sábado, 25 de maio de 2013

QUEM TEM RAZÃO: O PROFESSOR OU O VEREADOR?


O professor quer melhoria nas condições de trabalho, busca meios para uma boa qualidade de ensino e de apredizagem. Só isso. É essa a essência da exigência e do querer de quem exerce a profissão de educar as gerações mais novas nesta terra. Só isso. Esse é o ângulo da questão. Se os vereadores, também, defendem a educação de qualidade, nada melhor, porque estão em consonância com o mesmo objetivo da categoria dos professores.

A educação dos dias atuais é por demais complexa e os professores sozinhos não dão conta desta situação, havendo uma necessidade premente da democratização da escola para a participação dos pais, alunos, professores, funcionários e diretores. A gestão democrática é a única saída para esta situação; passando por um processo de aprimoramento, até chegarmos ao ponto de debater e escolher projetos educacionais nascidos nessa base de participação livre e democrática. A construção democrática de um projeto pedagógico para a unidade escolar é um fator decisivo. A escolha democrática desse projeto por quem vivencia a realidade da escola é essencial. Não é sem fundamento que os grandes mestres e pedagogos defendem a gestão democrática como caminho para melhorar a educação. Aí vem o vereador e diz que não é por aí. Já não entendo mais nada.

O vereador é taxativo: “Não funciona a gestão democrática da forma que foi implantada. Sou contra. Declaro meu voto contra; duzentas vezes votarei contra” Com essas palavras fechou qualquer possibilidade de diálogo, ao tempo que disse: “Diálogo tem que ser feito pela qualificação dos diretores, podemos fazer educação com qualidade com capacitação de diretores e professores”. Demarcou os meios e os fins.

Está resolvido. Educação de qualidade por decreto. Quem está nesta área sabe que não é por aí, além do mais as justificativas do vereador são corriqueiras: “Vi o fracasso que foi durante esse período de gestão democrática; a farra que foi com diretor liberando professor sem botar falta porque precisava de voto para a próxima eleição; dinheiro público era gasto com farra dentro de um colégio, uso de drogas, bebida alcoólica, tenho a filmagem.” Isso não é uma característica do diretor eleito, poderá acontecer com qualquer tipo de diretor: eleito, indicado, sorteado, apontado, caído do céu, etc e tal.

O vereador sem querer dizer o que quer realmente, fica naquela situação desconfortável e argumenta: “Não sou contra o processo democrático, sou contra a forma que tem e que foi instaurado e que negou e cortou o direito do executivo punir os irresponsáveis.” A eleição de diretor não dá direito ao diretor roubar o dinheiro da escola, ele não possue imunidade e está sujeito aos agravos da lei.

A categoria dos professores não tem dúvidas: o ensino de qualidade passa pela escolha democrática da direção da escola e de um projeto pedagógico. O governo de Diomário avançou nesse sentido. Não há dúvida quanto a isso. O vereador continua na dúvida e diz: “Sou a favor que as indicações sejam do quadro, agora tem que ser indicação do gestor (prefeito) que vai indicar professor concursado para ser o gestor escolar e que não se comprometer com a comunidade escolar (professores).”

O diretor por melhor qualificado que seja se não tiver apoio dos segmentos que fazem a escola na construção da atividade educativa não alcançará grandes resultados. A escola tem que evoluir tendo por base um projeto pedagógico participativo na construção e na execução. Isso é fato vivenciado na prática por que tem como profissão ser educador. Se indicação fosse a condicionante bastaria indicar os melhores pedagogos para dirigir as unidades escolares e estaríamos no paraíso. O problema é complexo e sem a participação e parceria dos segmentos que vivenciam e fazem a escola não haverá melhoria na educação. O diretor indicado não tem possibilidade de fomentar essa elaboração por falta de envolvimento e de legitimidade para tal construção. A gestão democrática na prática é um processo de aprimoramento, de desenvolvimento e sua tendência é evoluir como modelo participativo, e assim deve ser.

O vereador corrigindo uma fala equivocada de outro vereador, citou:” LEI não tem jeito, LEI se cumpre, é LEI, é indicação e quem fez foi o vereador Jaildo. LEI é para se obedecer.” Outro vereador citou: “ É LEI votada por esta casa e que o prefeito não pode fazer nada, não pode encaminhar um novo projeto e revogar esse projeto, que tem um ano de prazo, se for feito vamos provocar uma questão jurídica”.

Chegou onde o vereador queria: "VAMOS OBEDECER A LEI." Não conheço o texto da LEI, mas suponho que a LEI deve sacramentar que DIRETOR DE ESCOLA é cargo de confiança do EXECUTIVO.

Estou querendo entender: a LEI coloca o cargo de Diretor das Escolas como cargo de confiança. Não é isso? Confiança de quem? Do Executivo ou do Legislativo? A LEI deve ser clara: do Executivo o prefeito indica; do Legislativo os vereadores indicam.

Não é assim? LEI é para ser obedecida. Essa LEI determina o loteamento das escolas entre os vereadores? Se não tem isso, os vereadores não devem burlar a LEI, que foi feita para ser obedecida. Em que artigo da Lei consta que são os vereadores que têm que indicar os diretores? Eu só quero compreender essa LEI, porque a LEI tem que ser obedecida até pelos que a fizeram.

Se a LEI reza que é o Executivo quem indica os seus cargos de confiança, por que os vereadores não querem respeitar a LEI que eles fizeram? LEI se cumpre. Por que os vereadores não querem cumprir sua própria LEI? O prefeito fazendo indicações é cumprir a LEI. Tem algum artigo que diz que vereadores indicarão os diretores de escola como o único direito do vereador: fazer indicações de cargos? Se não tem nada disso, o Legislativo está usurpando a LEI, ou eu estou enganado?

Se não tem nenhum artigo falando em nomeação por vereadores, não dá para entender a lista das escolas em mãos de vereadores para indicarem os diretores e vices. Vamos obedecer a LEI. Os vereadores não podem ludibriar a LEI, com armação sub-reptícia e vegonhosa, porque o fundamento essencial de quem faz a LEI é obedecê-la, até por descarrego de consciência e não ser demagogo e incoerente.

Está nas mãos do prefeito do PT, Ademildo Almeida. A LEI permite que o gestor faça as indicações para os gestores das escolas dentro de sua lógica e de sua consciência para objetivar o ensino verdadeiro e da boa educação. V. Exa. já foi professor e conhece o valor da educação de qualidade e voltada para a liberdade humana. Tem momentos em que a pessoa não pode enganar a si próprio e a sua história. Prefeito Ademildo Almeida, do PT, não seja “um boneco ventríloquo” para sancionar listas de diretores confeccionadas por vereadores em cima da perna, sem critério, sem responsabilidade e no provimento do interesse pessoal.

Quero parabenizar ao presidente da Câmara de Vereadores de Ipirá, Aníbal Aragão, que demonstrou elegância, maturidade e espírito democrático quando acatou e permitiu a apresentação teatral e a manifestação da categoria dos professores no seu espírito de liberdade e respeito, desta forma, contribuindo para que tenha acontecido uma das reuniões mais calorosas, palpitantes e vivas na Casa da Cidadania de Ipirá.

Sem desmerecer ninguém, eu acho previdente as colocações do vereador Deteval Brandão, quando afirma que: “O diálogo não está fechado com a APLB, que é momento de ouvir e conversar, que existem pressões políticas, mas que não tem nada definido e que não houve nenhuma indicação ainda.” É uma posição coerente, porque o que está em pauta é a educação de jovens e adultos em Ipirá, que merece ou não ter uma educação melhor para sua juventude? Eis a questão.

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