domingo, 5 de abril de 2020

CORONAVÍRUS É BOCA DE ZERO NOVE


“Ao menos 820 funcionários de hospitais da cidade de São Paulo foram afastados do trabalho porque estão contaminados com o novo coronavírus.”

No Brasil, o pior da pandemia, o seu ponto extremo na curva de infecção vai acontecer agora em abril, a partir desse domingo (5/4). É justamente o momento decisivo para sua contenção ou senão, ele avança mais ainda. É uma espécie de tudo ou nada, ou barra ou a dificuldade vai se prolongar por meses. É um momento de calma e de tirar o povo da rua.

É justamente nesse momento decisivo, que aparece a proposta de abrir completamente o comércio de Ipirá, num liberar geral. É muita inconseqüência e impulsividade. É não entender que, nesse momento, agora, o comércio, aqui e acolá, mudou e muito.

O comércio nesse instante, neste exato momento, vive uma situação fora do comum, de clima de guerra, em que a humanidade enfrenta um inimigo avassalador, assim sendo, é preciso que se tenha muita serenidade e não se passe uma mensagem equivocada, de forma apressada, como se fosse uma única solução.

Neste exato momento, o comércio mudou, sendo que, a preocupação da grande maioria das pessoas é comprar remédio, alimento e não supérfluo. Alimento e não roupa e sapato. Porque é um momento atípico.

Abrir o comércio, na afirmativa de garantir o emprego é muito singular, porque mesmo abrindo o comércio hoje, como é proposto, o comércio vai demitir, porque a crise econômica é uma realidade inevitável e vai continuar por tempo afora.

É uma crise do sistema capitalista, antecipada e provocada pelo surgimento de um vírus, que afeta a estrutura econômica produtiva do mundo. O turismo foi completamente abalado; o setor de aviação paralisou; a rede hoteleira parou. É assim que a roda vai girando, sob o espectro da morte de milhares ou milhões de pessoas.

Ninguém pode dizer que não vai acontecer ou vai acontecer em Ipirá. Ninguém tem bola de cristal. Esse é o grande problema. Caso fosse possível ser diferente seria fácil tomar as devidas e corretas providências.

Ninguém pode negar que o prefeito Marcelo Brandão teve atitude, não ficou com os braços cruzados e baixou os decretos dentro da necessidade do momento. O comércio de Ipirá colaborou imensamente, até acima do seu fôlego. É inegável.

Agora, as ruas de Ipirá estão formigando de gente, esse é o grande problema. Essa aglomeração é um perigo, significa o pavio curto de uma bomba para a contaminação e para a morte.

Acabar com a aglomeração tem sido um problema no mundo. A Rússia, em algumas cidades, colocou leões na rua. No Peru, os homens podem sair segunda, quarta e sexta; as mulheres na terça, quinta e sábado. Na Índia, a polícia tá baixando o cacete em quem fica na rua. O presidente das Filipinas mandou atirar para matar quem descumprir regras de isolamento social. Nos morros do Rio de Janeiro, os traficantes deram ordens para a população ficar dentro de casa.

Em Ipirá, não tem um gestor, macaco ou jacu, que consiga conter o povo dentro de casa. É uma questão de sobrevivência. Não sendo, desta forma, motivo para servir de argumento de que o prefeito Marcelo Brandão é justo com os ambulantes e injusto com os lojistas que têm suas lojas fechadas.

O grande equívoco da população de Ipirá é deixar o prefeito Marcelo Brandão pensar e agir sozinho como se fosse o dono dessa fazenda. É justamente nesse momento, que ele entra em euforia e se coloca como o bam bam bam, o ‘salvador da pátria,’ como ‘sua excelência, a autoridade,’ que resolve tudo e soluciona todos os problemas.

O Prefeito MB fez dois hospitais de campanha em Ipirá (dizendo ele) e tem condições de enfrentar a doença. A morte é mais evidente do que a solução apresentada pelo prefeito MB. Que não aconteça nada.

O prefeito MB tem uma tarefa clara nesse momento: é reduzir, diminuir as aglomerações nas ruas de Ipirá. Tem que usar a criatividade para buscar a solução. Abrir o comércio geral é fomentar e conformar-se com as aglomerações.

Forçar o prefeito Marcelo Brandão a decretar a abertura geral e irrestrita do comércio nesse instante tem o mesmo sentido de baixar um decreto legalizando as aglomerações, como se o perigo não existisse.

Fazer a defesa da abertura do comércio nesse devido momento, significa desmerecer as devidas precauções que devem existir para proteger a população. O poder municipal tem o dever de proteger o seu povo.

Se a pressão é pela abertura do comércio, que exige movimento de gente livremente na rua, quanto mais aglomeração melhor, então, estará tirando do prefeito MB a principal obrigação dele nesse momento e isentando-o da responsabilidade de seus atos, que é fazer o possível para evitar aglomeração nas ruas de Ipirá.

Não tendo mais o prefeito Marcelo Brandão a obrigação de evitar aglomerações nas ruas de Ipirá e o comércio escancarado querendo movimento de gente nas ruas, significa passar um salvo-conduto para o prefeito MB, que não terá nenhuma obrigação para conduzir o processo de resguardo da população e o prefeito poderá lavar as mãos. ‘Vocês querem assim, é com vocês,’ poderá dizer o prefeito.

Quem será o responsável? Até o exato momento é o prefeito MB. Pressionado a escancarar todo o comércio; quem o pressiona exime o prefeito MB de qualquer responsabilidade pelo que venha acontecer, pelo bem ou pelo mal. Quem vai assumir toda e qualquer responsabilidade pelo que possa acontecer?

Ipirá está livre? Não. Pode acontecer algum caso em Ipirá? Pode e não pode, ninguém tem convicção do que estar por acontecer. Uma coisa é certa. Um mundo todo está debaixo de uma tempestade. Não é hora de relaxar. Feira de Santana tem 19 casos e aconteceu uma morte em Utinga.

No Brasil são 9.391 casos infectados com 377 mortos. O problema da pandemia é muito sério. O Brasil já está necessitando de médicos, insumos e equipamentos na rede pública de saúde para o combate da pandemia. Qualquer aperto poderá levar o sistema a entra em colapso. Não existe UTI em número extensivo. Estamos no fio da navalha.

Na linha de frente estão médicos e o pessoal da enfermagem colocando suas vidas em risco, num ato de reconhecimento pela coragem, dedicação e sacrifício de todos que estão atendendo os pacientes. Isso já é o suficiente para as pessoas manterem a serenidade e a tranqüilidade. Essa tempestade vai passar, por mais que esteja no seu grau mais elevado.

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