sábado, 4 de junho de 2016

INSTITUTO DIÓ

Notícia de segunda mão, porque quem fez a comunicação foi o próprio Dió. Nesse momento, eu senti um entusiasmo no nosso amigo. Penso eu, não sei se estou certo, que Dió está vivenciando um momento existencial muito profundo e faz uma reflexão minuciosa de sua passagem pela terra, de forma que os problemas de saúde fazem parte do seu lamento, mas uma força rejuvenescedora explode de forma salutar quando Dió expõe que pretende implantar um INSTITUTO em Ipirá para palestras, debates e formação política e ideológica dos jovens.

Eu fico indagando: será que esse Dió foi buscar essa idéia no fato de Lula ter o Instituto Lula e Fernando Henrique ter o Instituto FHC? Eu acredito que não, penso, que Dió está mergulhando profundamente na sua própria vida e nesta raiz está visualizando aquele rapaz com uma pasta de mão, com duas mudas de camisa, vestindo uma calça Lee surrada e cingida, entrando 5:30 h da manhã no ônibus da empresa Feirense, com destino a Salvador, transportando a alegria de uma tarefa cumprida em tempos obscuros, mas que, o jovem militante do Partidão soube executar com exímia aptidão e aquela célula estava em pleno funcionamento.

Essa idéia de um INSTITUTO não nasce em quem enxerga pela frente apenas as últimas primaveras. O Velho Dió já passou por estradas e manteve as coisas nos trilhos; já enquadrou muita gente no pensamento estreito, servindo ao sistema oligárquico de Ipirá. Quando o vigor começa a desfalecer, ai bate o drama da consciência que nos joga para o tempo da juventude destemida, imbirrenta, rebelde, sonhadora que quer tocar fogo no céu em busca de liberdade, democracia e igualdade social. O INSTITUTO DIÓ só pode ser resultado desse encontro. Caso contrário será uma farsa.

O velho Dió de hoje, choroso e moribundo, buscando ser preenchido, indo buscar esperança de um rejuvenescimento na sensibilidade e imagem sonhadora daquele jovem idealista que buscava mudar o mundo, mas foi desprezado lá atrás. O velho Dió já chegou onde tinha que chegar, alcançou tudo que podia alcançar. Nesta fase da vida, deve ter consciência de que precisamos muito pouco para viver. Em nossa trajetória acumulamos muito entulho que não serve para nada. Não precisamos de centenas de camisas, sapatos, etc. e tal. Aquele jovem Dió ficou no meio do caminho. O INSTITUTO é uma célula e a célula o reencontro.

Aqule jovem idealista Dió foi indo, se distanciando da causa, foi sendo neutralizado, amordaçado gradativamente, desfigurado, encurralado e finalmente morto naquela perspectiva de uma vida intelectual apaixonada e interiorizada no hábito da luta libertária.

Na estimativa maniqueísta da província, o Dió que ficava, ia sendo domesticado por Ipirá, ia sendo enquadrado na moldura opressora de uma politicagem de oligarguias, foi se adaptando e se conformando. Agora, na fase final da vida, a liberdade daquele jovem Dió vem incomodar e ser o pote de esperança que o velho Dió necessita.

Oh, Dió! Não esquenta a cabeça não, gente fina! Tu tens muita culpa no lombo para se redimir porque foram muitas gerações de ipiraenses que não encontraram um caminho e foram travadas por tua ação oportunista nesta terra, mas o arrependimento nunca será infrutífero. O INSTITUTO poderá ser um primeiro passo.


Que o rejuvenescido Dió não venha com esse INSTITUTO para cabalar eleitores para macacos e jacus, porque esses elementos conseguem-se através do reino da necessidade e do jogo de interesses pessoais. A questão é outra, a questão é de liberdade de consciência e o jovem Dió entendia com perfeição dessa causa.