segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

RADIOGRAFIA 9


Deu burros n’água, o Titanic afundou. Morreram mais de trezentos livros. Não foi noticiado pela mídia, simplesmente, porque a morte de livros não tem missa encomendada nem anuncio em carro de som.

É assim que a coisa anda e desanda em Ipirá. O Centro Cultural Elofilo Marques foi inaugurado um pouco antes das eleições 2010, na fervura da campanha, com a intenção de impressionar e instigar a população para a contemplação carregada de ingenuidade: “ma qui cosita ma bella!”

É incrível! O majestoso não suportou a primeira chuva das trovoadas. A água descia pelas paredes como uma cachoeira. O concreto gotejava como uma espuma. No piso, a água ia aumentando o volume e parecia o encouraçado Titanic recebendo água pelas fendas da fuselagem. Na biblioteca, a água alcançava os joelhos. No auditório, as cadeiras boiavam. O teto encharcado virou um bolsão de água e ameaçava desabar com o peso, foi providencial a abertura feita e a enxurrada desceu feito uma tromba d’água. As caixas de livros do FNDE foram atingidas. Era o dilúvio de Noé. Foram precisamente 1h30min de chuva, ou seja, 30 mm de precipitação e fez esse estrago todo. Imagine 100 mm, o que não faria?

Ninguém podia entrar ou sair. Bater fotos da correria? Nem pensar. Tentavam de todas as formas retirar a inoportuna e recalcitrante água que teimava em continuar. Ali, que outrora era a Caixa d’água de Dé Fonseca, que saciava a sede da população de Ipirá, a água buscava o seu antigo leito e revoltosa molhava as páginas que saciam a sede do saber. Páginas úmidas, molhadas e perdidas. Só saliva de prefeito e secretária pode recuperá-las.

Eis uma característica permanente, que não se pode suprimir e muito menos negar, da administração do prefeito Diomário: as suas obras carregam o crivo do indubitavelmente ordinário. De tão ordinárias as suas obras chegam a ser indecentes.

Indecentes pelo baixo custo e inferioridade do material; indecente pela aplicabilidade dos consideráveis recursos públicos de forma promíscua e irresponsável, quando firmas de fundo de quintal, sem nenhuma expressão e de capacidade duvidosa assumem o que não têm competência e o resultado é esse triste desarranjo de obras fajutas e chinfrins. Indecentes pela falta de fiscalização. Esse é o traço da capacidade administrativa do jacu e macaco em Ipirá.

Um comentário:

Unknown disse...

Triste fim para os pobres livros. Minhas "condolências".