terça-feira, 10 de novembro de 2015

GRANDES EVENTOS, PEQUENAS SOLUÇÕES (4).


O que é que pode ser feito por Ipirá? Muita coisa ou quase nada; isso será uma decorrência do pensar e da ação. O debate essencial, mais importante e necessário sobre o município de Ipirá continua sendo sobre a economia do município.

O debate de opiniões que abordem desenvolvimento autossustentável ou dependência; importar de tudo ou tocar a produção; a questão da vocação econômica desaguando na geração de emprego e renda. Gerar riqueza como? Quem vai produzir e o quê? Esse é o verdadeiro debate e, acredito, tem muita gente que pode contribuir, embora não o faça.

Evidente que a temática desse artigo trata da capilaridade econômica desse município. Desejar que Ipirá seja um pólo disso ou daquilo nas atuais circunstâncias que nos encontramos é querer atingir as nuvens subindo num monte de areia. A realidade é impositiva e determinante.

Ipirá é um município localizado no semi-árido que padece de condições de autossustentabilidade para suportar à contento as agruras advindas das dificuldades que se impõem com a estiagem. Esse é um problema chave e agudo. Enquanto não for equacionado o problema da economia rural com a problemática da produção, Ipirá estará entalado com uma espinha na garganta.

As vertentes do pensamento são postas, principalmente na linha de que a festa-espetáculo, bancada com dinheiro público, poderá ser o caminho mobilizador da economia local, de forma a suprir a enorme contingência local do subemprego em suas necessidades e no atendimento às demandas do setor serviços, com eventualidades econômicas. Tenho minhas dúvidas sobre isso.

Tirar Ipirá do buraco imprime uma linha de pensamento que tenta atingir o céu com uma inusitada vocação turística, onde a Caboronga e o Monte Alto seria o ponto de atração. É impossível fazer as coisas sem um projeto definido e profundo. Paulo Afonso foi citada e, não resta dúvida, possue força de atração. A Chapada é um pólo turístico atrativo comprovado. Alunos saem de Ipirá para visitar aquela região. A Caboronga em sua decomposição e falta de trato não acode a esse anseio, nem que se gastem os recursos financeiros de um ano da prefeitura em propaganda.

Eu fico imaginando: o poder público bancando um grande evento de micareta ( 350 mil reais para CcB/IS/AdF, para tocarem duas horas cada um), mais infraestrutura e lá se vão mais de 1 milha e meia, de uma prefeitura falida, para fora do município. A praça vai ficar com lotação completa (cabe 10, 12 mil pessoas), tenho minhas dúvidas se conseguirá atrair 20% de fora do município. O setor de serviços (bares e hotéis) e o sub-emprego (barraqueiros e ambulantes) ganharão uma renda-temporão. É assim que Ipirá vai sair do buraco? Quem banca as micaretas em outras cidades é o folião-brincante em seus blocos. Poder público nenhum agüenta essa sangria.

Eu mantenho a crítica e tenho propostas nesse sentido. O rádio e o blog são boas ferramentas para esse confronto de idéias. O maior obstáculo para o incremento de idéias em busca de uma solução diante de uma realidade gritante é o sistema da politicagem local, o famigerado jacu/macaco, que fica ruminando alegremente a obscuridade de um corpo de idéias que rasteja e só vislumbra um tal ‘astro’, uma tal ‘sofrência’ e um imponderável ‘quebra’. Nessa forma de expor o pensar, essa turma vai quebrar Ipirá.

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