Um
ex-prefeito do grupo Jacu disse a um médico que trabalhava na prefeitura: “no
meu governo você não trabalha.” O médico deixou de trabalhar e recorreu à
Justiça e ganhou mais de 2 milhões de reais (atualizando, uns 5 milhões de
reais). O médico demitido faleceu num acidente e o dinheiro ficou para a viúva.
Esse dinheiro saiu dos cofres da Prefeitura de Ipirá.
Faça
uma reflexão: Qual foi a vantagem do município de Ipirá neste caso? Nenhuma. A
demissão estúpida criou uma questão trabalhista, que gerou um precatório, que a
prefeitura foi obrigada a pagar. Se o médico tivesse prestado seus serviços,
teria recebido seus vencimentos mensalmente e a comunidade teria sido
assistida; mas não, a vontade intempestiva do prefeito, descartou o médico, que
não trabalhou em benefício da comunidade, mas recebeu uma fortuna do erário
público. Uma mostra do descaso e da irresponsabilidade com o dinheiro público. Jamais,
em tempo algum, ele cometeria um ato dessa natureza em sua empresa particular.
Um
ex-prefeito do grupo Macaco criou um aumento salarial numa secretaria para que
uma pessoa fosse beneficiada, desde quando ela aproveitaria aquele salário para
atingir um teto elevado na aposentadoria. E assim aconteceu. A pessoa tinha
afinidade com o gestor. Isso é um descaso e muita irresponsabilidade com o dinheiro
público.
Um
ex-governador do Rio de Janeiro reclamou de um presente de empresário, que ele
chama de puxa-saco, um anel de oitocentos mil reais para sua esposa e, num
cinismo impressionante, ele critica a situação de sucateamento das viaturas do
Rio de Janeiro. O sujeito detonou o dinheiro público de um Estado e quer mudar
o foco da situação, parece que não está neste mundo, além de pensar que todo
mundo é besta.
Um
ex-presidente do Brasil reclamou que as prisões de ex-governadores do Rio de
Janeiro estão sendo um exagero. Esses elementos faliram um Estado, chuparam
todo dinheiro público e ainda tem quem ache que eles estão sendo injustiçados. É
querer tapar o Sol com a peneira.
Observaram
que não toquei em nomes. Eu fiz esse ‘cerca Lourenço’ para poder chegar ao
prefeito atual de Ipirá, o gestor Marcelo Brandão, pelo seu último ato, um
aumento salarial ‘carreira solo’ de 445% para o Chefe de Gabinete, com a complacência
da Câmara de Vereadores.
Será
que o prefeito, em conluio com a maioria na Câmara, tem prerrogativas constitucionais
para oferecer um aumento isolado e direto para um apadrinhado? Se não as tem, é caso de Justiça. Basta
verificarmos o seguinte: ”Todo aumento deve respeitar prescrições estabelecidas
na Lei Orgânica do Município; na Constituição do respectivo Estado; bem como na
Constituição Federal.” Tem que ser dentro da Lei.
Observe
bem esse enunciado: “A Justiça liberou aumento salarial de 26% para os
vereadores da Câmara Municipal de São Paulo, que estava travado desde janeiro
de 2017, devido a AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE proposta pela OAB-SP
(Ordem dos Advogados do Brasil).
Veja
como as palavras de um desembargador de São Paulo, nesta ação acima, caem como
uma luva na proposta do prefeito Marcelo Brandão: “Mostra-se incompatível com
os primados da moralidade, da proporcionalidade, da razoabilidade e da economicidade,
em especial ao considerar-se ter sido levada a efeito em momento a exigir
cautela absoluta no trato das receitas públicas.” São palavras de um
desembargador.
Foi o
maior índice de aumento estabelecido no Brasil. Nem o presidente da República
tem tanta autonomia para direcionar um aumento com o potencial desse índice.
Nem o Poder Judiciário conseguiu um percentual estratosférico de aumento nesse
patamar. Nem o Legislativo, que faz o seu próprio salário não tem coragem de
afrontar a população com um aumento desse porte. Os professores do Estado da
Bahia quando recebem aumento é de 4% dividido em três parcelas. E aumento saiu
de pauta, agora é curso pelo computador.
“Queda da inflação nos últimos meses obrigará governo a rever previsão
de aumento do piso salarial de 3,4% para 2,4%. Elevação deve ser de R$ 22, bem
abaixo dos R$ 42 previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2018.” Correio
Braziliense.
Mas,
o prefeito Marcelo Brandão está mostrando que é bom para dar aumento. O gestor
demitiu centenas de funcionários; está cortando a periculosidade e a
insalubridade dos funcionários públicos; o prefeito está criando uma nova
categoria de funcionário público, o funcionário que é dispensado, tem que
trabalhar de graça dois meses, para aventurar ser admitido novamente em
fevereiro; o gestor não sabe se vai pagar o décimo terceiro salário dos funcionários
no dia certo, pode até parcelar, tudo em nome da dureza do tempo. Vê se pode
uma coisa dessa?
Se
esse aumento fosse concedido para o Chefe de Gabinete do próximo mandato (a
partir de 2020) seria impessoal, pois não se sabe quem o será, mas para esse
mandato, torna-se um aumento dirigido e pessoal, sabe-se para quem vai. Mas o
prefeito é bom de aumento. O Chefe de Gabinete saltou de 1,9 para 9 mil reais.
A Secretária do Prefeito não vai ter aumento? Não merece? Ganha 2,0 e vai
continuar 2,0? E os outros cargos de confiança?
Os trabalhadores
da Educação do município têm que ficar com os olhos bem abertos, porque o
gestor público não aceita perder essa grana do Fundef e esse Fundo Municipal da
Educação pode ser uma tremenda arapuca; os funcionários municipais vão ter que
ficar bem atentos, porque o gestor tem a intenção de desmantelar o Plano de
Carreira conquistado com tanta luta.
A
administração municipal precisa de dinheiro, aí tem que escorchar a população
com esse Código Tributário empurrado goela abaixo da população. O IPTU vai
servir para cobrir que tipo de despesa? O rei precisa de recursos públicos para
realizar o que carrega na cabeça. A população não precisa participar de nada,
só serve para pagar a conta.
O esquema
Jacu/Macaco já deu o que tinha que dar. Colocaram uma viseira no povo de Ipirá;
jogaram-no num túnel escuro, em meio a um tiroteio de metralhadora, para que
tudo seja possível, tolerável, aceitável e engolido. Mas, eu vou ser sincero:
eu nunca observei uma coisa ser tão comentada, tão mal falada, como esse
aumento do prefeito Marcelo Brandão. Talvez seja a semente da indignação,
porque a população não é trouxa.
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