domingo, 18 de dezembro de 2011

É DE ROSCA.




Estilo: ficção


Natureza: novelinha


Capítulo: 39 (mês de dezembro 2010) – incrível, apresentação do novo capítulo da novelinha esculhambada com, simplesmente, um ano de atraso e não acaba. Nem satanás acaba essa novelinha.



O prefeito Dió e o irmão Lu estavam saciados depois da saborosa comida do Rincão e reiniciaram a viagem em direção à Ipirá. Quando chegaram ao Marajó, o irmão Lu fez uma advertência ao prefeito Dió:


- Se você tocar na politicagem de Ipirá, eu boto você pra fora do meu carro e você vai ter que se virar para ir de ligeirinho.



- Deus me livre, irmão Lu! Já pensou, eu pegar um ligeirinho jacu e ele dá uma queda de asa, a porta abrir, eu cair e morrer! Lá ele, te desconjuro! Eu juro que não vou falar na política de Ipirá. Vamos que vamos.



Saíram do Marajó e o prefeito Dió calado, mas com o juízo pegando fogo e a língua coçando. Ia imaginando a situação em que tinha chegado a sua atuação na política de Ipirá: “botei todo mundo na mão, sou o líder e o chefe do processo sucessório e num piscar de olhos estou mais enrolado do que charuto de bêbado, por causa de uma candidatura que não solicitou a minha permissão e que vai sair pelo lado do jacu.” Estavam chegando à Anguera, o prefeito Dió não resistiu e indagou:


- Ô irmão Lu, por que você quer sair candidato a prefeito de Ipirá?



- Para fazer uma auditoria na sua prefeitura – respondeu friamente o irmão Lu.



O prefeito Dió tremeu, o carro saiu derrapando pela estrada, rrrrrrrrr, saltou uma cerca, tibummmmmm, e saiu por dentro do pasto fazendo o juntamento da boiada que estava naquele pasto na entrada de Anguera. Neste justo momento, passava um ligeirinho Ipirá-Feira e alguém comentou:


- Veja o progresso que nós chegamos, hoje o povo junta o gado com corolla zero.



Nem imaginava que era o prefeito Dió trazendo o progresso para a região. Depois de uma hora por dentro do pasto o carro retornou para a estrada e retomou viagem para Ipirá. No entroncamento do Bravo, o prefeito Dió resolveu, por displicência e sem querer, tocar num assunto que estava instigando o seu juízo:


- Por que o irmão Lu quer fazer uma auditoria na minha prefeitura que é a mais limpa do Brasil?



- Para ver o que você colocou embaixo do tapete – respondeu o irmão Lu friamente.



O carro saiu do asfalto, pra ca tum, pra ca tum, saltou a cerca, ti bum bum bum, daquele pasto que tem um morro de pedra perto da entrada do Bravo, saiu derrubando tudo quanto era pau que encontrava pela frente e começou a fazer um túnel no morro. Neste justo momento, retornava um ligeirinho Feira-Ipirá e alguém comentou:


- Veja o progresso que nós chegamos, hoje o povo faz os pastos é com corolla zero, nem precisa mais de trator.



Nem imaginava que era o prefeito Dió trazendo o progresso para a região. Depois de uma hora por dentro do pasto o carro retornou para a estrada e retomou viagem para Ipirá. O prefeito Dió estava taciturno, foi quando o irmão Lu quebrou o silêncio:


- Que lugar é esse, prefeito Dió?



- É o Pau-ferro, irmão Lu! Já esqueceu? Eu vou rememorar a sua cabeça com as obras que eu já fiz em Ipirá.



Quando lembrou de suas obras, o prefeito Dió acelerou o carro e botou 300 por hora, ao tempo que fechou os olhos, estava dormindo, era a hora de sonhar. O irmão Lu observou os olhos fechados do prefeito e gritou:


- QUE DEUS TOME CONTA DESSE PREFEITO.



Na entrada do Centro de Abastecimento, o prefeito Dió fez a sua primeira apresentação:


- Você está vendo essa entrada e essa drenagem, foi eu quem fiz, isso custou-me um dinheirão. Lá na frente tem umas casas populares espetaculares; são tão boas e bem feitas que já estou fazendo oito anos construindo-as para que saíam de primeira qualidade, se você quiser eu posso ceder uma para você morar, desde que você não mora aqui. Lá, ao lado está uma grande obra que eu inaugurei: o Centro de Abastecimento, que tem até sanitário público. Eu fui o único prefeito que construí sanitário público nesta cidade.



- É esse o Centro de Abastecimento que tem medo de água, quando chove é o maior lameiro, coisa que você não sabe, porque você não faz mais feira em Ipirá, é só em Salvador – disse o irmão Lu, meio aborrecido.



O prefeito Dió continuava com os olhos fechados. O carro continuava a 300 por hora. Na entrada da cidade, o prefeito Dió comentou:


- Olhe por cima das casas e veja o grande Centro Cultural de Primeiro Mundo, com um palco em cima, foi obra do meu governo.



- Ah! É o Centro Cultural que tem uma piscina no meio, basta chover que a água inunda toda a área, também com a cachoeira que você mandou construir, não tem chuvisco que não faça uma melança – criticou o irmão Lu.



