Estilo:
ficção
Modelo:
mexicanoNatureza: novelinha
Fase: Não sei se vale a pena ver de novo
Capítulo: 02 (mês de julho 2014) (um por mês)
O
prefeito Déo observou que o ex-prefeito Dió estava perambulando pelo pátio da
prefeitura e ficou pensando: “esse sujeito não sai da prefeitura, não quer
largar o filé”, aproximou-se e tirou uma onda com o ex-prefeito:
-
Você não faz mais nada não é ex-prefeito Dió? Procure uma roupa para lavar.
O
ex-prefeito Dió tomou aquele susto, sentiu o impacto daquela estocada,
tremeu no fundo da alma e começou a chorar:
-
Ui,ui,ui! É verdade, quem fui eu nessa terra! Hoje, sou humilhado sem o menor
remorso! É verdade! Ui, ui, ui!
O
prefeito Déo sentiu aquela reação e logo se arrependeu do que falou, tentou
contornar a situação e procurando amenizar o ambiente, fez um quase pedido de
desculpa:
- É
brincadeira, ex-prefeito Dió! Até você, ta parecendo que não é companheiro das
antigas! Vamos falar do que interessa: você que tem mais tempo livre do que eu;
como vai essa Copa do Mundo?
-
Nessa Copa do Mundo eu estou Souto, não torço para ninguém. O que eu gostei foi
que Costa tomou uma sapecada, perdeu e já foi – disse o ex-prefeito Dió.
O
prefeito Déo sentiu que o chão desapareceu e parecia que Ipirá tinha sofrido a
ação devastadora de um terremoto trazendo o presságio de que tempos tenebrosos
adviriam. O prefeito chorava igual ao capitão da seleção brasileira. Eu juro,
que nunca vi um sujeito chorar tanto: chora quando toca o hino, no jogo, nos
pênaltis, quando o jogo termina. Quando mais se espera dele, ele chora.
-
Uai, uai, uai! Com essa derrota de Costa, o que será de minha vida nestes dois
anos? Eu tô lascado, ex-prefeito Dió! Uai, uai, uai – choramingava o prefeito
Déo.
-
Eu pensei nisso, prefeito Déo! V. Exa. está entrando num caldeirão fervendo;
sua salvação pode ser cair numa Mata sem cachorro e sua sorte é se essa Mata
der fruto e sombra para o segundo tempo do jogo, porque uma coisa é certa: pode
considerar perdido todo o Marfim que tinha na Costa.
O
prefeito parou por um minuto, raciocinou e falou:
-
Oxente, ex-prefeito Dió! Costa que eu estou falando nunca teve Marfim, é bem
Rica, lá isso é, tem muita bomba pra detonar no segundo tempo do jogo e sua
maior torcida são os prefeitos e vereadores.
-
Foi até bom V. Exa., prefeito Déo, falar em riqueza; eu queria que V.Exa. me
liberasse para eu assistir o jogo Costa Rica e Holanda em Salvador.
-
Em Salvador, Costa não perde! Fique lá uns três meses, Costa precisa muito de
você. Vamos mudar de assunto, eu consegui uma universidade pública para nossa
terra, a UAB, coisa que esse rebanho de prefeito que veio antes de mim não
conseguiu.
-
UAU! – exclamou o ex-prefeito Dió.
-
UAU não, é UAB! Você que é um homem das letras jurídicas poderia estudar
Matemática na nossa UAB e se tornar um grande homem dos números – disse o
prefeito Déo.
-
UAI! – exclamou o ex-prefeito Dió.
-
Não é UAI, seu burro! É UAB! Vê se entende, U A B. Procure decorar; UAB! Vê se
decora: U de urubu; A de arapuca e B de Brandão! Pense, bem pensado! Pense em
Brandão montado num urubu e caindo numa arapuca. Entendeu? – indagou o prefeito
Déo.
-
UI, ui, ui! – choramingou o ex-prefeito Dió.
-
Ui, ui, ui, uma desgraça! É UAB e não adianta que você não vai fazer Medicina
na nossa universidade – falou retado da vida o prefeito Déo.
-
Uei, uei, uei! Eu não gosto de ver sangue, Medicina não! – choramingou o
ex-prefeito Dió.
-
Pare com esses guinchos de macaco! Não fique esculhambando a nossa universidade
não, porque lá não tem sangue, onde tem sangue é no matadouro e sangue de boi.
-
Uai, uai, uai! Não fale nas promessas que eu fiz e nunca realizei, isso
estragou meu retorno a prefeitura. Eu vou jogar no time da Holanda contra Costa
em Salvador.
-
Vá, vá, e fique por lá! Antes da final da Copa eu inauguro esse Matadouro de
Ipirá, coisa que em quarenta anos nenhum prefeito fez – disse o prefeito Déo
com toda a transparência e o que ele fala se escreve.
Suspense:
e agora, esse matadouro sai ou não sai? Será que a Copa do Mundo era o que
estava faltando para botar nosso Matadouro em funcionamento? Vamos nessa,
Matadouro!
O
término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse
Matadouro de Ipirá. Inaugurou! Acabou, imediatamente.
Observação:
essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador
e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles
brincam com o povo e o povo brinca com eles.
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