sábado, 3 de dezembro de 2011

O SISTEMA.




Uma questão capaz de produzir o efeito pretendido, embora irrelevante, mas sintomática e emblematicamente incorporada à mentalidade de nossa sociedade, porque as pessoas em Ipirá adoram indagar ou opinar sobre quem tem mais votos no município de Ipirá, ou melhor, quem é o dono dos votos de Ipirá.



Alguns dizem que é Antônio Colonnezi, outros, que é Luiz Carlos Martins; ninguém diz que é Diomário Sá, que é o manager do sistema. Apegam-se ao fato de que em qualquer pesquisa, os dois estão sempre à frente. Quanto a Diomário, ninguém pensa no potencial do prefeito como possuidor de votos, embora tendo conseguido a reeleição. Diomário só é alguma coisa na politicagem de Ipirá dentro do sistema, fora deste não representa nada mais além do que qualquer cidadão em nossa terra e isso já é muita coisa.Tudo tem sentido, mas nas minhas discordâncias, eu digo que não é bem assim e que nem todo gato é pardo, como pensam que é.



Também, é bom que fique claro que não é o dono e amigo do computador que disparou na enquete do site Ipirá Negócios, porque sabemos que enxerto não é feito só com galho de laranjeira.



Vamos começar pela enquete do Ipirá Negócios, que foi a intenção mais aberta e democrática que ocorreu em nosso município, ao lançar 17 nomes como prefeituráveis, o que demonstra que Ipirá não tem só Antônio Colonnezi e Luiz Carlos Martins com capacidade e condições de administrar esse município, inclusive é bom que se deixe claro, foram os dois piores administradores que passaram pelo Executivo local nos últimos tempos.



Seria interessante até que o site tivesse colocado mais nomes, alguns vereadores, outros profissionais liberais, mais comerciantes, fazendeiros, mais professores, estudantes, mulheres, negros, ou seja, um leque muito mais amplo de prefeituráveis, para mostrar que Ipirá não está circunscrito, na questão de governar o município, à ditadura do nome retirado do bolso do paletó; ou ao desejo de duas famílias oligárquicas; ou ao capricho de dois nomes (Antônio e Luiz); se assim fosse, Ipirá estaria em estado de esgotamento ou de extremo enfraquecimento, pois não teria uma população viva, com capacidade, qualidade e atributos de conduzir seu desenvolvimento, aí seríamos uma comunidade atrofiada, sem atividade e desprovida de movimento próprio, que não dá sinal de vitalidade, permanecendo na mesmice de cinqüenta anos atrás, com os mesmos representantes oligárquicos de sempre, de forma que esse disco a população já sabe de cor e salteado. Não se pode precarizar e violentar uma população aos desígnios de duas pessoas (Antônio e Luiz) que na função da ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (não tem nada a ver com administração particular) foram verdadeiros desastres.



Tratando-se de prefeituráveis, pessoas com capacidade, honradez e responsabilidade para administrar Ipirá, eu percebo mais de cinqüenta nomes e não é difícil se chegar a mais de cem. Esse é um potencial adormecido e lacrado em nossa terra; essa é a riqueza de nosso município: a sua gente à frente de seu destino.



Tratando-se de dono de voto, o buraco é mais embaixo. Aí a lista fica reduzida a alguns vereadores e alguns cabos eleitorais. Estes são os verdadeiros donos dos votos. Antônio e Luiz controlam o sistema. Diomário dirige o sistema.



O que é um cabo eleitoral e um vereador em Ipirá? Um “assistente social” que resolveu sustentar uma comunidade com favores e prestação de serviço em troca de apoio político, ou seja, do voto. A maioria dos vereadores dedica-se exclusivamente ao assistencialismo no seu reduto eleitoral e na sua ampliação. Não é à toa que possuem votos.



O vereador tira uma de bom samaritano, com uma bondade infinita, paga a conta de luz e água atrasada; leva o doente para Salvador; paga a conta da farmácia; oferta água no carro-pipa; organiza torneio de futebol, vaquejada, etc, etc e etc; faz tudo por conta do voto. Isso tem um custo altíssimo e os proventos da vereança são insuficientes para tal cobertura, então o vereador humilha-se ao Executivo de plantão e aceita os seus caprichos; vive submisso e aceita servilmente os seus ditames. O vereador perde a independência e a Câmara perde a autonomia, assim sendo, ocorre o rebaixamento do poder que tem a cara do povo.



O vereador e o cabo eleitoral tornaram-se figuras paternalistas, que cuidam e protegem o povo da localidade com um afinco primoroso, embora objetivando o voto. Como representante de determinada região faz uma vigília constante e nenhum projeto público (água e luz para todos) poderá ocorrer sem uma ligação ao seu nome, é a forma mais barata, ou sem custo, de prestar serviço, de forma que a obra tem que ter o carimbo de seu nome.



O vereador amarra-se à ação do Executivo municipal nos seus redutos como um enfermo que necessita de uma gota de sangue para continuar vivo. É uma dependência crônica. A necessidade coletiva passou a ser uma necessidade particularizada. A reivindicação coletiva tornou-se uma reivindicação de um indivíduo. Atendida, entra para a lista de serviços do vereador e à população consta reconhecer e agradecer com o pagamento do voto. Existe uma simbiose entre o Executivo e o vereador, que vira um representante de si mesmo. Nada pode ser direito que liberta o cidadão.



