Quarta-feira (04/04), dia de jogo, um clássico imperdível nesta
pátria de chuteiras: Habeas Corpus X Anti-Lula. Pisando no tapete verde do
campo STF um time de onze craques de alto rendimento e de alta performance,
podemos até dizer: “Ministros de Excelência.”
Lá, pelas 20 h, o placar era um esmagador 5 x 1 contra Lula,
bastando 1 voto para sacramentar uma derrota acachapante, com goleada. Nesta
altura, a torcida contra o Lula estava ensandecida chupando e atirando cana-dura
para o ex-presidente e tendo, desde já, detonado um canavial com alegria e com
uma abundancia de coisas nocivas, desagradáveis e ultrajantes para injuriar.
A cada pronunciamento, Suas Excelências espezinhavam a
arbitragem: “casos que levam anos para serem julgados”; inacreditável, chegaram
a esculhambar: “um país da impunidade em que apenas os que não têm recursos
ficam presos, enquanto corruptos, estupradores e homicidas ficam soltos por
conta de recursos judiciais”. Mais podridão do que isto, só num esgoto.
O placar foi mudando, depois da meia-noite, estava estabelecido
em 5 x 5. Aqui o jogo ficou embaçado no meio de campo, difícil, ambíguo,
instável, com bola dividida e muitas bicudas nas canelas. Passível das mais diferentes interpretações,
por sinal, todas técnicas, bem elaboradas, bem estruturadas e convincentes.
Qual era a verdadeira? Qual era a justa? Se os craques da
legalidade se embaraçam, quem tem razão? Podia ser uma banda ou a outra. A
arbitragem poderia jogar a moeda para tirar a cara ou coroa e começar o jogo.
Entramos no crivo da monocracia. O juiz da partida é o dono da
decisão, embora legal e legítima, poderá tomar uma decisão equivocada. Por que
não? Vai valer, vai! Mas que poderá ser proponente de seu trocadilho, lá isso
não é novidade!
Dois lances chamaram à atenção, justamente por falta do árbitro
de vídeo, no caso o povo da geral do velho Maraca, que adentrava pelo xaréu da
velha Fonte Nova.
Primeiro, o impedimento da ex-presidente Dilma, uma deliberação
monocrática, pessoal e íntima do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Legal e
legítima, sem dúvida, mas de uma imoralidade que não tem tamanho, partindo de
quem partiu. Se a ex-presidenta tivesse sujeira até o pescoço e fosse amiga do
Eduardo ele botava o pedido na gaveta e lacrava.
A culpa no cartório da ex-presidenta foi a famosa e comum
pedalada fiscal que todo governador e prefeito usa e abusa, mas a Dilma não era
da corriola do Eduardo e a madeirada cantou.
O pedido foi colocado em pauta, para a maioria faminta de poder
tivesse condições de dá o golpe e deu. Eduardo Cunha um notório larápio e pombo-sujo
da República encontra-se no xadrez depois do seu último ato escabroso.
O segundo fica por conta da semi-deusa Cármen Lúcia na sua
legítima e legal arbitragem, quando foi dito: “Mesmo sendo réu confesso não é
preso neste país”. Isso aqui é um pandemônio.
Lula não é réu confesso. Ele jura de pés juntos que é inocente,
que não tem sítio nem apartamento em seu nome. Isso aqui é um pandemônio. A
segunda instância afirma que Lula é devedor e o “Triplex caiu”, tese bem
arquitetada afirmando que Lula é o dono do Apto.
A observância ao princípio da presunção de inocência bateu
canela com a insinuação da culpabilidade. Para efeito de prisão teria que haver
o esgotamento de todos os recursos, diziam uns. Enquanto isso, outros afirmavam
a possibilidade da execução da pena sem prejuízo da presunção da inocência. Uns
afirmam que não há petrificação da jurisprudência e tem que abrir o embrulho.
Um panavueiro.
O voto de minerva foi decisivo e, praticamente, colocou no
xadrez um grande líder popular da geral e xaréu deste país. Tiraram-lhe a
liberdade que é o direito mais importante previsto na Constituição Federal.
Assistindo o jogo de camarote estava Paulo Maluf, um gatuno
contumaz e reconhecido pela Justiça, que só veio sofrer uma leve reclusão
quando já coloca ‘um pé na cova’. Ficou poucos dias e já está sendo transferido
para uma mansão-penitenciária no Morumbi. Faz parte do embrulho.
A fieira de caranguejo não tem fim. Tem capivara recheada na
gordura e no tamanho, tipo Temer e Aécio, resta ver se os justiceiros
brasileiros tem independência e credibilidade para abrir o embrulho.
Aos componentes da geral e do xaréu resta seguir o caminho
apontado pelo dedo de Lula, porque o voto será uma das formas de se fazer
justiça dentro da embrulhada em que nos encontramos.
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