Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Querendo imitar Malhação, que não acaba
nunca, sempre criando uma fase nova, agora é a do prefeito Marcelão.
Capítulo 54 (mês de novembro 2018)(atraso de
um ano e 3 meses) (um por mês)
O prefeito Marcelão estava em seu gabinete no
paço municipal, quando sentiu um empurrão na porta e observou que o Matadouro
de Ipirá já estava diante de sua mesa, bufando que nem um jegue, espumando pela
boca e provocando uma tensão explosiva e inesperada para aquele momento:
- Prefeito Marcelão! Vamos resolver nosso
problema agora mesmo.
- Seu Matadouro de Ipirá! Aguarde um pouco, nós
vamos conversar de forma civilizada; neste momento, estou assistindo uma
reportagem, no noticiário televisivo matutino e vai acontecer uma entrevista de
grande interesse para a humanidade, assim que terminar, eu converso com Vossa
Pessoa, sente-se aí na poltrona – disse o prefeito, que pensou “logo agora, essa
mala veio aparecer”.
No noticiário da televisão, o repórter
pergunta:
- Seu Coronavírus! Qual é a cidade que o
senhor gostaria de visitar, morar e ser feliz?
- Meu sonho é morar em Ypy-rá, uma cidade do
sertão baiano, no Brazzil.
O prefeito Marcelão tomou um susto, mas não
perdeu o rebolado:
- Venha, seu Coronavírus, venha que você vai
ver o que é bom prá tosse! Já estou tomando minhas providências. Aqui, em minha
cidade você não entra, aqui você vai ter pela frente uma UPA, um hospital e
duas ambulâncias do SAMU. Aqui não tem prá ninguém da sua laia. Vou triplicar
os salários dos médicos jacus e vou diminuir os salários dos médicos macacos.
Aqui, em minha cidade, ninguém tem medo de você e para você ver que aqui não
tem boca pra você, eu vou diminuir de dois para um o número de plantonistas na
saúde do município; para você ver que ninguém aqui tem medo de você, eu vou
aumentar o desconto no salário das enfermeiras...
Foi interrompido pelo Matadouro de Ipirá, que
fez dois questionamentos:
- Prefeito Marcelão! Como é que V. Exa. faz descontos
nos salários dos trabalhadores de enfermagem? Como é que V. Exa., vai enfrentar
esse tal de Coronavírus, que eu nunca vi mais gordo, com esses equipamentos de
saúde que não dá conta de quem precisa na cidade, quando a China construiu um
hospital em dez dias?
- Ora, seu Matadouro! Grande coisa! Se eles
construíram um hospital em dez dias, eu vou construir dez hospitais em um dia,
vou mandar tocar foguete para assinar essa obra. O desconto no salário dos
trabalhadores de enfermagem é por livre e espontânea vontade dos trabalhadores
e serve para a caixinha da nossa campanha passada e presente. Eles sabem que
eu sou a garantia do emprego deles, por isso eles contribuem de bom grado.
Desliga essa televisão aí, chega de notícia desse trem ruim.
- Em, prefeito Marcelão! Nesse ano de 2020,
V. Exa., só tem pedreira pela frente; V. Exa. prefere Dydudy ou Dinina?
- Ora, ora, seu Matadouro de Ipirá! Esse
Dydudy é mole-mole, é facim-facim, mande uma dúzia de doze desse Dydudy e eu
toro no meio. Vou dizer aqui e pode anotar aí: se eu perder para esse Dydudy
nessa terra, aqui eu não moro, vou morar em Portugal. Quanto a Dinina, ela não
é candidata nem a vereadora, quem dirá a prefeita; nesse grupo dos macacos,
quem aponta o candidato com o dedo é o ex-prefeito Dió, que já disse que o dele
é Dydudy e o deputado Jura, que não quer perder a votação para deputado engole
sem engasgar o que o ex-prefeito Dió coloca na sua garganta. Na última eleição
eu derrotei todos eles e vou derrotá-los novamente. Eu não tenho medo nem do
raio da silibrina.
- Mas, prefeito Marcelão! A macacada tá
achando que vai ser sopa no mel, que V. Exa. perde para qualquer um, que pode
ser Dydudy ou Dinina e V. Exa. vai sobrá na buraqueira.
- Seu Matadouro de Ipirá! Vossa Pessoa tá
parecendo menino, quando eu era liso eu derrotei essa gente e agora que eu
estou com o cofre no bolso, eu vou perder para quem? Vou lhe dizer uma coisa e
anote aí: é mais fácil Dinina ser candidata a prefeita pelo grupo da jacuzada
do que por eles lá. Isso é política e política é assim. Agora, vamos encerrar
essa conversa porque eu vou olhar as novidades do zap zap.
O prefeito Marcelão tomou aquele susto e
perdeu a respiração, mas perguntou em voz alta:
- Quem é esse doutor Tiagão, que disse que eu
não sou ninguém? Ele vai ver agora, quem é o prefeito Marcelão. Aqui, em minha
cidade, ele não trabalha mais e ele vai ser transferido para Wuhan na China sem
direito a quarentena e só vai ter passagem de ida. Tá resolvido, comigo é prego
batido e ponta virada e acabou. Vamos ouvir outro áudio.
O Matadouro de Ipirá focou suas vistas na
fisionomia do prefeito Marcelão, na medida em que o prefeito ouvia o áudio: “Eu
estou voltando para Ipirá, mim aguardem aí!” O prefeito Marcelão perdeu a cor,
deu aquele pinote e caiu embaixo da sua mesa. O Matadouro de Ipirá correu em
sua direção e indagou:
- O que está acontecendo prefeito Marcelão?
- Eu estou procurando minha marreta, que eu
guardei aqui, mas não estou encontrando. Eu vou te levar até sua casa e lá
conversaremos.
Quando chegou em frente à fábrica de calçados
o prefeito pisou pisando no freio e cantou os pneus no asfalto e foi dizendo:
- Olha lá na cerca da fábrica!
- É uma coruja que mora aí na área da fabrica
e fica constantemente na cerca, prefeito Marcelão!
O prefeito Marcelão engatou a ré e disparou,
fez a curva do hospital com 120 km no velocímetro; a curva do cemitério marcava
180 km; e quando entrou em casa a marcação era de 200 km por hora, tudo isso
dirigindo de ré. Saltou do carro e correu para o seu quarto, com o Matadouro de
Ipirá na sua cola. O prefeito Marcelão emburacou embaixo da cama.
- Prefeito Marcelão! Era só uma coruja e V.
Exa. ficou com esse medo todo?
- Onde tem uma coruja tem sempre um corujão e
aí é que está o problema.
- Prefeito Marcelão! V. Exa. tem que governar
a cidade; não venha dizer ao povo desta terra, que vai terminar o seu mandato
debaixo dessa cama.
Suspense: Veja que situação: a novelinha tá
de correria, querendo chegar ao mês de março 20 sem nenhum capítulo em atraso.
Um matadouro querendo ser obra e um prefeito querendo não ter problema! Onde
vai parar uma desgraça dessa? O que é que eu tenho a ver com o desentendimento
do prefeito Marcelão com o matadouro?
O término dessa novelinha acontecerá no dia
que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. ‘Inaugurou! Acabou na
hora, imediatamente!’ Agora, o artista é o prefeito Marcelão, que foi grande
divulgador da novelinha É de ROSCA pela FM.
Observação: essa novelinha é apenas uma
brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo
assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o
povo brinca com eles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário