Um movimento de rua com dois milhões de pessoas espremendo-se
na Avenida Paulista é forte o suficiente para colocar ribanceira abaixo
qualquer governo. Disso não se tem dúvida. A marca preponderante e norteadora
foi o ‘Fora Dilma’, ‘Fora Lula’, ‘Fora PT’. Não teve nada como indicativo de
‘Fica Temer’ ou ‘Fica PMDB’. Nada, nem um trapo de faixa.
Nestas circunstâncias, o PMDB, um partido chupa-sangue, que
gruda nas tetas do poder para ficar mamando em todo governo e a maioria do
Congresso Nacional de forma oportunista e sorrateiramente pongou no movimento
das ruas e começaram a articular a derrubada da presidenta Dilma. Era o golpe do
Eduardo Cunha.
Era a vontade de Cunha recheado da mais suculenta vingança.
Os ingredientes do golpe estavam postos: a maioria do Congresso e a vontade
soberana de Cunha. Teria Eduardo Cunha envergadura moral para conduzir um
processo dessa natureza? Eu creio que não. Este Cunha, com uma capivara
quilométrica, que vai de chantagista a propineiro de 52 milhões de reais,
tornou-se um pombo-sujo engravatado disponível para fazer o jogo sujo.
Cunha tinha dezenas de Pedidos de Impeachment, escolheu o de
Janá, justamente o que não tocava na Operação Lava Jato, focava em pedaladas e não
autorização da Câmara. Cunha estava atolado até o pescoço na Lava Jato, pela
solicitação de Janaína o Cunha poderia se salvar lá na frente e a maioria do
Congresso já estava de cabeça feita para torrar a presidenta por qualquer
pretexto, mesmo deixando fora as graves denúncias da Lava Jato que envolvem
meio mundo político.
Chegou a vez de Janaína, ‘a nêga de lá ele’, apresentou-se
fagueira e fogosa, não perdeu tempo: “todos os senadores devem levar em conta a
delação premiada”, isso não constava na sua peça inquisitorial. Mas a batata de
Janá estava assando, o senador Randolfe Rodrigues apresentou um catatau de
decretos que apresentavam despesas de bilhões de reais, sem autorização da
Câmara, mas não disse quem assinou-os.
Êta, que a sapeca Janá, cheia de saracoteio, não perdeu
tempo: “Isso é crime de responsabilidade, eis a prova.” O senador agradeceu e
disse que as assinaturas foram do vice Temer. Taí o que Janá não esperava e
ciscou prá lá e prá cá, arrancou uma pérola: “Assinatura do vice não vale.”
Como assim? Assinatura do vice não vale nada? Ah, Janá, tu deu na pinta! Tu tem
lado, tu é Temer. Depois, ficamos sabendo que Janá deu uma mordida no recheio
do sanduíche no valor de quarenta e cinco mil reais para fazer a peça para a
oposição que queria ganhar no golpe. Janá não tem o que temer, ela é Temer desde
pequenininha.
A maior bandeira do golpe sujo era Cunha. Eis o problema e a
vergonha escancarada do golpe institucional, que teve em Cunha o seu mentor e
executor e que se tornou um entulho após a execução do processo golpista. O que
fazer? STF 11 a zero.
Assume a presidência da Câmara o deputado Maranhão querendo
ser o contra-golpe do golpe. Num dia, ele mostra as manobras sujas do golpe; no
dia seguinte, ela passa a esponja no que tinha dito no dia anterior. Dá prá
entender uma barafunda dessa? Eu peço até ajuda a quem conhece esse presidente
chamado Maranhão. Esse cidadão gosta de uma canjibrina? Não dá para entender o
poder que tem um presidente da Câmara, tem mais poder do que o diabo no inferno.
Se o sujeito for chegado a um goró ele faz miséria.
E Picciani? Votou contra o impedimento e na mesma semana
estava reivindicando o Ministério dos Esportes no projeto Temer. Essa gente não tem nada a temer
é tudo do time de Temer, que parece mais uma quermesse, tem leilão para todo
gosto. Para eles tanto faz o consórcio petista ou o balcão de negociata de
Temer. Tanto faz!
Presidenta Dilma não desceu a rampa, seu mandato popular e
constitucional de quatro anos ainda não acabou, preferiu descer a ribanceira
com 54 milhões de votos obtidos nas eleições. Os golpistas abocanharam o poder.
É isso que está em jogo: o Poder Político. Agora, será empurrado goela abaixo
do povo brasileiro um projeto que não passou pela discussão nem pelo voto
popular. Assim acontecem os golpes.
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