péssimos serviços públicos existentes em nossa localidade, fazendo com que a vida perca qualidade e fique precária. Será que estou inventando? Necessite de saúde e verás o que um filho teu sofre em ti, Ipirá!

A politicagem de Ipirá criou um monstro, que ilude o povo, engana o crédulo, logra o ingênuo e, depois, volta comendo o próprio criador.

Esse monstro está engolindo todas as lideranças políticas e todas as pessoas decentes que tenham um envolvimento político em Ipirá. E eles, as lideranças políticas, ficam fazendo de conta que não está acontecendo nada de anormal. Não enxergam nada, ou seus interesses repugnantes não os deixam perceber. As pessoas ficam extasiadas achando que este é o melhor mundo possível. Paciência!

Para você entender como essa coisa nociva funciona, vou esmiuçar. O monstro começa atacando bem antes da campanha, com alguns conceitos, como: “só ganha política candidato que tem dinheiro para gastar.” Ponto final, fechado e blindado. Aqui está o caminho para o inferno.

Isso atinge todos os candidatos do esquema jacu e macaco. Não escapa um. O financiador virou para a candidata e deu dois cheques (não sei o valor) e disse-lhe: “Esse dinheiro é para a campanha, se você perder não me deve nada, se ganhar você me devolve esse dinheiro sem juros.” Frase bem simples, inocente, bem intencionada, colaborativa e solidária. A candidata, na fervura da campanha, pegou os dois cheques e inconscientemente assumiu um compromisso.

A frase estava carregada de malícia, esperteza, malandragem e pilantragem. E os olhos dos candidatos estão fechados para esse tipo de proposta indecente. Resultado: vitoriosa ou vitorioso, jacu ou macaco, é chegado o momento do acerto de contas! Vai ouvir friamente um aconselhamento: “Todo contrato que for feito entre a prefeitura e as empresas você pega 10 % e paga o dinheiro da campanha.” Esse é o caminho da degradação moral e do caos administrativo.

Contribuiu com quanto para a campanha? Com absolutamente nada, seria ressarcido. Ajudou a candidata a se eleger? Ajudou. Com seu apoio a candidata ganhou a prefeitura? Ganhou a prefeitura e um problemaço, uma dívida. Pagaria essa dívida de campanha com dinheiro do próprio bolso? Não.

Eles acham legalíssimo o pagamento com dinheiro público. Acha-se correto, legal e normal; que é assim mesmo, sempre foi assim e sempre será desse jeito. Não é! É ilícito, ilegal e imoral. É corrupção. A prefeita não pagou, preferiu deixar o cargo.

Essa é uma prática da politicagem local. Acontece com todos os prefeitos de Ipirá, jacus ou macacos, tanto faz. O povo de Ipirá engole esse miguelito (grampo para furar pneus) e ainda fica sem saber quem matou a prefeita.

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