O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina.
Vende para mais de cem países. No território brasileiro tem 200 milhões de
cabeças de gado. Tem nas mãos um gigantesco mercado de exportação que é o filé-mignon
da pecuária.
Ipirá é um município da pecuária. Qual é a
participação do município de Ipirá nessa grande venda de carne para o exterior?
Nenhuma; nem uma bituca!
Observe bem a distância astronômica em que Ipirá está
metida: o município é do ramo pecuarista e não temos capacidade para exportar
nem o berro de uma vaca. Isso demonstra o potencial do município: estamos
absolutamente atrasados.
Vamos colocar Ipirá no seu devido lugar. A pecuária de
Ipirá não tem expressão estadual e muito menos regional. Nem ao menos tem o
predomínio e influência no Território da Bacia do Jacuípe. É triste, mas é a
verdade dos fatos. Esse é um duro diagnóstico da drástica realidade de Ipirá. Não
tem capilaridade na sua base econômica produtiva rural, vive uma agonia perene.
Essa é a pilastra de sustentação do município, mas também o seu calcanhar de
Aquiles.
A pecuária do nosso município é uma atividade restrita
ao próprio município e ao fornecimento às cidades de Feira e Salvador. Esse é o
seu alcance. São mais de 6.000 unidades de produção rural (fazendas), na sua
grande maioria são pequenas propriedades rurais de base familiar (tem quem
pense que isso só é possível em assentamento), que estão atravessando um leque
de dificuldades imensas, tornando-se as grandes vítimas da prolongada estiagem.
Descapitalizadas; infraestrutura deficiente; baixa
capacitação para o enfrentamento da seca; precariedade na produção;
produtividade baixa; baixo nível de desenvolvimento; autossustentabilidade
equivocada e minguada; fragilidade na convivência com a seca; terras em
processo de desertificação, sem técnicas adequadas; e sem dá muita bola para a
relação produção e sua ambiência.
Toda debilidade econômica de Ipirá está neste aspecto
e circunstância de atividade econômica. Sem produção rural expressiva ficamos
vulneráveis à pobreza e sem perspectiva. Sem tirar a pecuária de Ipirá do ponto
morto esse município não vai desenvolver e não terá um futuro promissor, por
mais eventos de grandes multidões que o poder público venha realizar.
Essa é uma discussão importante para Ipirá, talvez bem
mais interessante do que os abstratos e abrangentes PPAs que engloba
territórios, até mesmo porque já está definido na agenda do Estado da Bahia que
a bola da vez na economia baiana são as áreas de mineração: os investimentos de
porte estão a mineradora Vanádio de Maracás; a produção de ferro da Bahia
Mineração em Caetité; a produção de ouro da Yamana, em Santa Luz; a produção de
níquel da Mirabela; a produção de diamantes da Lipari Mineração; investimentos
de empresas como a Ferbasa, Paranapanema e Magnesita, que estão ampliando suas
reservas e produção.
A mineração é a nova fronteira de expansão da economia
na Bahia. Ipirá não tem mineração. Está ficando bem claro: a pecuária que se
vire. Essa é a discussão que Ipirá precisa travar para fazer alguma coisa e tomar
iniciativas com suas próprias pernas, caso contrário, teremos que nos contentar
em futricar qual será a próxima banda para fazer a maior festa do planeta.
Acredite quem quiser.
Um comentário:
Triste realidade, mas sábias palavras.
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