domingo, 25 de março de 2012

É DE ROSCA.




Estilo: ficção


Natureza: novelinha


Capítulo: 41 (mês de fevereiro 2011) – incrível, apresentação do novo capítulo da novelinha esculhambada com, simplesmente, mais de um ano de atraso e não acaba. Nem satanás acaba essa novelinha.



O prefeito Dió estava, em seu gabinete, movimentando uns botõezinhos em cima de uma prancheta. Devido ao fato de seu gabinete ser público e local de decisão de todos os problemas do município e, é bom que se diga, de forma coletiva, estava com muitas pessoas, e no devido momento alguém teve a felicidade de procurar entender o que bolava o El Pensador, o grande dono do pedaço.



- Prefeito Dió! O prefeito está parecendo Joel Santana, o treinador do Flamengo, só fica mexendo os pauzinhos em cima do tabuleiro – disse uma pessoa.



- Prefeito Dió! E essa seca que quer acabar Ipirá? – indagou um homem do campo.



O prefeito Dió levantando o olhar, foi dizendo:


- Alto lá! Um de cada vez! Assim eu não posso dizer nada, não posso rezar para São José e São Francisco ao mesmo tempo. Primeiro eu quero dizer para você, homem do campo, que espere que vai chover, só não pode e não deve chover é em cima da minha prancheta, porque eu estou com um jogo muito delicado, neste exato momento, portanto, aguarde a chuva lá na sua região. Sobre a outra pergunta, eu tenho que dizer que é verdade, eu aprendi com o grande treinador Joel Santana, no tempo que ele era treinador do Bahia, para falar a verdade, eu olhava mais o seu estilo de atuação do que para o jogo.



A pessoa que fez o primeiro comentário, estava ansiosa para saber o que El Pensador tinha esboçado na prancheta e não perdeu tempo, no sentido de plantar a semente para colher maduro:


- Ô prefeito! Esse jogo é nosso?



- E a seca que está acabando Ipirá, prefeito? – intrometeu-se o homem do campo.



- Eu já disse que vai chover, vamos aguardar, nós temos ainda essa semana do mês março, temos abril e até 4 de maio para chover trovoada em Ipirá, vamos aguardar. Como eu ia dizendo treinador é que ganha jogo e você sabe que eu sou um treinador experimentado, já ganhei duas consecutivas e não é agora que eu vou deixar escapulir a vitória, afinal de contas eu aprendi foi lá no ninho da jacuzada – complementou o prefeito.



- Mas, prefeito! Quem vai ser o artilheiro dessa vez? – indagou um sujeito impaciente.



- E essa seca prefeito? – perguntou o homem do campo.



- Eu já disse que vai chover. Só não pode chover é justamente agora nesse momento, porque eu estou com minha prancheta na mão e eu tenho que pensar como eu vou posicionar meu time. Eu tenho para dizer que meu atacante preferido e titular absoluto é o Toinho, mas tem umas questões com um tal de Supremo, mas eu já coloquei quatro advogados para resolver esse probleminha e sua ficha vai ficar sem impedimento até o dia do jogo – concluiu o prefeito.



- Mas, prefeito! Eu soube que seu passe está preso no time Supremo e que esse time Supremo prendeu a ficha, é verdade? – indagou uma pessoa querendo saber a verdade.



- Prefeito! Essa seca ta de lascá, não tem água na região – comenta um homem do campo.



- Basta chover que se resolve esse problema, diferentemente, do problema de minha prancheta, que requer muito pensamento. Vamos raciocinar, Se Toinho ficar de fora, eu tenho duas opções, uma boa e outra péssima: a boa é o Didudy, um atacante novo, cheio de vigor, que chuta muito bem com a direita, mas é fraco na esquerda e se embaraça na direita, mas é a minha segunda opção; a opção que eu não quero, não aceito, já disse isso mil vezes, EU NÃO ACEITO, é o Deputado, é um veterano que já jogou muita bola, foi da seleção de 1970, com Gerson, Pelé, Rivelino e companhia, mas hoje, com esse jogo moderno, de correria pra lá e prá cá, Deputado não agüenta chegar no Malhador e tem mais, no meu parecer, o passe desse Deputado deve ser vendido logo ao time do Jacu, porque no meu time, ele não senta nem no banco, que dirá na cadeira de prefeito – disse o prefeito Dió.



- Mas, prefeito! Ele vai fazer falta – comentou a pessoa, sem entender bem o El Pensador.



- Prefeito! Essa seca ta matando os bichinhos lá no campo – disse o homem do campo.



- Eu não posso fazer muita coisa. Primeiro, eu tenho que salvar os bichos dos jogadores do meu time. Entenda, se ele vai fazer falta do nosso lado, pode ser perto da grande área e o time do Jacu pode fazer o gol, então que ele vá fazer falta do lado deles e nós saberemos aproveitar. Eu já disse a ele, se ele insistir em ser titular, que eu estou gastando muito com carro-pipa e eu só posso dá pra ele cinco mil, que foi o que ele deu na minha campanha para ser o treinador da macacada.



- Mas, prefeito! E o time da jacuzada? – perguntou um torcedor fervoroso da macacada.



- Prefeito! A seca vai acabar Ipirá, o senhor não vai gastar para combater essa pistiada não? – acrescentou o homem do campo.