Vereador é uma vítima inconsciente do sistema da politicagem e um consciente obsessivo na busca do voto de cabresto, que não percebe a inconseqüência de sua política e enterra-se nesse labirinto perigoso, onde o final é a trágica situação em que se encontram ex-vereadores, que sem mandato, sem dinheiro, perderam os votos, mas em compensação, caíram na realidade da vida e devem perceber que não passaram de marionetes nas mãos dos líderes oligárquicos, os grandes beneficiados de sua ação e que ainda ficam com a fama de serem donos dos votos, ainda mais que aquele eleitorado que era seu e somente seu, migrou em direção a outro salvador da pátria.



E o pior de tudo: é quando o vereador vira uma “mercadoria”. Enfim chegamos ao sistema. Dizem que se alguma celebridade ou algum picareta chegar com um, dois, três milhões de reais, compra quantos vereadores ou cabos eleitorais for possível a 100 mil reais, agora, para eles liquidarem suas dívidas e mais tarde, com mais 100 mil reais para cada um, para eles projetarem o candidato a prefeito, que esse elemento tornar-se-á o dono dos votos por mérito do sistema. Com toda desgraça e desventuras que possa ocorrer, prefiro acreditar na cidadania plena e no humanismo, que suponho essencial para uma sociedade sem pobreza e sem seus abutres ou vice-versa.

3 comentários:

Agildo Barreto disse...

Atenção: esta é a frase inicial do último parágrafo.

E o pior de tudo: é quando o vereador vira uma “mercadoria”. Enfim chegamos ao sistema.

Rogerão da tora disse...

O SISTEMA É BRUTO/PARTE 01-Caro Agildo, foi com miuto pesar que recebi a noticia domingo passado do falecimento do meu ex-colega de mídia Jó da farmácia a quem eu chamava o comentarista "peso-pesado".Por outro lado quero parabenlizar o dr. Humberto Colonnezi, pelos seus 50 anos de Bacharel de Direito completados no dia de hoje,08 de Dezembro.Antes de comentar sua matéria, quero daqui parabelizar as pessoas que receberam o título de Cidadão Ipiraense, exeto 2 delas que não vi merecimento para tal.Um é o LUCIANO GALVÃO que praticou a política de terra arrasada quando mandava e desmandava na Prefeitura de ipirá, respondendo a diversos processos na Justiça Estadual e Federal,por MALVERSAÇÃO AO ERÁRIO PÚBILCO. A outra é a chefe de cartório da Policia Civil de Ipirá, NEUSA NASCIMENTO,que usou de suas funções juntamente com terceiros,incluindo aí o Luciano para mandar declarações INVERÍDICAS contra minha pessoa,Patrimônio Ipiraense que sou,declarações essas quer serviram PARA MINHA DEMISSÃO dos quadros da SSP-BAEM 2006,ao qual para DESESPERO dela e de meus ALGOZES,retornei as minhas funções via MANDADO DE SEGURANÇA,que corrigiu a FARSA em 2010.Agora o que lamento é ver FIGURAS ILUSTRES vindo de outras bandas que engrandeceram Ipirá,como DÉ FONSECA que truxe a água encanada da mata da Caboronga até Ipirá e faceceu sem receber esta honraria.O outro está vivo, completando 90 anos em Janeiro próximo,homem de conduto ilibada,incorruptível,íntegro que é ALDO BITTENCOURT.Chegou a Ipirá no início dos anos 50,como COLETOR FEDERAL. Mexeu com DINHEIRO PÚBLICO por muito tempo com TRANSPARÊNCIA,LISURA E HONESTIDADE,criou seus 14 filhos todos nascidos em Ipirá com a maior dignidade em linha reta E pssados 60 anos, ATÉ HOJE NÃO É CIDADÃO IPIRAENSE.Quero dizer que a injustiça não de agora mais tem que ser corrigido a tempo.Vou comentar sua matéria em PARTE-02 logo abaixo e aída quero dizer sobre Dr. Humberto Colonnezi,depois de se formar Advogado, veio para Ipirá e no ano seguinte 1962, elegeu-se Vereador e tinha como colegas de Câmara, seu saudoso pai ARNALDO BARRETO, que foi outro grande exemplo de vida.

Rogerão da tora disse...

O SISTEMA É BRUTO(FINAL)Agildo, como disse anteriormente em 1962 Professor Arnaldo,seu saudoso pai e Dr.Humberto,foram eleitos Vereador e ao lado deles outros representante de vários segmentos da nossa sociedade como Amphilóphio Cintra do Cartório Civil,Etevaldo Oliveira Advogado,Rubem Cerqueira Farmaceutico,Francisco Dutra(Chicão)Tabelião,Elófran Marques,Zirinho,Cazuza Lima, considerados por todos como a melhor bancada de Vereadores de Ipirá de todos os tempos.Oplenário que foncionava no Posto de Puericultura,vivia lotado para ver os embates dos edís do PSD e da UDN.A diferença é que não havia remuneração que perdurou até os eleitos em 76,com Amphilóphio e Rubem reeleit,Artuzinho,Dr.Elófilo Marques,Alonsinho,Dr.Juracy Oliveira,PauloMarinho,Luiz Gusmão etc. em 82,Vereador passou a ser remunerado e é a partir daí que acontece tudo que você comenta com miuta precisão.Forte abraço.