domingo, 1 de abril de 2012

CALAMIDADE



Veja que situação: o buraco está aqui, bem no nosso nariz. No nariz de Ipirá. Neste buraco, Ipirá mostra as suas vísceras. O governo do Estado mantém doze grandes obras na Bahia. Em Ipirá, nenhuma. Aqui começa o nosso aperto. Fora da agenda de desenvolvimento do Estado, resta-nos a política assistencialista governista. Isso demonstra o estágio real do nosso município, o Reino da Necessidade. Estamos com a cuia na mão pedindo a clemência do governo.




Município do semi-árido, a estiagem é uma realidade anual. Obrigatoriamente temos que ter meios de convivência com a seca. Não é o caso de Ipirá. Nosso município é deficitário neste aspecto; eis o problema e aqui começa a desgraceira. O carro-pipa encosta no represamento do esgoto e leva água para o gado beber. É o que se dispõe? Se for o que Ipirá dispõe, mostra a miséria de Ipirá.




Com somente 16 carros pipas, esse mesmo carro-pipa que pega água no esgoto, carrega água da Embasa (clorada) para as pessoas beberem. Pensam que o cloro elimina os coliformes fecais do resto da água do esgoto. Na casa das autoridades políticas e de quem pensa, não entra água desse carro-pipa. Mas na desgraça que se vive, fecham-se os olhos, é mais barato (50,00 reais). A nossa demanda é de centenas de solicitações de carros-pipas sem atendimento pelo poder municipal. Tem pedido de três meses sem atendimento. Só dezesseis carros! Pasmem.




O prefeito Diomário chora: “gastei 70 mil reais em janeiro com carro-pipa e quase 500 mil reais em 2011.” Não é choro dos justos. É choradeira de quem fez muito pouco ou nada pelo combate à seca. Neste aspecto, o seu governo foi uma nulidade. O prefeito Diomário estava em reunião da UPB, com mais 80 prefeitos, que encaminharam pleitos ao governo federal e estadual. Ipirá estava e está com a cuia na mão. O município de Ipirá não tem como enfrentar uma situação dessa sozinho? Permitam-me indagar. Para o prefeito não tem. São quase 6 milhões de reais por mês. Não tem nem uma merrequinha para fazer barragens em rios e riachos. Estamos no Reino da Necessidade.




Veja que situação: “o prefeito assinou termos de cooperação com o Ministério de Integração Nacional e com o governo Wagner, visando efetivas ações para diminuir os efeitos da seca em Ipirá”. É muito pouco! O prefeito deveria, também, acender umas duas dúzias de velas para ver se São Pedro manda chuva, seria uma forma de testar sua média com o “pessoal lá de cima” para ver se chove na horta de Ipirá, porque pelo M.I. ele só conseguiu ampliar o número de carros-pipas (mostrou que com o governo ele tem média), conseguiu mais nove, além dos sete do exército, consolidando uma vigorosa frota de 16 carros-pipas. Esse é o estágio do município, estamos dependendo do famigerado carro-pipa, um símbolo da política assistencialista do século passado.




Com 16 carros-pipas nos deparamos com o maior problema: onde pegar a água, muitas barragens secaram. Só resta o esgoto e a Embasa, esta, limitou em 27 carros-pipas por dia e não pode dispor de maior número para não estrangular o abastecimento da sede. A solução? Inacreditável! “Não tem faltado esforços da administração para amenizar os efeitos da tão grave e devastadora seca”: O prefeito Diomário está negociando para ir buscar água nos reservatórios de outros municípios.



Pasmem! Prefeito Diomário! Mande buscar água em Pintadas, que recebendo muito menos do que Ipirá, fez muito mais do que os esforços de sua administração.




Essa administração Diomário é de triste memória em muitos aspectos e na questão das políticas das águas é um esgoto. Entregou o loteamento do Mirante, com verba federal e fiscalização de seu governo tem um mês, e os moradores clamam água. É na zona urbana. O prefeito Diomário é a grande majestade do Reino da Necessidade. Ipirá é assim: 82,96% da população ganha até um salário mínimo. São considerados pobres 45,4% e abaixo da linha de pobreza estão 37,54%. O soberano desse reino é o prefeito Diomário.




