sexta-feira, 13 de maio de 2016

ENTRE A RAMPA E A RIBANCEIRA.

Um movimento de rua com dois milhões de pessoas espremendo-se na Avenida Paulista é forte o suficiente para colocar ribanceira abaixo qualquer governo. Disso não se tem dúvida. A marca preponderante e norteadora foi o ‘Fora Dilma’, ‘Fora Lula’, ‘Fora PT’. Não teve nada como indicativo de ‘Fica Temer’ ou ‘Fica PMDB’. Nada, nem um trapo de faixa.

Nestas circunstâncias, o PMDB, um partido chupa-sangue, que gruda nas tetas do poder para ficar mamando em todo governo e a maioria do Congresso Nacional de forma oportunista e sorrateiramente pongou no movimento das ruas e começaram a articular a derrubada da presidenta Dilma. Era o golpe do Eduardo Cunha.

Era a vontade de Cunha recheado da mais suculenta vingança. Os ingredientes do golpe estavam postos: a maioria do Congresso e a vontade soberana de Cunha. Teria Eduardo Cunha envergadura moral para conduzir um processo dessa natureza? Eu creio que não. Este Cunha, com uma capivara quilométrica, que vai de chantagista a propineiro de 52 milhões de reais, tornou-se um pombo-sujo engravatado disponível para fazer o jogo sujo.

Cunha tinha dezenas de Pedidos de Impeachment, escolheu o de Janá, justamente o que não tocava na Operação Lava Jato, focava em pedaladas e não autorização da Câmara. Cunha estava atolado até o pescoço na Lava Jato, pela solicitação de Janaína o Cunha poderia se salvar lá na frente e a maioria do Congresso já estava de cabeça feita para torrar a presidenta por qualquer pretexto, mesmo deixando fora as graves denúncias da Lava Jato que envolvem meio mundo político.

Chegou a vez de Janaína, ‘a nêga de lá ele’, apresentou-se fagueira e fogosa, não perdeu tempo: “todos os senadores devem levar em conta a delação premiada”, isso não constava na sua peça inquisitorial. Mas a batata de Janá estava assando, o senador Randolfe Rodrigues apresentou um catatau de decretos que apresentavam despesas de bilhões de reais, sem autorização da Câmara, mas não disse quem assinou-os.

Êta, que a sapeca Janá, cheia de saracoteio, não perdeu tempo: “Isso é crime de responsabilidade, eis a prova.” O senador agradeceu e disse que as assinaturas foram do vice Temer. Taí o que Janá não esperava e ciscou prá lá e prá cá, arrancou uma pérola: “Assinatura do vice não vale.” Como assim? Assinatura do vice não vale nada? Ah, Janá, tu deu na pinta! Tu tem lado, tu é Temer. Depois, ficamos sabendo que Janá deu uma mordida no recheio do sanduíche no valor de quarenta e cinco mil reais para fazer a peça para a oposição que queria ganhar no golpe. Janá não tem o que temer, ela é Temer desde pequenininha.

A maior bandeira do golpe sujo era Cunha. Eis o problema e a vergonha escancarada do golpe institucional, que teve em Cunha o seu mentor e executor e que se tornou um entulho após a execução do processo golpista. O que fazer? STF 11 a zero.

Assume a presidência da Câmara o deputado Maranhão querendo ser o contra-golpe do golpe. Num dia, ele mostra as manobras sujas do golpe; no dia seguinte, ela passa a esponja no que tinha dito no dia anterior. Dá prá entender uma barafunda dessa? Eu peço até ajuda a quem conhece esse presidente chamado Maranhão. Esse cidadão gosta de uma canjibrina? Não dá para entender o poder que tem um presidente da Câmara, tem mais poder do que o diabo no inferno. Se o sujeito for chegado a um goró ele faz miséria.

E Picciani? Votou contra o impedimento e na mesma semana estava reivindicando o Ministério dos Esportes no projeto Temer. Essa gente não tem nada a temer é tudo do time de Temer, que parece mais uma quermesse, tem leilão para todo gosto. Para eles tanto faz o consórcio petista ou o balcão de negociata de Temer. Tanto faz!


Presidenta Dilma não desceu a rampa, seu mandato popular e constitucional de quatro anos ainda não acabou, preferiu descer a ribanceira com 54 milhões de votos obtidos nas eleições. Os golpistas abocanharam o poder. É isso que está em jogo: o Poder Político. Agora, será empurrado goela abaixo do povo brasileiro um projeto que não passou pela discussão nem pelo voto popular. Assim acontecem os golpes.

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