sábado, 10 de março de 2012

DISCUSSÃO de planos.




A seca coloca Ipirá no chão, sem lenço, sem documento e entregue ao léu. É neste momento que sentimos que Ipirá está entregue à própria sorte: “sem meios e sem condições para suportar uma estiagem prolongada”. Não temos infra-estrutura para conviver com a seca. Suporta-se. Sufoca-se. A produção capitula.



Quando a calamidade é extensiva tudo pode acontecer, até os absurdos, principalmente quando se perde o bom senso e o bom gosto e mergulha-se no excêntrico. Sem água, bem próximo à sede, fizeram uma barragem no esgoto que corta a cidade, o carro-pipa pega essa água de esgoto e leva para o gado bovino matar a sede. Naturalmente, muito naturalmente, se alguém requisitar esse “dito cujo carro-pipa” para levar água da Embasa para pessoas beberem, o carro levará, sem imaginar, nem pensar, que o tanque do referido carro contém resto da água do esgoto ou que está contaminado pelas fezes. Pasmem! A que ponto chegamos! Uma barragem de esgoto, quando precisamos de água, água e mais água, uma barragem de água. Esse é um ponto crucial no município.



Em nota no site Ipiranegócios, 09/03/2012, mostra que se discutem planos para o enfrentamento da seca na região de Ipirá. Era mais uma reunião, entenda, mais uma. Discutem planos! Ótimo! Porque a seca vai a todo vapor. Se conversarem muito e andar a passo de cágado, a seca detona meio mundo, assim sendo é melhor um pouco de reza para ver se a chuva chega mais depressa. No Rio do Peixe já passou uma manga de chuva, esta semana.



O prefeito Diomário está preocupado. Preocupado, que é uma beleza! Afirma o prefeito Diomário que “é gravíssima a situação” e ratificou “a economia do município está arrasada”. Pronto! Até que enfim o prefeito Diomário demonstra que conhece a realidade do município de Ipirá e foi enfático, “a população do interior passa extrema dificuldade” e mais: “a população mais humilde passa fome”. Nunca, ninguém pintou a realidade do município de Ipirá com tanta tonalidade. Eu diria que Ipirá está vivenciando uma ampla margem de miserabilidade; o que seria um grande exagero em relação à visão realística e de grande veracidade do magistral administrador público Diomário. A realidade urge muita conversa e muito mais ação, caso contrário a sede mata o rebanho e seu dono.



“A economia do município está arrasada” afirma o prefeito. Tai, uma verdade verdadeira; a realidade do município foi constatada, vista, revista no parecer do prefeito Diomário. E agora prefeito, Vossa Excelência vai fazer o que? Vossa Excelência é a testemunha mais representativa, mais poderosa no município de Ipirá, neste preciso momento, e é na sua grandiosa autoridade que essa população carente e desvalida deposita todos os seus anseios para se ver livre desta trágica situação. O prefeito declarou situação de emergência no meio rural do município. Uma constatação óbvia que poderá ficar nesta constatação óbvia se não houver algo mais. O prefeito toma mais uma ação: clama aos governos do Estado e da União pedindo socorro. Muito bem prefeito. Seu pedido, com o prestígio que V. Exa. possui lá em cima, será uma ordem. Bendito seja! O povo de Ipirá confia tanto em sua força junto “aos homens” que é bom acender uma vela aos santos para ver se a chuva chega primeiro do que sua ajuda. Não é desconfiança não, é só precaução.



A produção rural em Ipirá está em crise, talvez, uma crise aguda. Caso os poderes constituídos não façam algo, essa produção caminhará para o colapso. Sem prosperidade na produção rural, a economia ipiraense encolherá. O prefeito Diomário faz a sua parte, chora, chora e reclama que gastou R$ 70 mil reais com o aluguel de oito carros-pipas, em janeiro. Diz, que “havia conseguido sete carros no MI e a água era colocada através do Exército, mas este parou, porque não recebeu o repasse do Governo Federal”. Como? Sete carros a menos num município carente e sedento de sede! Um Governo Federal irresponsável que não passa o repasse ao Exército! Um governo insensível aos apelos desse expressivo político e administrador que é o prefeito Diomário!



