Domingo (14/07/19) foi
exibido no programa Globo Rural ‘Nacional’ da Rede Globo e é matéria da revista
Globo Rural de julho 2019, a reportagem sobre o Projeto Adapta Sertão, quando
foram apresentadas experiências com produtores rurais nos municípios de Ipirá,
Baixa Grande e Pintadas.
Ipirá é um município
do semiárido baiano, região carimbada por uma estiagem anual, previsível,
intermitente, com duração variável, o que provoca uma seca severa e áspera.
Essa é a natureza do local.
O grande problema: a
estiagem e a seca. A solução: a convivência.
Na década de 1970,
quando a Bacia Leiteira foi estabelecida, tinha localidades, aqui na região,
que o capim chegava à 2m da altura.
Nos dias atuais a
realidade está completamente diferente. Com a destruição da catinga para a
feitura das pastagens a terra foi ficando nua; com o pisoteio dos animais a
terra foi ficando apilada e dura; com o aquecimento global, as chuvas ficaram
mais escassas e a terra vai perdendo a fertilidade com a incidência direta dos
raios solares. A seca vai ficando mais constante e cruenta. A Bacia Leiteira
entrou em decadência e caiu acentuadamente.
Ipirá tem mais de
6.800 propriedades rurais. Com a seca estas propriedades mostram-se deficientes
e deficitárias, não paga a conta, não cobre os custos, vomita o que ganhou em
alguns anos numa seca. Não tem outra solução, que não seja a convivência com
essa realidade difícil e absolutamente previsível.
Convivência com a seca
ou o prolongamento para a desertificação? Ipirá está nessa encruzilhada. A
importância da reportagem e do Projeto Adapta Sertão é indicar o verdadeiro
caminho: o uso racional da tecnologia apropriada para a convivência com o semiárido.
O desenvolvimento de
Ipirá depende da autossustentabilidade. A produção é imprescindível. Eis o
problema: produzir o quê?
Ipirá tem uma fábrica
de calçados (vivendo um momento delicado); várias manufatureiras de carteiras e
bolsas. Sem perspectivas nenhuma da vinda de outras fábricas.
A produção rural
estrangulada, precária e insuficiente. Completando a economia, apresenta-se o comércio
que depende de um lastro de sustentação mais eficaz e eficiente. Sem o alicerce
de uma produção forte, resta uma base de sustentação fundada em salários do
funcionalismo público estadual e federal e dos aposentados. Com a recessão que
vive o país, o comércio de Ipirá é atingido e com o enxugamento das aposentadorias
sofrerá as conseqüências.
A produção é de leite,
cordeiro, frutas e hortaliças. Quem garante a comercialização? O associativismo
e o cooperativismo.
A bacia leiteira de
Ipirá não morreu, mas não é o que já foi nos tempos áureos da Nestlé. Possui
alguns produtores que atuam individualmente, mas ainda não encontraram um
caminho para agregar valor ao produto. O governo federal encaminhou um
laticínio para o município de Ipirá, no primeiro mandato de Diomário e até hoje
não funcionou. Faz 14 anos. Minha sugestão: faça a transferência desse
laticínio para Pintadas.
Na produção de
cordeiro e frutas, o município de Pintadas está à frente, possui uma fábrica de
polpas e um abatedouro de ovinos e caprinos. Na produção de hortaliças está em
expansão, em plena seca.
Daqui a dez anos quem
viver verá: Pintadas não terá, individualmente, cinco, dez pessoas ricas como
Ipirá, mas terá, proporcionalmente, menos pobreza e miséria do que Ipirá. A
lição a ser seguida, está sendo bem entendida por Pintadas, desenvolvimento
pela base e com sustentabilidade.
Ipirá tem um matadouro
que completará, em breve, 30 anos sem abater um bengo ou uma preá. A pecuária
de Ipirá depende desse matadouro e de uma feira de animais potente, caso
contrário, perderemos o bonde da História, se não já perdemos.
A Exposição de Ipirá
tem sua importância, valor e significado. Foi bem organizada. Na cabeça do
prefeito Marcelo Brandão tem uma grandeza imensurável; o programa Globo Rural
não deu importância. Para o GR a convivência com a seca no semi árido é uma
questão essencial e de prioridade máxima; para o prefeito pode ser uma coisa insignificante.
Agradecemos ao
controle político deste município, por mais de meio século, pelos grupos da
politicagem barata do jacu e do macaco, dominados e controlados por médicos e
advogados, que se utilizam de vereadores controladores de currais eleitorais,
para manter o município neste estágio e nessa situação. Não querem saber de
lições.
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PRAÇA DA BANDEIRA E OUTRAS BANDEIRAS’. Obrigado e boa leitura.
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