Na zona rural de Ipirá, a faixa de pobreza é de 27,45% e abaixo da linha de pobreza encontram-se 33,10% dos sertanejos. É um povo que trabalha, produz e não tem condição de fazer uma cisterna (1.500 reais) por conta própria, tem que solicitar do Estado. O político consegue o projeto e ele paga com voto. O carro-pipa é conseguido pelo poder municipal. A paga é o voto. Observem a triste realidade: 60,55% da zona rural de Ipirá compõe boa parte da massa humana do Reino da Necessidade. Não tendo como pagar os seus direitos, nem como atender as suas necessidades básicas apelam para o “serviço prestado pelos políticos”, atendidos, pagam com voto. Não são caloteiros, por isso pagam com voto. A politicagem do jacu-macaco sobrevive e alimenta-se assim. Quem bem entende disso é o grande soberano Diomário.




Vou ser claro. Fora da agenda desenvolvimentista do governo estadual, Ipirá está entregue a sua própria gente. Se o povo de Ipirá não fizer o desenvolvimento do município ninguém fará. Mais claro do que isso, só uma dúzia de banana na feira de quarta. Estamos nessa encruzilhada: ou desenvolvemos ou continuamos no Reino da Necessidade, com 82,96% da população na pobreza. Ipirá precisa dar um salto além do Reino da Necessidade. Você tem que entender isso.




Ipirá possui 6.813 propriedades rurais, vivenciando uma seca inclemente, comprando água e comida para o gado; com baixa ou sem produção; com despesas superiores à receita; descapitalizado; sem amparo de empréstimos bancários subsidiados; fragilizada e estagnada; morrendo o bicho; a conseqüência será a falência. Assim sendo, unidade de produção rural será absorvida pelo Reino da Necessidade, que se consolida e se fortalece. A velha política do atraso (jacu-macaco) sobrevive por causa do Reino da Necessidade (a miséria de muitos significa a grandeza de poucos).




Esse é o grande risco do momento. A quebra de grande parte dessas 6.813 propriedades rurais significa, para Ipirá, a quebra de uma Bolsa de Valores, sendo o colapso da produção e sem produção nenhum município tem futuro. Seu povo será escravo da necessidade e da carência. Se quebrar a produção, grande parte do comércio vai falir, porque a economia do município vai ser alimentada por 2.425 (15 milhões/ano) aposentadorias urbanas e 9.097 rurais (57 milhões/ano) e pela prefeitura (6 milhões/mensais). É o fortalecimento e consolidação do Reino da Necessidade e o seu grande rei Diomário/Antônio/Luiz aumentará o poder.




Ipirá tem que gerar emprego e renda para sua população urbanizada e inchada, vivenciando um estágio de pobreza elevada. Para isso, é necessário restabelecer a produção de 6.813 propriedades em bases reais e elevadas, não tem outro caminho; para isso, tem que garantir a comercialização da produção rural: Matadouro de bovinos e caprinos e Parque de Vendas de Animais.




Garantindo a comercialização, criar uma infra-estrutura de convivência com a seca (perenizar rios/ açudes). Cada criador vai ter que se conscientizar que para sobreviver tem que ter a sua grande plantação de palma. Recuperando a produção haverá a possibilidade de estabelecer e crescer o comércio em bases seguras, porque raça e boa vontade os filhos de Ipirá possuem para investir.




Para garantir a economia popular urbana, estruturar esse Centro de Abastecimento, porque tem gente em Ipirá que só trabalha dia de quarta-feira, não é o caso do prefeito que trabalha quarta e quinta. Ir adiante do Reino da Necessidade é desenvolvimento.




Estado de calamidade. O prefeito Diomário reconhece essa situação. Calamidade significa destruição que atinge uma vasta área ou grande número de pessoas. Ipirá vive, neste momento, uma catástrofe. O prefeito Diomário compreende isso, tanto que, tendo a certeza de que em abril tudo isso acabará, já contratou trios para o aniversário da cidade e para o São João, Bruno e Marrone, aproveitando uma liquidação, por 228 mil reais, ou seja, para você entender melhor, 3 meses e meio de carro-pipa. Entendeste? É assim que o município de Ipirá fica atolado no Reino da Necessidade.




Resumindo em linhas tortas: carro-pipa é coisa do Reino da Necessidade. Chuvarada de trovoada, este mês ou maio, acabará com o carro-pipa, mas não encaminhará Ipirá para o desenvolvimento, pois bem, para Ipirá desenvolver, necessita de um pólo econômico que gere trabalho e renda para uma população que incha, assim sendo, é necessário que se concretize o matadouro local e que se viabilize um parque de venda constante de animais, para incentivar a produção rural em bases sólidas e viáveis. Entendestes porque a Renovação de Ipirá é uma questão de propósito e interesse político para realizá-la.

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