Em frente ao Hospital de Ipirá, o prefeito Dió voltou a falar:


- Que UTI de última geração eu fiz nesse hospital, só falta inaugurar. Veja essa grandiosa e bela avenida que eu fiz do hospital à fabrica, se bem que não terminei ainda, mas, também, só tem três anos que venho fazendo e ainda falta um ano para terminar o meu mandato, tenho tempo de sobra para terminá-la.



O irmão Lu estava pasmo com o que ouvia, mas preferiu não questionar, ainda não era hora. Em frente à fábrica o prefeito Dió apontou com os lábios na direção ao Sudoeste e disse:


- Veja que belo Campus Universitário eu construir lá daquele lado, justamente para a juventude de Ipirá ter uma formação de Primeiro Mundo aqui na nossa terra.



O irmão Lu não agüentou e interpelou o prefeito Dió.


- Lá não! lá é a fazenda Cágados do meu irmão Kainho e o Campus que tem lá é para botar a boiada, não venha com essa enrolada não que não cola.



- Mas, irmão Lu, você sabe que minha prefeitura está sem recursos e eu tenho que fazer das tripas coração, sendo que neste caso, por uma boa e justa ação, eu achei melhor utilizar o logradouro de nossa família, para o bom desfrute da nossa juventude.



- Sem essa, prefeito Dió! E eu tinha dito para você não falar de política, não foi?



O carro disparou para 500 por hora, na entrada do matadouro fez a curva, emburacou e estancou na porta da obra, o prefeito Dió abriu os olhos. Quando o prefeito Dió observou um rabo abanando na porta da construção, saltou do carro e foi dizendo:


- É por isso que essa obra não acaba, um cachorro fica dormindo aqui dentro e abanando o rabo bem na porta, isso é sinal de atraso.



Quando puxou o bicho pelo rabo, não era um cachorro, era o bicho carneiro, que olhou para o prefeito Dió, sem entender bem aquele atrevimento de alguém puxá-lo pelo rabo na hora do seu repouso e foi falando:


- Beée! O que é isso? Por que você puxou o meu rabo? Qual de vocês dois quer construir um matadouro de ovelha aqui, neste local, beée?



- É ele, que é o prefeito – disse o irmão Lu apressado.



- Eu não! É ele que quer ser o prefeito – disse o prefeito Dió, mais apressado ainda.



- Beée, qual de vocês dois, é o prefeito Dió, beée? – perguntou o bicho carneiro.



- É ele – apontou o irmão Lu.



O carneiro deu quatro passos para trás. Quando o prefeito Dió viu aquilo, fez o giro, aprumou as pernas e se picou para Ipirá com o bicho carneiro atrás. No posto Augustus, num ligeirinho que tinha ido abastecer, alguém comentou:


- Olha o pique que vai o prefeito Dió na caminhada! Ainda leva um carneiro de estimação de companhia. Rapaz, não sei como prefeito Dió agüenta um pique desse! O sujeito está em forma.



- Também pudera, leva a semana toda dando pique na praia em Salvador, tu queria que ele chegasse aqui morto! – comentou outra pessoa.



Quando chegou ao hospital, o prefeito Dió foi em direção à recepção. Não teve jeito, o carneiro pegou de jeito e deu-lhe uma marrada daquelas de desconjuntar até os ossos. O prefeito Dió caiu em uma maca e o atendente foi dizendo:


- Esse tem que ir direto para a UTI, até que enfim parece que a gente vai inaugurar esse troço.



- Esse não precisa nem entrar, pelo jeito já bateu as botas, vou levar ele lá dentro só para descarrego de consciência – disse um maqueiro.



O prefeito Dió abriu um olho de mansinho, observou a movimentação do ambiente e pensou: “Eu acho que vou tirar uma onda de morto, só na novelinha, é bom lembrar, só na novelinha, vou lembrar de novo, é só na no-ve-li-nha, ai eu livro-me dessa coisa chata e sem graça, essa tal novelinha e de lambuja eu inauguro a minha UTI, que vai me ressuscitar, aí o povo vai saber que eu fiz uma obra de grande UTI-lidade para a população de Ipirá. E viva eu.”



Suspense: e agora ? o que será que vai acontecer ? Em quem o prefeito Dió vai dar a próxima facada? Na macacada ou no irmão? Será que não vai ter sangue e morte nessa novelinha? Ou vai ser tudo de mentirinha para aumentar a audiência. Agora é que essa novelinha vai ter briga de irmãos e não acaba nunca. Duas coisas de rosca, essa novelinha e o Matadouro de Ipirá.



Leia o capitulo 38 (novembro 2010) bem abaixo.



Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

Um comentário:

Edilberto Lima Dultra disse...

Agildo
O Matadouro(ou seria roubadouro do erário?) não é assunto para a nossa sociedade resolver pois somos inoperantes como sociedade civil organizada....conclamo o Dr. Caryl, não sei até que ponto vai sua alçada(mas como estamos falando em grande quantidade de dinheiro no sumidouro.....indago tem Promotor em Ipirá? Quem sou para falar isso, mas lanço o desafio a V. Exa para entrar no caso... Cabe sim a ele, quiçá a Policia Federal, CGU, alquem tem tomar as nossas dores. Já que é epóca de contos de fada, de Papai Noel...quem quiser que coloque o gorro ou melhor a carapuça.
Desculpe a sinceridade mas a corrupção me causa INDIGNAÇÃO!!!!