- A seca tem todo ano e nunca acabou Ipirá e estou gastando setenta mil só com carro-pipa, agora você, homem do campo, tem que entender que quem vai acabar Ipirá é esse time do Jacu, se for campeão. Esse atacante deles, o Luizinho está fora de combate, pois está com a ficha presa no time Supremo, resta o Marcelito, esse não pode jogar de jeito nenhum, temos que dá pontapé na canela, no joelho, da cintura para cima tudo vale.



- O prefeito tem mais algum outro time para conversar? – indagou um admirador.



- Eu quero saber da seca? – disse impaciente o homem do campo.



- Vai ter jogo, chova ou faça seca. O que interessa é o jogo. No meu banco eu tenho o PT de Ipirá, é meu jogador preferido, vai ficar na boca de espera, se acontecer o titular morrer, ele entra. Tem também, para conversar, esse tal de Renovação, com esse, eu tenho que mostrar pra ele o que é bom para Ipirá; que Marcelito não pode nem jogar, imagine ganhar, de jeito nenhum; que se esse tal de Renovação tiver juízo ele deve aceitar ser gandula ou massagista, que no futuro, daqui a uns duzentos anos, poderá ser ele – disse o prefeito Dió.



- Êta, que esse prefeito Dió é esperto. Eu já vi que o senhor é quem manda em Ipirá, manda na macacada, na jacuzada, no PT e na Renovação. O senhor não vai contratar Messi do Barcelona para o nosso time, não? – perguntou um torcedor apaixonado.



- E carro-pipa? Não vai contratar não? – indagou o homem do campo.



- Eu não conheço nenhum jogador chamado carro-pipa. Agora, do estrangeiro vem um jogador melhor do que Messi, é pouco conhecido aqui, mas eu garanto por esse, é o meu irmão Lú, esse é titular absoluto no meu time, tem cartola forte por trás, o governador e o desembargador; traz patrocinador forte para a camisa, só a ODB é quinhentos paus. Esse é o meu preferido, joga de titular no meu time até operado do joelho e com meu irmão Lú eu gasto até o pensamento.



- E o prefeito ta assim, sentado na bufunfa e bom da bolada pra garantir a taça para o nosso time? – perguntou um torcedor meio duvidoso.



- Se tem bufunfa, pode contratar carro-pipa para jogar em Ipirá – sugeriu o homem do campo.



- Eu já disse que gastei demais com esse carro-pipa, só no ano passado eu dei pra ele quinhentos mil, em janeiro deste ano, setenta mil, e ele não fez nenhum gol, é certo que rende voto, mas eu tenho outras contratações, agora mesmo, aproveitei a liquidação e contratei dois atacantes o Bruno e o Marrone por duzentos e vinte e oito mil para jogarem uma partida de noventa minutos, eu pensava que era mais de quatrocentos; estou gastando com advogados para defender nosso astro Toinho nesse tal de Supremo; vou gastar mais de setecentos paus nesse no campo do São João e você, homem do campo, quer que eu gaste com quê? Com seca? Vá morar no Rio do Peixe, que lá ta tudo cheio.



- Eu estou satisfeito, prefeito Dió! O senhor foi o melhor treinador que já comandou Ipirá nestes últimos cem anos. O senhor é poderoso, é quem manda neste pedaço e acabou – disse, encerrando o torcedor.



- Prefeito! eu compreendo a sua dificuldade, realmente contratar essas estrelas a peso de ouro, é muito pesado para qualquer treinador e principalmente para o senhor que é um treinador que manda, pensa sozinho, concentra e é dono de tudo. O senhor pode até pensar que eu não compreendo as coisas, mas eu compreendo do meu jeito, e do meu jeito eu vou rezar para chover trovoada até o dia 4 de maio, mas mesmo assim, eu ainda vou fazer um pedidozinho, pequeninho, para o senhor: prefeito! Pelo menos construa o Matadouro de Ipirá para a gente poder matar o nosso carneirinho – solicitou o homem do campo.



- Não fale o nome dessa desgraça no meu gabinete. Você, homem do campo, não está vendo que eu estou a sete anos e meio nessa empreitada miserável, porque você não vai cobrar a Toinho e a Luizinho, que foram treinadores e não fizeram esse tal de matadouro, é isso que eu vou dizer. Eu já disse, e não vou cansar de dizer: NO MEU TIME NÃO JOGA ESSE TAL DE MATADOURO, NEM ESSE TAL DE OVELHA E MUITO MENOS ESSE CARNEIRO E NEM ESSE TAL DE DEPUTADO. Eu não posso ficar contra meu irmão Lú. Eu tenho que fazer tudo para escalar meu irmão Lú e todo mundo vai dizer que sou eu quem mando e sou o mais poderoso de Ipirá, e acabou.



Suspense: e agora ? o que será que vai acontecer ? Em quem o prefeito Dió vai dar a próxima facada? Na macacada ou no irmão? Será que não vai ter sangue e morte nessa novelinha? Ou vai ser tudo de mentirinha para aumentar a audiência. Agora é que essa novelinha vai ter briga de irmãos e não acaba nunca. Duas coisas de rosca, essa novelinha e o Matadouro de Ipirá.



Leia o capitulo 40 (janeiro 2011) bem abaixo.



Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

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