quinta-feira, 26 de junho de 2014

TEM IPIRAENSE BEM NA FITA!

 

Ipirá tem coisa interessante: quando uma pessoa das oligarquias que dominam o município realiza algo, por menor relevância que tenha, ganha uma notoriedade estratosférica acima do imaginável. Existem grupos de pessoas que transmitem, no todo ou em parte, a mesma ladainha para que a projeção ganhe fama e importância social além do merecimento. A importância fica recauchutada mesmo num engenho ordinário.

Quando se trata de uma personalidade do povo a conotação devida fica esvaziada. Entra em ação uma espécie de esponja para apagar o feito, esvaziando o acontecido e provocando uma larga e peremptória amnésia. O que vem das camadas populares não tem o merecido realce. Assim acontece.

Não rezo nessa cartilha. No meu entender o que brota do povo tem mais significado do que aquilo que vem dos subterfúgios das elites. Vamos deixar de mexeriquice e vamos aos finalmentes. Um homem simples de Ipirá participou das filmagens sobre a vida de irmã Dulce. Seria o máximo se fosse um figuraça de colarinho branco.

Foi um feito gigantesco. Trata-se de Dudu dos Oito Baixos, seu Aloísio do João Velho, que faz um papel de um velho que tocava acordeom, que era um pária na sociedade capitalista, maltrapilho, mendigo, barbudo e desprezado, que encontrou no apoio da freira a esperança.

Dudu dos Oito Baixos trabalhou com artistas da Rede Globo e muitos atores baianos. Em Salvador, o filme poderá ter sua consagração, desde quando, o povo baiano devota um amor e uma simpatia muito grande à saudosa irmã Dulce. Por outro lado, existem os bons olhares da mídia e das instituições como a Igreja católica e o Estado baiano.

Imagino: da Bahia para o giro pelo mundo e lá vai a figura de Dudu dos Oito Baixos, com sua sanfona, tocando e cativando olhares; despertando sentimentos e promovendo emoção; encaminhando a sensibilidade das pessoas para a aptidão de sentir integralmente, para se comover e se impressionar com o lado humano da vida, mesmo não sendo o artista principal do filme.

Seu Aloísio do João Velho, um homem das camadas populares de Ipirá, dá um salto gigantesco e encontra a lembrança perene na arte humana. Vai mexer com corações humanos por este mundo afora. São coisas da vida. Do João Velho para o mundo sem sair de Ipirá. A arte humana anda a saltos.

Aloísio do João Velho, também conhecido por Dudu dos Oito Baixos; codinome: 'o homem que participou do filme de irmã Dulce'. Não sei se Ipirá reconhecerá! Eu reconheço. Obrigado.

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