O chororô do prefeito continua: “O município não tem recursos para atender as necessidades do povo”. O município de Ipirá recebe quase seis milhões por mês, se recebesse dez, seria o mesmo chororô, “o município não tem recursos para atender as necessidades do povo”. Diz ele, que gastou quase R$ 500 mil reais com carros-pipas no ano passado, fora a Embasa. Coitadinho! E o chororô de qualquer prefeito em Ipirá continuará em 2013 à frente, talvez por décadas, por séculos, quiçá até o novo milênio, porque se não se fizer muita coisa para a convivência com a seca, o município continuará gastando R$600 mil... R$ 1 milhão... os olhos da cara... por anos à fio. A estiagem é a nossa mais íntima realidade.



Quando a seca chega, só tem carro-pipa. Para não se gastar um milhão com carro-pipa, temos que investir um milhão em medidas que permitam a convivência com a seca, caso contrário, na boca da seca teremos que ter medidas para o enfrentamento dos prejuízos causados pela seca. Sem ter feito nada, o prefeito reclama dos gastos que teve que não era para ter. É o choro dos justos! Porque quem não está sendo justa é a Embasa, “que limitou o fornecimento de água para não prejudicar a população da sede”, como salientou o prefeito. Em caso de escolha, a preferência é para a população da sede, a população da zona rural poderá apelar para água bruta, água duvidosa ou esperar água da chuva quando houver, ou até mesmo aquela água do riacho aberto que corta a cidade de Ipirá.



A indústria da seca engole a Prefeitura de Ipirá e mantém o município como refém. O Poder Público Municipal afirma que não tem poder para atender as necessidades do povo. O prefeito não pressiona, reivindica de forma branda, não exige como deve ser. Pede com a cuia na mão. Aceita que a Embasa limite o fornecimento. Acata que o Governo Federal não repasse verbas. Parece que me enganei com o poder desse poderoso prefeito Diomário, que impõe a candidatura do líder Antônio Colonnezi aos macacos; que corta o pescoço do deputado Jurandy quando pleiteia uma candidatura; que não dá a menor oportunidade ao PT de Ipirá no processo de escolha das pré-candidaturas da macacada. Indago e questiono: como poderá esse poderoso prefeito Diomário perder o poder que não possui?



É simples. A maior perda eleitoral que o macaco poderá sofrer neste momento é a saída do PT de Ipirá da sua coligação. A maior perda política que o prefeito Diomário poderá sofrer neste momento é a saída do PT de Ipirá dessa aliança. O prefeito viverá o seu mais profundo dilema “o que vou dizer ao governador?”. O maior baque que o poder do prefeito Diomário poderá sofrer neste momento, é a saída do deputado Jurandy do grupo macaco. O prefeito viverá a sua mais angustiante incerteza “eu jurava que ele estava preso na minha mão”. A maior porrada que o prefeito Diomário poderá tomar neste momento, é a candidatura de Luciano Cintra pelo grupo dos jacus. O prefeito sentirá na pele as marcas cruéis do seu calvário “não posso ficar contra o meu irmão, minha consciência não deixa”. Isso tudo acontecendo, o prefeito Diomário seguirá sua carreira solo.



Não era para eu escrever nada disso, pretendia escrever só duas linhas, dizendo mais ou menos o seguinte: o PT de Ipirá tirou um indicativo em seu coletivo, que não aceita a vice de nenhum grupo político de Ipirá. O Movimento Renova Ipirá, também, já decidiu em suas plenárias que não aceita vice de nenhum grupo político de Ipirá. A vice está descartada. O Renova Ipirá e o PT de Ipirá tem 90% de possibilidade de marcharem juntos no próximo pleito eleitoral municipal. Terminando, um pequeno recado para o prefeito Diomário: “Prefeito, não leve as coisas que eu escrevo a sério, tudo isso pode ser apenas literatura, agora, prefeito Diomário, com o seu majestoso poder, não deixe o povo de Ipirá beber água de esgoto, não permita que isso aconteça. Essa gente não merece padecer mais do que o que sofre com esse sistema jacu-macaco. Vossa Excelência sabe muito bem ao que me refiro”.

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