sábado, 18 de maio de 2013

Bahêaaaa versus Esporte Clube Ipirá.


Ipirá precisa do teu olhar e não sabe como atrair tua atenção. Coisa tão difícil para uns, fácil para outros. O Esporte Clube Bahia está em crise! É um tormento. O mundo desabou. É protesto em cima de protesto. Parece que o mundo ficou pelo avesso. Uma derrota de sete é insuportável e dolorida. Dolorido vira “bicho-brabo” e geme.

Ipirá está em crise! É um tormento silencioso. Cada qual viva e rumine o seu martírio. Tudo perfeitamente dentro da ordem do universo. É a letargia que revira o “brabo-bicho”. O ser humano é sui generis.

A crise no município de Ipirá tem origem: está no tempo; na secura do tempo, que seja bem dito. Já devíamos ter aprendido essa lição. O catingueiro conhece isso de sobra, está acostumado e amansado. A estiagem está aí, persiste por cinco anos seguidos. O ano da seca fica mais longo, demora mais e consome mais. As trovoadas não tiveram a sequência necessitada e precisa.

As trovoadas vieram no início de novembro; boas e providenciais chuvas, mas vieram e sumiram. Naquele instante fizeram águas e alimentos para o rebanho. Com o sumiço e o sol escaldante, o rebanho voltou a sentir a escassez de comida. As chuvas de inverno são insuficientes para fazerem comida brotar do solo com fartura. A famigerada e conhecida seca continua; a previsão de chuvas é para novembro; notícia nada alvissareira. A seca tem continuidade com fome de carcaça de gado.

A seca estende suas presas sobre o município e trava; nesse entrave, atravanca e impede que o município tenha qualquer crescimento. Ipirá está paralisado e em crise. Sua profundidade atinge, em cheio, o setor produtivo do município. Qualquer município sem produção já era, ou melhor, já foi para o beleléu. A crise de Ipirá é profunda e tem o impacto estremecedor de filme de terror. É a vertigem do moribundo em pleno leito do desespero. É a esmolaria com a cuia na mão em busca de cartão virtual de algum programa.

A quebra do setor econômico produtivo rural atinge a economia como um todo. A tabuada de Aritmética é simples e exata: 2+2=4; todo mundo entende. Um pacote de feno estava sendo vendido no chiqueiro das ovelhas, esta semana, por R$ 14,00. Uma vaca alimentando-se só para subsistir come um fardo por dia, custo de 14 reais; em um mês 420 reais; dois meses 840 reais; em três meses R$ 1.260,00. A vaca que custava R$ 1.300,00, hoje custa 650 reais. Multiplique por 10 cabeças. Multiplique por 100 reses. Essa é a matemática do esgotamento, do fracasso e da falência.

A crise atingiu o município de Ipirá em cheio. Sem recurso para manter o gado o produtor fica sem saída e entra em desespero. A falência do pequeno produtor é a vereda mais próxima. Ipirá está com a faca no pescoço em processo de inanição. Gado fraco, sem comprador deprecia o preço. Não tendo comprador, manter gado fraco com ração, custo elevado; fica inviabilizada a pecuária de Ipirá. Carimbo batido: zona rural inviável, a cidade que se cuide.

Não tem município que sobreviva sem um setor produtivo forte e alvissareiro. Em Ipirá são 6.813 propriedades rurais sem auto-sustentabilidade, mergulhando no caos. As unidades de produção na zona rural estão deficitárias e sem recursos. Ipirá mostra suas entranhas com necroses econômicas e chagas sociais.

O poder municipal em Ipirá é um poder oligárquico (poder de grupo / familiar) apoiado e sustentado nesses setores de proprietários rurais. Esse poder oligárquico não dispensa a atenção necessária para o atendimento às questões vitais da zona rural. Cada seca retrata o nosso bendito reino de necessidade. Os proprietários rurais dão apoio maciço e irrestrito às oligarquias que dominam o município e que pouco realiza em benefício de economia rural produtiva de Ipirá.

É triste, mas é relevante atiçar as memórias dos ipiraenses para o papel maciço e inoperante da gestão oligárquica na questão da zona rural. O governo Antônio Colonnezi não disse para que veio, foi mais irresponsável do que se imagina, construiu um matadouro sem planejamento, completamente improvisado e que nunca funcionou. Da gestão do prefeito Luís Carlos 500 obras no tempo do Brasil 500 anos; ah, se fosse verdade! Estaríamos na beira do céu, porque com esse governo o matadouro de Ipirá não deu cabo de um garrote. Estaca zero. Em seguida, vem o débil governo de Diomário, precário nas obras, previdente nas obras “meia-boca” e mergulhado no lamaçal da Assistência Social, não teve a vergonha de construir um ridículo chiqueiro para vender animais e o matadouro continuou abatendo o que abatia antes: nada.

As administrações das oligarquias ipiraenses (jacu/macaco) desonram e envergonham essa terra. Perambulam pela periferia dos problemas, com remendos e arremedos de obras na zona urbana. Dão a entender que quantidade de obras é o objetivo demarcado; não atacam os problemas pelo ponto essencial, vital, substancial, necessário e inevitável para fazer Ipirá progredir por conta própria e com os calos de suas mãos. Empurraram Ipirá para o buraco.

O município de Ipirá está nas mãos do vice que virou prefeito, Ademildo Almeida. Sua administração herdou uma herança riquíssima, afortunada e soberba das oligarquias ipiraenses: a irresponsabilidade de Antônio Colonnezi; o engodo de Luis Carlos e o descaso de Diomário. Agora é sua vez de conduzir os destinos do município.

O problema da zona rural como um todo, não por atacado e olhando só para o assentamento, passa por atender as suas necessidades: água (perenizar rios e grandes e médios açudes), transporte (estradas vicinais adequadas), logística (matadouro e parque de vendas), produção (orientação técnica), sem palma forrageira não se cria no semi-árido, esse é o bê-a-bá do produtor. Ficar atento a isso é melhor do que fazer reforma “meia-boca” de um milhão nas praças de Ipirá, como fêz a administração passada. Sabemos que o prefeito Ademildo está preocupado com o São João, mas depois, quem sabe! Se o prefeito não passa a se preocupar com Ipirá! Com a Ipirá falida. E você?

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