Ipirá
precisa do teu olhar e não sabe como atrair tua atenção. Coisa tão difícil para
uns, fácil para outros. O Esporte Clube Bahia está em crise! É um tormento. O
mundo desabou. É protesto em cima de protesto. Parece que o mundo ficou pelo
avesso. Uma derrota de sete é insuportável e dolorida. Dolorido vira
“bicho-brabo” e geme.
Ipirá
está em crise! É um tormento silencioso. Cada qual viva e rumine o seu
martírio. Tudo perfeitamente dentro da ordem do universo. É a letargia que
revira o “brabo-bicho”. O ser humano é sui generis.
A
crise no município de Ipirá tem origem: está no tempo; na secura do tempo, que
seja bem dito. Já devíamos ter aprendido essa lição. O catingueiro conhece isso
de sobra, está acostumado e amansado. A estiagem está aí, persiste por cinco
anos seguidos. O ano da seca fica mais longo, demora mais e consome mais. As trovoadas
não tiveram a sequência necessitada e precisa.
As
trovoadas vieram no início de novembro; boas e providenciais chuvas, mas vieram
e sumiram. Naquele instante fizeram águas e alimentos para o rebanho. Com o
sumiço e o sol escaldante, o rebanho voltou a sentir a escassez de comida. As
chuvas de inverno são insuficientes para fazerem comida brotar do solo com
fartura. A famigerada e conhecida seca continua; a previsão de chuvas é para
novembro; notícia nada alvissareira. A seca tem continuidade com fome de
carcaça de gado.
A
seca estende suas presas sobre o município e trava; nesse entrave, atravanca e
impede que o município tenha qualquer crescimento. Ipirá está paralisado e em
crise. Sua profundidade atinge, em cheio, o setor produtivo do município.
Qualquer município sem produção já era, ou melhor, já foi para o beleléu. A
crise de Ipirá é profunda e tem o impacto estremecedor de filme de terror. É a
vertigem do moribundo em pleno leito do desespero. É a esmolaria com a cuia na mão
em busca de cartão virtual de algum programa.
A
quebra do setor econômico produtivo rural atinge a economia como um todo. A tabuada
de Aritmética é simples e exata: 2+2=4; todo mundo entende. Um pacote de feno
estava sendo vendido no chiqueiro das ovelhas, esta semana, por R$ 14,00. Uma
vaca alimentando-se só para subsistir come um fardo por dia, custo de 14 reais;
em um mês 420 reais; dois meses 840 reais; em três meses R$ 1.260,00. A vaca
que custava R$ 1.300,00, hoje custa 650 reais. Multiplique por 10 cabeças.
Multiplique por 100 reses. Essa é a matemática do esgotamento, do fracasso e da
falência.
A
crise atingiu o município de Ipirá em cheio. Sem recurso para manter o gado o
produtor fica sem saída e entra em desespero. A falência do pequeno produtor é
a vereda mais próxima. Ipirá está com a faca no pescoço em processo de
inanição. Gado fraco, sem comprador deprecia o preço. Não tendo comprador,
manter gado fraco com ração, custo elevado; fica inviabilizada a pecuária de
Ipirá. Carimbo batido: zona rural inviável, a cidade que se cuide.
Não
tem município que sobreviva sem um setor produtivo forte e alvissareiro. Em
Ipirá são 6.813 propriedades rurais sem auto-sustentabilidade, mergulhando no
caos. As unidades de produção na zona rural estão deficitárias e sem recursos. Ipirá
mostra suas entranhas com necroses econômicas e chagas sociais.
O
poder municipal em Ipirá é um poder oligárquico (poder de grupo / familiar)
apoiado e sustentado nesses setores de proprietários rurais. Esse poder
oligárquico não dispensa a atenção necessária para o atendimento às questões
vitais da zona rural. Cada seca retrata o nosso bendito reino de necessidade.
Os proprietários rurais dão apoio maciço e irrestrito às oligarquias que
dominam o município e que pouco realiza em benefício de economia rural
produtiva de Ipirá.
É
triste, mas é relevante atiçar as memórias dos ipiraenses para o papel maciço e
inoperante da gestão oligárquica na questão da zona rural. O governo Antônio
Colonnezi não disse para que veio, foi mais irresponsável do que se imagina,
construiu um matadouro sem planejamento, completamente improvisado e que nunca
funcionou. Da gestão do prefeito Luís Carlos 500 obras no tempo do Brasil 500
anos; ah, se fosse verdade! Estaríamos na beira do céu, porque com esse governo
o matadouro de Ipirá não deu cabo de um garrote. Estaca zero. Em seguida, vem o
débil governo de Diomário, precário nas obras, previdente nas obras “meia-boca”
e mergulhado no lamaçal da Assistência Social, não teve a vergonha de construir
um ridículo chiqueiro para vender animais e o matadouro continuou abatendo o
que abatia antes: nada.
As
administrações das oligarquias ipiraenses (jacu/macaco) desonram e envergonham
essa terra. Perambulam pela periferia dos problemas, com remendos e arremedos
de obras na zona urbana. Dão a entender que quantidade de obras é o objetivo
demarcado; não atacam os problemas pelo ponto essencial, vital, substancial,
necessário e inevitável para fazer Ipirá progredir por conta própria e com os
calos de suas mãos. Empurraram Ipirá para o buraco.
O
município de Ipirá está nas mãos do vice que virou prefeito, Ademildo Almeida.
Sua administração herdou uma herança riquíssima, afortunada e soberba das
oligarquias ipiraenses: a irresponsabilidade de Antônio Colonnezi; o engodo de
Luis Carlos e o descaso de Diomário. Agora é sua vez de conduzir os destinos do
município.
O
problema da zona rural como um todo, não por atacado e olhando só para o
assentamento, passa por atender as suas necessidades: água (perenizar rios e
grandes e médios açudes), transporte (estradas vicinais adequadas), logística
(matadouro e parque de vendas), produção (orientação técnica), sem palma
forrageira não se cria no semi-árido, esse é o bê-a-bá do produtor. Ficar
atento a isso é melhor do que fazer reforma “meia-boca” de um milhão nas praças
de Ipirá, como fêz a administração passada. Sabemos que o prefeito Ademildo
está preocupado com o São João, mas depois, quem sabe! Se o prefeito não passa
a se preocupar com Ipirá! Com a Ipirá falida. E você?
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