Tudo pode ser
explicado sobre a conquista da América. Foi um jogo ensebado, amarrado, empacotado
e embrulhado. Mesmo apinhado de gente, lotado e apilado, o Monumental de Lima,
que fica no alto de um morro, num deserto, pela aridez do local, tornou-se um
ambiente favorável para a provação de Jesus (Jorge).
Uma voz agourenta,
maligna e satânica sobrevoava o espaço e buzinou no pé de ouvido de Jesus
(Jorge): “Jorge! Tu és um fidalgo português de elevada estirpe, mostra o teu
quilate, veste aquele teu colete e conquistarás os altos píncaros e mais ainda,
sublimes e altivos prazeres”
Aos quatorze minutos,
num vacilo, com lapso de entendimento e falha de comunicação dentro da área, o
aproveitamento de Borré foi suficientemente aproveitado. A partir daquele
instante e imprevisibilidade, pois não estava escrito nos planos de Jesus
(Jorge), o time comandado por ele, deu caruara, suadeira e rabichola. Não
chutou uma bola no primeiro tempo.
Jesus (Jorge) chamou
o seu auxiliar João de Deus e disse: “Deus (João) anote todas as falhas e
comportamentos indevidos da nossa equipe, para modificá-los no intervalo, senão
não conseguiremos alcançar o nosso intento.”
Deus (João) observou
Jesus (Jorge) naquela aflição e fez uma observação significativa: “Tenha fé!”
Terminado o primeiro tempo, com um placar adverso, a voz maligna voltou a
atacar Jesus (Jorge): “Tira GG (Gabigol) e BH, que não fizeram nada e bota
Marcelo Brandão enfiado e Dudy no apoio que a gente vira esse jogo”
Jesus (Jorge) não deu
ouvidos; tirou o colete e jogou-o no canto, vestiu o velho e surrado paletó.
Isso explica muita coisa. O Bahia vinha em alta voltagem, depois que um time da
Série B jogou na Fonte Nova, o futebol do Bahia derreteu e virou jogo de bola
da série D. O banho das folhas da grama da Fonte tem que ter uma irrigação com mais
sal grosso do que água. Jesus (Jorge) voltou para o segundo tempo com o paletó.
Jesus (Jorge)
orientou: “BH passa sebo nas canelas!” BH avançou, presenteou Arrasca, que
furou; Gabi chutou, ia entrando, acertou em La Cruz; na sequência, Everton
atrasou para o goleiro deles. A voz sinistra gargalhou: “O corpo está fechado,
hoje não tem descarrego.” Foi o melhor momento para o empate.
A voz maligna voadora
atormentava a concentração de Jesus (Jorge): “Tira Gabi e BH, bota Marcelo
Brandão enfiado e Dudy no apoio, que tudo vai dá certo” O jogo estava trancado.
Jesus (Jorge) comentou: “Esses dois não deram certo em Ipirá, imagine na nossa
equipe. Xô Satanás, desaparece daqui coisa ruim!”
Com trinta minutos, a
voz maligna escorraçada fugiu para o banco adversário: “Gallardo você é o maior
técnico da América, o jogo está ganho. É nós, é só sossego. Bota Pratto no jogo
e vamos correr para abraçar a taça. Só dá nós, los arrentinos somos campeones!”
Pratto entra em campo.
Quarenta e quatro
minutos; faltam 1 + 4 minutos (acréscimos) para o fim do jogo. A Maquininha de
Aposta pagava 10 para 1 no River Plate. Quem apostasse um real na vitória do
Flamengo ganharia dez reais, quem jogasse mil reais, ganharia dez mil reais.
Não apareceu um flamenguista, a fé estava sendo esvaziada de forma acelerada. A
maquininha não foi quebrada.
Jesus (Jorge) chamou
Deus (João) e falou: “Prepare Lincoln, ele vai entrar agora, é tudo ou nada, só
um milagre nos salvará!” Deus (João) olhou e observou: “Está certo! Tenha fé!”
Em campo, os jogadores do Flamengo observaram uma bola num Pratto, e pensaram:
“Essa bola é um presente prá nós.”
Faltava 1 minuto.
Diego encostou, Arrasca fechou e tomaram a bola do Pratto; Arrasca passa para
BH, que passou para Arrasca deixar Gabi na cara do É GOL. Jesus (Jorge) pulou e
gritou “Lincolm não!” Com 1 minuto do tempo complementar, Diego pegou a bola
prá cá do meio do campo, lançou, chutou, deu uma bicuda, deu uma ‘bola pru mato
que o jogo é de campeonato’ que caiu na cabeça do argentino Pinola, que tabelou
com Gabi e É GOL!
Faltavam 2 minutos
para a conquista da América. Jesus (Jorge) chamou Deus (João) e falou: “Bote o
Piris (da Mota) para colar no Pratto, que o jogo é nosso!” O juiz apitou. Foi um
teste para o coração. Um jogo épico! A perplexidade era a tônica dos argentinos,
que não acreditavam. Não tem um argentino que entenda o que está escrito.
Na hora das
entrevistas, o repórter fez aquela pergunta manjada: “O que se passou na sua
cabeça naquele final da partida? Dá para explicar?"
Marcelo Brandão, o entrevistado,
olhou para o reporte e disse: “Cara! Eu não tenho palavras, foi muito difícil,
foi uma batalha de titãs, eu fiquei quatro anos nesta administração e fiz
muito, espero ficar mais quatro anos para fazer o dobro de gol (obras) que eu
fiz no primeiro mandato. Anote aí, Se eu for eleito, vou comemorar minha
vitória com uma apresentação do Flamengo, aqui em Ipirá! Agora é só comemorar
essa ótima gestão de três anos’.
No prosseguimento da
entrevista, o reporte fez a tal da pergunta manjadíssima: “O que se passa na
sua cabeça nesse momento de grande conquista?”
O entrevistado Dudy
não perdeu tempo e foi dizendo: “A emoção é muito grande, foi um jogo
emocionante; das outras vezes eu era reserva e nunca fui escalado, mas dessa
vez, eu sou titular e não vou desistir do meu sonho e nessa grande emoção eu
prometo, escreva aí, se eu for eleito em 2020, no campeonato municipal de 2021
o Flamengo participará do nosso grande campeonato local.”
Na
festa do Rio de Janeiro, a polícia carioca comemorou com bombas de gás lacrimogêneo.
Em Ipirá a festa foi tranqüila. Campeão do Brasileiro e da América em 2019,
faltando o mundial para completar a festa; o Flamengo conquistando todos os
títulos e em Ipirá, Jacu & Macaco querendo surrupiar o título de eleitor da
torcida do Flamengo. Entenda uma bagaceira dessa!
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