sábado, 8 de novembro de 2008

IPIRÁ PERDEU PARA SERRINHA.


Eu aguardei o debate eleitoral para dar destaque a essa questão. Não houve o tal debate. Darei o destaque com este artigo e em outro tom. Uma pessoa de grande credibilidade disse-me, "Ipirá perdeu para Serrinha ...".

Eu pensei, "não é possível que isto tenha acontecido !" e fiquei com aquilo na mente, sempre procurando descobrir algo mais, pelo menos, que me desse uma explicação mais detalhada e profunda do que tinha acontecido.

A surrada discussão jacú-macaco em Ipirá é por demais ridícula, mesquinha e pré-histórica, por isso não abriu as cortinas para o que realmente tinha ocorrido. Dessa forma, continuei naquela expectativa e na busca interminável por informações que elucidassem o paradigma da derrota ipiraense.

Quando da vinda do governador Wagner a Ipirá (da primeira vez), ele tocou no assunto de relapada, quando disse, "Vamos fazer uma escola de tecnologia do semi-árido em Serrinha". Eu pensei, "é por este lado que a banda toca".

A partir desse momento, orientei minha curiosidade investigativa nesse sentido e comecei a descobrir muitas coisas; uma delas, foi a existência de um projeto inspirado no Instituto Internacional de Neurociência de Natal. Até aí tudo bem, não dizia muita coisa, mas continuei descobrindo algo mais: o Brasil tem como meta criar 12 institutos de ciência espalhados por todo o país. O grande objetivo é descentralizar a produção científica no Brasil, que fica encambitada lá no sul / sudeste e, imprimir o estudo da ciência como um agente de transformação.

Nesse contexto, descobri que o governo do Estado firmou uma parceria para trazer para a Bahia um projeto científico e social, que redundaria na implantação de uma escola de educação científica infanto-juvenil, que seria a Escola de Ciências na Bahia, na região do semi-árido, justamente no município de Serrinha.

Essa escola tem um objetivo claro: que é proporcionar às crianças das escolas públicas uma educação de alto nível científico; não para transformá-los em cientistas, mas para que aprendam o método científico, se habituem com os conceitos elementares da ciência e possam utilizar esse conhecimento para o resto da vida no semi-árido.

Uma outra meta é a transformação da sociedade do semi-árido, na medida em que haja uma transferência de todo conhecimento descoberto para os agricultores familiares, para as pequenas propriedades agrícolas e não para as empresas, naturalmente isso irá implicar na transformação da realidade da economia agrícola do semi-árido, aí o catingueiro terá condições de permanecer no seu chão aliado às condições para que seus filhos possam ser educados.

O semi-árido não pode ser mais desprezado do que já é, afinal de contas, esse é o bioma mais brasileiros de todos e tem que ser visto como um potencial de segredos e riquezas de sobrevivência insubstituíveis para a economia da região. Isso é muito bom.

A idéia básica "é entender certas cadeias produtivas e peculiaridades do semi-árido que possam auxiliar no desenvolvimento da economia da agricultura familiar", afirmou o cientista brasileiro Miguel Nicolelis.

"Vamos explorar o semi-árido baiano. Vamos criar um projeto, um plano de pesquisa, recrutando cientistas do Brasil inteiro que queiram participar desse processo", afirma o cientista.

"A instituição atenderá estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública municipal e estadual. No turno oposto ao da escola regular, os estudantes participarão do ensino de física, química, biologia, informática e robótica, dentre outras disciplinas em laboratórios especializados", diz o cientista.

Tratando-se da tecnologia do semi-árido; de um Instituto Internacional de Biotecnologia e Bioprospecção do semi-árido baiano, naturalmente que a escolha privilegiaria uma cidade localizada no semi-árido. Além do mais, aescolha de cidades nordestina para a implantação de projetos desse porte tem a ver com o objetivo de descentralizar a produção científica, ou seja, trazer para todas as regiões do país a oportunidade e os caminhos para gerar oconhecimento de ponta. A disputa final ficou entre Ipirá e Serrinha.

Quanto custa uma Escola dessa ? O Instituto Internacional de Neurociência em Macaíba, cidade na periferia de Natal, com previsão para funcionar em março de 2009 para 400 crianças, tem um custo orçamentário de R$ 20 milhões, mas já passou de R$ 90 milhões. É muito difícil estipular um valor. Observem que o Matadouro de Ipirá é de R$ 2 milhões.

Quais são as fontes de recursos para a manutenção desses projetos ?A Associação Alberto Santos Dumont para o Apoio à Pesquisa – que é a sociedade mantenedora, é eminentemente privada. 70% da receita é privada. São trabalhos e projetos de pesquisa realizados. Também doações de fundações do mundo inteiro, européias, americanas, brasileiras.

Minha fonte de informação é criteriosa e de grande credibilidade, " Ipirá perdeu para Serrinha uma escola de tecnologia do semi-árido e a palavra final na indicação coube a UNEB".

Eu fico a pensar: "tenho a impressão que a maioria da juventude de Ipirá não acredita em sonhos, talvez por isso ela não tenha passado batida com essa perda. Não sei se é porque eu saí, tem um mês, justamente, desse processo de forte conteúdo alienante que esteja pensando assim, não sei, talvez sim, mas seria bom um aprendizado do método científico para que a juventude ipiraense pudesse dispor de uma grande ferramenta intelectual para que ela possa desenvolver suas aptidões de forma livre e libertária, sem os grilhões do jacú e do macaco". É só um sonho.

Porque na realidade, para a grande maioria dos jovens de Ipirá, talvez falte interesse pela ciência, até mesmo por conta da educação precária, que se preocupa em empurrar "guela abaixo" do estudante um tal de "RALO U I" como se essa desgraça tivesse alguma coisa a ver com a realidade do Brasil, do Nordeste e do semi-árido e, além do mais, há um grande interesse de vê-los pulando na chapa quente do jacú ou do macaco, porque se não for desse jeito muito graúdo em Ipirá vai perder a mamata e a vida fácil.

O jovem ipiraense que tenha talento e talento humano tem em todo lugar, tem que ir para Serrinha, porque é lá que existe as oportunidades para que os talentosos possam demonstrar suas aptidões. No meu parecer Ipirá perdeu.

2 comentários:

Lilian Simões disse...

Ok Agildo,vc com suas verdades possui o dom de me deixar deprimida.Mas eu estou aqui para enfrentar o baque.Tête-à-tête. Não vou chorar pois estou sem lenço.Estamos sem água,sem SUS,eu sem o título( não recadastrei),estou literalmente "sem lenço e sem documento",ihhh vou fazer um videozinho com essa musica agora !! Beijo,manovéi !!!!

Unknown disse...

Olá, Agildo!

Sou cidadã nascida em Serrinha, enbora resida há vários anos em salvador. Lendo a edição da Isto é dessa semana, na net, fiquei sabendo que uma escola de ciências seria implantada em serrinha. Curiosa, corri atrás de informações a esse respeito ( trabalho na área de educação)e, durante a minha pesquisa na internet, me deparei com seu artigo sobre esse mesmo fato em seu blog. Não entendo muito da peculiaridade a que se referiu a respeito da mesmice em Ipirá visto q deve ser relacionada à política local, mas me identifiquei com o cerne de seu artigo que é , na verdade, a necessidade de se voltar o olhar para a preservação da caatinga, da cultura de seu povo sem atrelá-lo ao atraso tão reinante nessas terras maravilhosas. Sou totalmente solidária...